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iPhone 5s: o “s” era de… bom, você me diz!

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Um “s” de… surpreendente? Um “s” de… só isso? Bom, a verdade é que com poucas surpresas reveladas (já que tudo vazou antes na internet, com semanas de antecedência), a Apple apresentou o seu evento na última terça-feira (10). Tal como em todo evento da Apple, não faltaram superlativos e cutucadas à concorrência, mas não deixou de ser uma apresentação convencional para os padrões da empresa em questão, com alguns detalhes que não foram revelados previamente pelos blogs e sites de tecnologia.

Mas algumas coisas nos mostram que algo está mudando na Apple. Seria a pressão da concorrência? A pressão dos usuários? Ou o estilo Tim Cook de dirigir a empresa?

A apresentação em si foi a mesma dos tempos da era Steve Jobs. Cook nos poupou de encher a apresentação de números, algo que só deve ser feito no relatório trimestral da empresa (graças ao bom Deus), e mesmo sendo o mestre de cerimônias do evento, quem mais apareceu ao longo da pouco mais de uma hora de apresentação foi Phil Schiller, o principal responsável pelo novo iOS 7 e, em partes, pelas melhorias do iPhone 5s.

Porém, o CEO da Apple deixa claro que a nova estrutura organizacional da Apple está apoiada em duas bases que marcam essa nova era. Bases estas que estão representadas em dois nomes: Jony Ive e Craig Federighi.

Pela primeira vez na história, vemos o lançamento de dois iPhones em um mesmo evento. Ainda que todos esperassem por essa manobra, ainda há muito o que refletir sobre esse movimento. O primeiro (e eu já falei sobre isso aqui no blog) é que a Apple nunca considerou entrar no mercado de baixo custo (apesar de Cook afirmar no keynote que o iPhone 5c estaria no lugar de uma redução de preços de uma versão anterior do iPhone), como foi especulado ao longo dos últimos meses.

Na verdade, é o contrário: a Apple está na sua estratégia de oferecer um produto com uma concepção reformulada, com um custo de produção menor que a do iPhone 5, mas com o mesmo preço do modelo descontinuado. Os rivais da empresa de Cupertino se centram em aumentar a cota de mercado a todo custo. Já a Apple está obcecada em crescer no share em pequenos passos, mas com uma margem de permanência elevada. Ou seja, menos clientes, mas com uma margem de lucro por unidade vendida maior.

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Ou seja, o iPhone 5c foi apresentado como um smartphone juvenil e divertido, em uma curiosa manobra de marketing, que é um terreno que a Apple domina com muita autoridade. Afinal de contas, estamos falando de um iPhoen 5 com carcaça de plástico, ou seja, menor custo de produção e com maior margem de lucro. Mas cumpre a perfeição a máxima do marketing, que é “se parece novo, é novo”, e deve arrecadar uma grande margem de clientes que vão gostar dessa versão.

Por ser mais barato de fabricar, a Apple pode controlar melhor as vendas e, por tabela, os lucros. O lançamento do iPhoen 5c serviu também para reorganizar a linha de produtos, com o 5c sendo o modelo de linha média, e o 5s se posicionando como o topo de linha. E, com isso, estamos diante da segunda grande novidade da apresentação da última terça-feira. a Apple perdeu parte da essência da era Jobs.

Com Steve Jobs, a Apple era envolvida em uma aura mágica, com produtos “mágicos e revolucionários”, considerados perfeitos por Jobs e, por tabela, pela massa fanboy da Apple. Agora, com Tim Cook na liderança, a magia acabou. Começa a era dos “pés no chão”, onde o próprio Cook tenta lembrar que a Apple é, antes de tudo, uma empresa que deve satisfações (e principalmente, dinheiro) aos seus acionistas, e está nesse mundo para fazer dinheiro. E quanto mais, melhor.

Logo, Cook entende que a marca deve permanecer centrada em obter uma elevada margem de lucro, mesmo com uma cota de mercado reduzida.

É óbvio que eles poderiam ter optado em lançar um iPhone de baixo custo, com preços entre US$ 149 e US$ 199 sem contratos. Isso causaria uma verdadeira revolução no mercado mobile. Mas, para eles, estrategicamente, é mais interessante ser lucrativa em um mercado de nicho, entre os produtos top de linha. Para alguns, foi uma grande decepção, uma vez que a empresa mais uma vez ignora o mercado de baixo custo (e bem sabemos que tem muita gente que gostaria de comprar um iPhone dentro desse segmento de compra). O resultado disso: com a perspectiva de um iPhone low cost, as ações da Apple inflaram dias antes do keynote. No momento do anúncio do preço do iPhone 5c, elas despencaram 8 pontos na Nasdaq.

Por fim, o iPhone 5s. Igual ao iPhone 5? Esteticamente, sim, e isso já era esperado, pois é a estratégia que a Apple repetiu nas últimas duas gerações do smartphone. As grandes mudanças aconteceram em suas estranhas, com um novo processador A7, que é o primeiro com arquitetura de 64 bits, e uma interessante relação com os sensores de movimento do smartphone, onde ainda precisamos conhecer com mais detalhes o que ele pode fazer pelos usuários. Sem falar em uma câmera melhorada, e o sensor biométrico, que é a grande novidade do iPhone 5s, que promete colocar um fim nas senhas digitadas no dispositivo.

Ou seja… o “s”… do que é mesmo? Me diz você. Para mim, é de “smart” (esperto). Não podemos ignorar que alguma dose de esperteza a Apple demonstrou com os novos lançamentos. Mesmo acreditando que existem erros localizados na estratégia da empresa. Mas isso é outra história.


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@oEduardoMoreira