
Fui um feliz usuário de disquetes durante a minha primeira fase como usuário de computador. E pensar que hoje eu pouco uso o pendrive e o cartão de memória é outro elemento que está caindo em desuso, olhar para trás e me sentir um jurássico informático quando falo de disquetes é algo absolutamente normal.
Os disquetes de 3,5 polegadas marcaram uma era na computação pessoal, e sua capacidade de 1,44 MB tornou-se um número icônico gravado na memória de gerações. Mas por trás dessa especificação aparentemente técnica, existe uma história que mistura inovação tecnológica, estratégia de marketing e uma dose de criatividade matemática que poucos conhecem.
Fomos enganados durante anos com essa história de 1.44 MB nos disquetes, e o tempo nos mostra como tudo isso foi um mito. A partir de agora, veja os cinco fatos que provam que essa “informação técnica” foi muito mais uma jogada de marketing do que qualquer outra coisa.
A origem do disquete de 3.5 polegadas
A Sony revolucionou o armazenamento portátil em 1981 ao criar o disquete de 3,5 polegadas, um item que, durante muitos anos, foi considerado indispensável para usuários e profissionais informáticos.
A inovação superou as limitações dos vulneráveis disquetes de 5,25 polegadas através de um invólucro de plástico rígido e uma aba metálica protetora.
O formato ganhou força definitiva quando a IBM o adotou em 1987 para seus computadores PS/2, introduzindo a variante High Density com a famosa capacidade de 1,44 MB que se tornaria padrão universal.
A matemática real por trás da capacidade
A capacidade real de armazenamento dos disquetes resulta de uma multiplicação simples de componentes físicos: 80 faixas por lado, 2 lados, 18 setores por faixa e 512 bytes por setor.
Esse cálculo (80 x 2 x 18 x 512) resulta em exatos 1.474.560 bytes. Convertendo para o sistema binário tradicionalmente usado na computação, onde 1 MB equivale a 1.024 KB, a capacidade real seria de 1,40625 Mebibytes, não os anunciados 1,44 MB.
Ou seja, desde aquela época o usuário de computador era roubado no espaço de armazenamento, em um sistema que não é muito diferente do que acontece hoje com as unidades de armazenamento comercializadas.
Os fabricantes sempre vão arredondar os números PARA CIMA, pois revelar o valor real pode causar frustrações e fuga de clientes.
Uma estratégia de marketing que funcionou
Os fabricantes criaram uma fórmula híbrida para chegar ao número comercialmente atrativo de 1,44 MB. Preste atenção nessa regra matemática, pois ela perdura até hoje nos sistemas de armazenamento mais modernos.
Os fabricantes dividiram os 1.474.560 bytes por 1.024, obtendo 1.440 Kibibytes, mas depois dividiram por 1.000 em vez de 1.024 novamente.
A mistura deliberada de sistemas binário e decimal era tecnicamente incorreta, porém comercialmente genial, resultando em um número fácil de memorizar e que se tornou padrão inquestionável na indústria informática.
O impacto na distribuição de software
A limitação de 1,44 MB moldou fundamentalmente a experiência computacional da época, já que a regra determinava os limites de cada software, aplicativo ou sistema operacional da época.
Os softwares eram distribuídos em múltiplos disquetes que exigiam inserção sequencial para a continuidade do processo de execução.
O caso mais emblemático foi o Windows 95, distribuído em 13 disquetes usando o formato especial de armazenamento em modo DMF, que permitia 1,68 MB por disco.
Jogos clássicos como The Secret of Monkey Island e Doom também exigiam constante troca de disquetes durante o jogo, determinando “pausas” na experiência gaming que podem ser até associadas ou comparadas às telas de “loading” das mídias atuais.
O legado cultural persistente
Embora fisicamente obsoletos desde o final dos anos 90, os disquetes deixaram uma marca indelével na cultura digital.
O ícone de salvamento na maioria dos softwares ainda representa um disquete de 3,5 polegadas, padronizado no início dos anos 90 pelo Microsoft Office.
É um símbolo que persiste por pura convenção, sendo reconhecido por gerações que nunca viram um disquete real, constituindo um verdadeiro fóssil digital que comprova o impacto cultural duradouro deste pequeno objeto de plástico.
O que não deixa de ser algo incrível.
Muitos usuários de equipamentos informáticos (e nem precisa ser um computador neste caso) sabe o que é um disquete, mesmo sem chegar perto de um ao longo de toda a sua vida.
Isso, para mim, define o que é um legado. Porque o disquete é uma lenda histórica da computação.
Um elemento que jamais será esquecido.

