A Apple claramente adota a estratégia da cautela na implementação da Inteligência Artificial (IA) generativa em seus sistemas operacionais. A prova mais clara disso é que a empresa levou anos para mencionar esse termo de forma clara para o grande público.
O contraste com toda a concorrência é mais do que evidente, e se alinha com a filosofia da empresa de priorizar produtos bem desenvolvidos e polidos em vez de lançamentos apressados que podem gerar polêmicas.
Não podemos culpá-la por isso. É de consenso que a IA ainda está em processo d desenvolvimento e amadurecimento.
Mas… será que é para tanto?
A Apple decidiu esperar
A Apple está sendo cautelosa em nome do posicionamento de mercado. Quer evitar os erros comuns que a concorrência tomou, e não quer prejudicar sua imagem consolidada.
Seus consumidores entendem que seus produtos são sinônimos de qualidade e excelência na experiência de uso. E a empresa construiu sua vantagem a longo prazo no mercado com essas bases.
O problema é que essa decisão pode deixar a empresa para trás em uma corrida que está em curso.
Google e Microsoft decidiram implementar logo suas soluções de IA porque entenderam que contam com um adversário comum que está lá na frente nesse segmento: a OpenAI.
Já a Apple trabalha com testes limitados, que só agora estão chegando aos usuários dos seus dispositivos. E, mesmo assim, tem a parceria com a líder OpenAI para ter o ChatGPT no iPhone, iPad e Mac antes dos dispositivos Windows.
Não sei se essa é a vantagem consolidada que a Apple precisa construir nesse momento. Ela pode perder a relevância em um segmento que está se tornando o protagonista do mundo da tecnologia.
O Apple Intelligence ainda é um “beta”
Neste momento (ou quando este artigo foi produzido), o Apple Intelligence está disponível apenas nas versões beta do iOS 18.1, e com acesso restrito aos usuários dos Estados Unidos.
A limitação temporária pode ser encarada como uma estratégia para garantir que o recurso seja refinado e melhorado antes do seu lançamento global.
O que levanta algumas dúvidas sobre o quanto que a Apple realmente refinou a sua AI, já que tal decisão também pode ser interpretada como um “nada como os testes no mundo real para definir se uma tecnologia realmente funciona”.
Testes esses que a OpenAI, a Microsoft e o Google não tiveram medo de fazer em escala global, conquistando muitos usuários dentro do segmento.
E o Apple Intelligence que os norte-americanos estão utilizando ainda parece um software beta, já que só entrega as funções mais básicas, como respostas inteligentes te resumos de textos.
Os recursos mais avançados não estão disponíveis, pois a Apple entende que ainda precisa melhorar tudo o que prometeu que sua AI faria.
A Apple planeja expandir essas funcionalidades do Apple Intelligence ao longo do tempo, com algumas atualizações previstas para 2025.
Até lá, vai testando tudo. Com calma.
Os riscos em ser muito cauteloso
Ser prudente é importante e até correto, mas ser cauteloso demais tem os seus riscos.
A Apple pode perder a liderança em inovações de IA, e demorar a entrar em mercados estabelecidos normalmente resulta em ser coadjuvante.
Um exemplo disso é o Apple Music, que chegou anos depois do Spotify e sofre para ser visível junto aos usuários.
Por outro lado, a mesma Apple não inventou o smartphone e o tablet, e conquistou generosas fatias dos dois bolos de seus respectivos mercados.
Em algum momento, a Apple vai ter que acelerar o desenvolvimento e a disponibilidade do Apple Intelligence para ser competitiva.
A corrida da IA é lenta, mas começou. A Apple terá que caminhar mais rápido e, no futuro, correr para alcançar quem pavimentou esse caminho.
Ou vai ver todo mundo se distanciando lá na linha do horizonte.