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A culpa não é do home office. A culpa é dos chefes pouco empáticos

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Chegou a hora do trabalhador mostrar o seu valor. E… não, eu não estou defendendo nenhum candidato à presidência de nenhum partido. Estou falando dos profissionais que estão de saco cheio de patrões com comportamentos abusivos e personalidades problemáticas.

Uma tendência em todo o mundo que foi detectada recentemente é a diminuição do compromisso laboral de funcionários com os seus patrões, independente do tipo de modalidade de trabalho (presencial, remoto ou híbrido). E, diferente do que os chefes alegam, isso não está acontecendo por causa do home office.

Pelo menos 1/3 dos profissionais estão menos comprometidos com as suas empresas e, mesmo assim, seguem se esforçando para entregar o melhor desempenho possível.

Porém, a culpa é dos próprios chefes. E isso precisa mudar. E rápido.

 

Decepção diante de uma recessão

A maioria dos profissionais alegam que ter um líder compreensivo e empático é ainda mais importante na relação laboral do que era antes da pandemia. E essa recessão acontece em todo o planeta, o que nos leva a crer que esse entendimento vale para pessoas de todo o mundo.

Porém, 20% dos entrevistados afirmam que o esforço aplicado em suas tarefas profissionais é prejudicado pela recessão, inflação e, como a cereja nefasta do bolo, a incompreensão dos patrões sobre o cenário de caos do mundo ao redor.

Muitos profissionais precisam lidar constantemente com a pressão dos seus chefes, que cobram por resultados no modo “não importa o que aconteça”. E, nesse momento, o significado de “bons resultados” passa pelo subjetivo do momento que está longe de ser o normal ou o ideal para qualquer segmento, seja ele pessoal ou profissional.

 

Comunicação próxima e transparente

Por outro lado, mulheres e millenials são mais propensos a sentirem níveis mais baixos de compromisso que os homens ou as gerações mais velhas. Millennials se apresentam mais receptivos quando trabalham para chefes compreensivos e empáticos, e isso também explica esse abandono do modelo tradicional de relação laboral.

A pandemia afetou a saúde mental de muitas pessoas, e uma comunicação genuína e transparente com os superiores se tornou algo essencial para manter o compromisso de um profissional com a sua empresa. Hoje, os profissionais mais jovens procuram outros fatores que vão além dos salários.

Isso não quer dizer que o salário não é importante. Só fica claro que deixou de ser a coisa mais importante para a nova geração de profissionais. Hoje, o que realmente importa é o bom ambiente de trabalho, uma relação saudável com os superiores e, principalmente, uma boa qualidade de vida a longo prazo.

Um fator que precisa ser considerado é que, com a crise econômica global e possível recessão em diferentes regiões do planeta, um número cada vez menor de pessoas vai trocar de emprego nos próximos anos por puro medo de não se encaixar em uma nova empresa e, por consequência disso, sofrer os efeitos de um eventual isolamento de um novo time profissional diante de um contexto econômico que, de um modo geral, ainda é incerto.

 

Patrões, abram os olhos!

Eu sou suspeito para falar sobre esse assunto, pois há 15 anos optei por trabalhar para mim mesmo e ser dono do meu próprio destino. Mas reconheço em meu perfil que não sei lidar com chefes autoritários e egocêntricos. E, infelizmente, muitas empresas ainda adotam esse modelo de liderança arcaico.

Neste momento, o perfil profissional está em claro momento de transição. As novas gerações são mais versáteis e habilidosos. Por outro lado, estão mais propensos a ditar as próprias regras e estabelecer objetivos mais centrados em uma maior satisfação pessoal do que necessariamente uma projeção financeira substancial.

Eu mesmo assumi essa escolha em 2008. Poderia receber muito mais dinheiro em uma redação ou em um grande grupo de mídia, mas ao menos estou feliz por trabalhar quando quero, como quero, com a liberdade editorial que sempre desejei e com uma maior qualidade de vida do que muitos dos meus colegas de profissão.

E ver muitos profissionais de diferentes segmentos aceitando ganhar menos para ter a liberdade em poder escolher os seus horários, locais e ambientes de trabalho é algo que me deixa confortável para dizer que estamos diante de um momento diferente das relações laborais.

Por isso, o meu recado final é para os patrões e chefes que eventualmente vão trombar com este artigo porque procuram entender por que não conseguem preencher algumas das vagas “tão cobiçadas” em suas empresas.

Comecem a pensar a sério se os salários que vocês estão pagando hoje são suficientes para os habilidosos profissionais que vocês estão perdendo. Façam uma autocrítica sobre os ambientes laborais de suas empresas são os mais adequados ou saudáveis. E, principalmente, se questionem se vocês tratam os seus funcionários com respeito e empatia.

Ganhar muito dinheiro não é tudo na vida. Hoje, todo mundo quer qualidade de vida e saúde mental. Inclusive para economizar uma grana longe do médico, dos remédios e da terapia.


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