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A Geração Z não sabe o que é “se comunicar sem comunicação” no celular

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Você já parou para pensar que não existem mais as tais chamadas perdidas? E que todo mundo pode encontrar todo mundo em qualquer lugar? E que uma pessoa pode simplesmente escolher não responder a uma mensagem sua?

Quando passamos para a era das mensagens instantâneas no lugar das mensagens de SMS, ficou impossível ignorar alguém. E a Geração Z simplesmente não sabe mais o que é a tal “chamada perdida” que tanto fez parte das nossas vidas ao longo dos últimos 30 anos.

Sinal dos novos tempos. Sinal da modernidade. Efeitos colaterais das novas tecnologias.

Faz parte do jogo da evolução tecnológica.

 

Quando tudo era mato…

No final da década de 1990 e começo dos anos 2000, na primeira era da telefonia móvel no brasil, as tarifas eram altas, e ninguém podia correr o risco de pagar caro na conta do celular.

Então, uma alternativa muito popular para a época era a estratégia das “chamadas perdidas”, que muitos de nós utilizamos quando queríamos falar com alguém.

Era bem simples: o mais pobre da relação ligava para o mais rico, deixava dar uns dois ou três toques e desligava. A outra pessoa via no identificador de chamadas que foi você que ligou e retornava a ligação.

Não era o método mais digno do mundo, mas funcionava para quem tinha pouca grana.

Muitos também utilizavam as chamadas perdidas para enviar mensagens não verbais para a outra pessoa do lado da linha.

Por exemplo, um ou dois toques no telefone poderiam significar “estou chegando” ou “me ligue de volta”, o que também evitava custos desnecessários com chamadas de voz.

Para quem não viveu a época, as chamadas telefônicas para celular eram cobradas POR MINUTO, e não a cada quatro minutos como era na telefonia fixa.

Além disso, não haviam os famosos horários noturnos (a não ser que a operadora criasse um plano para isso) ou pulso único por ligação durante os finais de semana.

Com o passar do tempo, as tarifas tiveram os seus preços reduzidos a zero, e hoje você pode passar horas e horas falando no celular sem maiores problemas.

Até porque a internet (tanto fixa quanto móvel) se popularizou e ficou mais acessível. E com o advento dos aplicativos de mensagens instantâneas, a tática das chamadas perdidas se tornou obsoleta.

 

A Geração Z não sabe o que é uma chamada perdida

É correto dizer que os jovens da Geração Z jamais vão saber o que é viver a mágica da engenharia social da chamada perdida na telefonia móvel.

O que faz todo o sentido do mundo. É uma geração que cresceu com a internet estabelecida como meio de comunicação essencial.

E o uso dos smartphones impulsionou as redes sociais e os aplicativos de mensagens instantâneas, onde o texto tomou o protagonismo da voz para uma geração inteira.

Aliás, é uma geração que agora corre no lote que nós caminhamos e capinamos, já que o uso do WhatsApp, das DMs do Instagram e outras ferramentas são “de graça” e com comunicação instantânea.

A ideia de mandar uma mensagem cifrada através de uma chamada não atendida é quase arcaica para esse grupo, que prefere mandar uma mensagem de áudio a deixar tocar duas vezes o telefone da outra pessoa.

Vou além: é uma geração que só telefona para alguém se for o último caso.

Toda a tecnologia moderna e os novos apps de comunicação e redes sociais assumiram o protagonismo nas comunicações.

E se o telefone ficou algo obsoleto, que dirá as chamadas perdidas.

A questão econômica deixou de ser uma preocupação para a maioria das pessoas, e o leque de opções que está aberto para os usuários deixou a comunicação mais dinâmica e acessível para todo mundo.

O conceito de comunicação assíncrona (que não acontece em tempo real, onde cada parte da conversa responde quando quer ou pode) está incorporado no coletivo.

É claro que isso traz ônus e bônus para todo mundo.

Por um lado, não somos mais obrigados a responder naquele exato momento a uma pergunta mais constrangedora ou uma mensagem que não é urgente.

Por outro lado, as mensagens mais importantes não são respondidas no menor tempo possível, e temos que lidar com isso, apesar de alguns problemas e desencontros no diálogo.

De qualquer forma, temos uma evolução aqui.

Da mesma forma que as mensagens SMS perderam boa parte do sentido (lá fora, já que ainda são utilizados; no Brasil, nunca foram populares porque as operadoras cobravam por isso também).

E pensar que desde aquela época já éramos obrigados a usar toda a nossa criatividade para estabelecer uma comunicação inteligente com as outras pessoas…

Que fique ao menos a lembrança nostálgica das chamadas perdidas. Ao menos elas servem para nos mostrar como tudo evoluiu.

E como deixamos de ser tão pobres. Ao menos podemos pagar o pré-pago e conversar com qualquer pessoa de forma ilimitada.


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@oEduardoMoreira