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A Lenovo comprou a Motorola. E agora?

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Surpreendente. Essa palavra define a notícia da venda da Motorola Mobility para a Lenovo por apenas US$ 2.91 bilhões. Eu estava fazendo algumas compras no supermercado, quando recebi o e-mail da assessoria de imprensa da Lenovo para o conference call deles para anunciar a compra. Saí meio esbaforido para poder acompanhar as notícias. Mas, enquanto voltava para casa, já pensava nos motivos dessa venda, e possíveis consequências que o consumidor vai ter por conta dessa negociação.

Antes de qualquer coisa, não estou aqui para defender Google, Motorola, Lenovo e afins. Estou aqui para compartilhar o que penso sobre o assunto. Em linhas gerais, também torço o nariz para uma negociação como essas, mas como tenho uma percepção um pouco mais privilegiada do que a do consumidor (uma vez que já participei de eventos da Motorola, logo, já conversei com executivos), me permito a opinar com um leque maior de informações. Mas de qualquer forma, o objetivo aqui é trocar ideias, ok?

Pois bem, quando a Google comprou a Motorola em 2011, alguns torceram o nariz. Bom, uma quantidade muito menor de pessoas que hoje protestam contra essa compra, mas teve chiadeira. Muita gente pensou que a Google comprou a empresa norte-americana por conta das patentes de mobilidade, e eles estavam certos. Essa é uma grande mina de ouro, principalmente contra os seus concorrentes diretos.

Quem não chiou, não ia muito com a cara da Motorola, por causa do passado da empresa. Principalmente no quesito “atualizações do Android”. Era hábito da empresa abandonar clientes com versões antigas do Android. Vale lembrar que não era só a Motorola que fazia isso na época. De qualquer forma, a Google assumiu a Motorola, e começou a colocar a sua cara em seus produtos. De forma discreta, com o RAZR i, o RAZR D1 e RAZR D3. Depois disso, os lançamentos “gritavam” o estilo Google, com o Moto X e o Moto G.

Tive a oportunidade de testar todos esses smartphones. E posso dizer, com conhecimento de causa: a Google fez com que a Motorola melhorasse, e muito. O RAZR D1 foi o meu smartphone pessoal por pelo menos quatro meses, o D1 e o D3 foram dois dos reviews mais lidos em 2013 no TargetHD, o Moto X é o meu smartphone pessoal, e o Moto G é o melhor modelo de linha média do mercado hoje. Ou seja, todos estavam elogiando a Motorola, falando bem dos seus produtos, comprando os seus produtos…

E aí, de repente, a Google vende a Motorola para a Lenovo.

Por partes.

Lembra das patentes que citei no começo do post? Pois é. É o que vale para a Motorola. Elas valem os tais US$ 9.5 bilhões de diferença entre o valor que eles pagaram para comprar em 2011 (US$ 12.5 bilhões) para o valor que eles receberam da Lenovo (2.91 bilhões). A experiência da Google em bancar o desenvolvimento de hardware foi feita e, ao que tudo indica, não foi bem sucedida, por incrível que pareça.

Desenvolvimento de hardware é algo caro. Produzir produtos de tecnologia é algo muito caro. E a Google estava sim tendo prejuízos com a Motorola. Por mais que muita gente estivesse falando bem dos seus recentes lançamentos, a Motorola jamais conseguiu figurar entre as cinco maiores vendedoras de smartphones do planeta. E isso pesa. Ainda mais para a Google, que tem no seu histórico a filosofia de descartar produtos e serviços que não estão atendendo às expectativas deles, independente da opinião do usuário.

Por outro lado, a Lenovo é a terceira maior vendedora de smartphones do planeta. Porém, consegue essa posição basicamente pelas vendas no mercado asiático (mais especificamente, no mercado chinês). A Lenovo estava louca para chegar na América Latina (onde aí sim a Motorola tem uma boa participação de mercado), mas não queria fazer loucuras financeiras para estabelecer bases e linhas de montagem por aqui.

Logo, a negociação foi boa para as duas partes: a Google se livra do “peso morto”, ficando com as patentes que lhe interessava, e a Lenovo chega ao mercado latino-americano pela “lei do menor esforço”.

E quanto ao consumidor? Como ele fica nessa?

Eu entendi como você ficou. E não tiro sua razão. Afinal de contas, tudo agora fica incerto. Qual será a filosofia da Lenovo com a Motorola? O projeto “Moto”, que era tão elogiado por todos, será abandonado? E a política de atualizações dos dispositivos que já estão no mercado? A Lenovo vai mudar tudo na Motorola?

Não sabemos. E é esse futuro cheio de perguntas que assusta os atuais proprietários de dispositivos da Motorola, e até começa a espantar clientes em potencial.

A única coisa que é certa é que ainda teremos smartphones Motorola “by Google” em 2014. Os frutos dessa negociação com a Lenovo só devem mesmo aparecer em 2015. Até lá, só podemos especular o que os chineses farão com a marca e todo o portfólio de produtos.


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@oEduardoMoreira