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A Microsoft deveria mesmo parar de cobrar pelas licenças do Windows?

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Satya Nadella vai assumir em breve o posto de CEO da Microsoft, mas mudanças mais incisivas começam a aparecer na empresa. Mudanças essas que vão se refletir em um futuro a curto prazo. Uma dessas mudanças está relacionada a um dos seus negócios mais fundamentais, com o objetivo de se adaptar à demanda do mercado de PCs e, por tabela, o mercado de softwares. Com o Windows presente em uma porcentagem cada vez menor dos computadores vendidos, é preciso fazer alguma coisa. Talvez tomar uma decisão drástica e, até então, impensada para uma Microsoft: oferecer o Windows de graça.

Historicamente, o negócio da Microsoft se baseou na venda das licenças do seu sistema operacional, que desde o começo da década de 1990 se mantém como o dominante no mercado de PCs. Porém, novos concorrentes chegaram, e são ameaças diretas para o seu negócio. Pior: uma ameaça dupla, representada em uma empresa – a Google, que tem em seu poder o Chrome OS e o Android, que cada vez estão mais presentes nos computadores pessoais.

As licenças e o risco de perder a atenção dos fabricantes

O Chrome OS é o melhor exemplo desse novo cenário. Poucas pessoas acreditavam no sistema operacional quando a Google o apresentou. Afinal de contas, parecia loucura oferecer um sistema baseado na nuvem. Agora, os computadores com o sistema Chrome OS se apresentam como um negócio rentável, que não para de crescer.

É verdade que sua influência no mercado é mínima (1%), mas a Microsoft não pode simplesmente assistir produtos como o Samsung Chromebook 2 chegando ao mercado, e tornando a oferta da Google cada vez mais atraente. Pelas características oferecidas, e pelo o seu preço reduzido, que atendem aos anseios do usuário médio de hoje (redes sociais, jogos casuais e acesso à internet), e até mesmo os usuários de empresas (trabalho em equipe online), nicho onde o Chrome OS está se tornando especialmente forte.

Isso acontece no mercado de computadores tradicionais. Se falamos do universo móvel, o Android é a referência. E isso também afeta diretamente o negócio da Microsoft. Afinal de contas, enquanto os fabricantes que apostam no sistema da Google pagam US$ 0 para utilizar o software, aqueles que apostam no Windows Phone 8 precisam pagar entre US$ 23 e US$ 30 por dispositivo. No caso do Windows 8.1, esse valor sobe para US$ 50 por computador com a licença.

Os rumores sobre a Microsoft contra-atacar a Google com um Windows gratuito começaram no ano passado, e nessa semana, as primeiras decisões sobre o assunto se tornaram mais concretas, com a redução das licenças do Windows para US$ 15 por equipamento com custo inferior a US$ 250.

Ao que parece, nos próximos meses, veremos uma versão gratuita do Windows, o Windows 8.1 with Bing. O software reduzido será uma oferta para fabricantes de computadores baratos, e para usuários que desejam atualizar equipamentos com versões anteriores do sistema operacional. Para não cobrar nada, a Microsoft exige o uso do Bing e dos serviços online da empresa, adotando um modelo de negócio muito parecido com o da Google: licenças gratuitas, mas um ecossistema fechado no Drive e lucros com publicidade em buscas, além de cobranças adicionais pelo armazenamento para as empresas.

Microsoft, mais Google que nunca

A verdade é uma só: ninguém quer pagar por mais nada.

O modelo de pagamento de software está esgotado, e a Microsoft sabe disso. Durante anos, eles se esforçaram para tentar controlar a pirataria para manter o seu negócio de licenças vivo e bem sucedido. As licenças ainda representam boa parte dos lucros da Microsoft (1/4 do total), mas sua influência é cada vez menor. Os serviços orientados à área empresarial, os aplicativos online e sua divisão de entretenimento (encabeçada pela marca Xbox) são as principais fontes de renda da gigante de Redmond hoje. As vendas a partir da loja oficial de aplicativos também é uma interessante fonte de ingressos.

Está claro que a Microsoft não pode eliminar as suas licenças da noite para o dia, e renunciar a 1/4 dos seus lucros para enfrentar a Google. Porém, essas especulações mostram claramente como eles querem se parecer um pouco com o pessoal do Mountain View. até mesmo na escolha do seu novo CEO. Nadella vem da área de cloud da empresa, o que demonstra que a influência que Bill Gates quer na Microsoft é que o universo online seja o futuro de sua empresa.

Recentemente, a Microsoft lançou a versão online do Office, demonstrando que tudo o que eles fazem de melhor nesse software passam a integrar o Outlook e o OneDrive, dois grandes produtos da empresa. Será importante que eles mantenham a qualidade, e que façam uma transição ordenada do seu modelo de negócios para reduzir o risco de problemas no futuro.

Detalhe: estamos falando da mesma Microsoft, que no começo da década de 1990, simplesmente esnobou a internet, e só se deu conta do seu potencial quando a Netscape dominou o mercado de browser (ou navegadores).


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@oEduardoMoreira