A Microsoft tem pressa. Pressa e urgência. Colocar o Xbox One em pré-venda no Brasil mais de cinco meses antes da sua chegada ao mercado (prevista em alguns e-commerces nacionais para o dia 30 de novembro de 2013) é uma clara prova que o pessoal de Redmond está com pressa de fazer o console dar certo. E por motivos diferentes.
O primeiro deles (e o mais óbvio de todos) é ganhar algum terreno em relação à Sony e o PlayStation 4. Até o presente momento em que escrevo esse post, a Sony do Brasil não se manifestou ainda sobre o preço que a brincadeira chamada PS4 vai custar no Brasil. Historicamente, a Sony não conseguiu baratear o seu console atual (PS3) a ponto que ele tivesse um preço que pudesse competir com o Xbox 360 em nosso país. Agora, com o PS4 custando pelo menos US$ 100 a menos, a grande dúvida que fica é: será que o novo console da Sony vai mesmo custar mais barato do que o Xbox One no Brasil?
Não me arrisco a afirmar nada nesse sentido. A Sony teve a chance de informar o preço do PS4 no Brasil durante o evento voltado para os mercados latino-americanos na E3 2013. Se não fez isso, é sinal que a própria Sony está quebrando a cabeça (e destruindo calculadoras) para tentar encontrar uma equação que seja vantajosa e competitiva em relação ao Xbox One. Pode até ser que o PS4 seja mesmo mais barato (e a tendência é essa, pelo menos na teoria), mas enquanto não temos um número, a Microsoft quer capitalizar em cima disso.
O segundo motivo da pressa da Microsoft é o fator “queremos mostrar serviço”. Depois de tantas reações negativas diante das restrições impostas ao Xbox One na sua política de DRM e utilização do produto e seus jogos (parte dessas restrições já foram removidas), a Microsoft quer aproveitar o que restou de positivo na apresentação do novo console, e dizer ao mundo: “estamos trabalhando, queremos oferecer o melhor, e oferecemos nosso produto antes dos demais”. Não torna o Xbox One o melhor console do mundo, mas pode fisgar os mais entusiasmados com as possibilidades que o produto pode oferecer, e com isso, algumas unidades podem ser vendidas de forma antecipada.
É sempre bom lembrar que nem todos os recursos legais demonstrados pela Microsoft na E3 2013 não estarão disponíveis no Brasil de imediato, principalmente o recurso de sintonização de TV digital. Tendo isso em mente, é importante que cada um de nós avalie se vale mesmo a pena comprar o console logo de imediato.
O último fator que justifica a pressa da Microsoft com o Xbox One é o período de instabilidade econômica que o Brasil enfrenta. Você pode não saber (e Dilma e Mantega podem até negar), mas a inflação voltou, o brasileiro está se endividando mais, e o pior de tudo: o dólar está com cotações elevadas. Não sabemos o que vai acontecer com o futuro da economia brasileira, e a Microsoft também não sabe (eles inventam muita coisa, menos a bola de cristal ou a máquina do tempo). Logo, largar na frente pode ser uma estratégia interessante até mesmo para reduzir eventuais prejuízos no futuro, que podem ser causados nem tanto pela rejeição do console pelo consumidor, mas sim, pelo cenário futuro da nossa economia (que não é lá tão promissor assim).
Seja como for, a Microsoft está com pressa. E demostra essa pressa de forma explícita. Vamos ver se, nesse caso, a pressa será ou não inimiga da perfeição.