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Em uma chamada de vídeo, um funcionário foi condenado a transferir US$ 25 milhões. Eram todos deepfakes, menos ele

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Pois é… não é apenas a Taylor Swift ou o padre Júlio Lancelotti que são vítimas de deepfakes. Ah, sim… você não sabe o que é isso e precisa de alguém para te explicar? Sem problemas: estou aqui para isso.

Deepfakes são vídeos ou áudios manipulados por inteligência artificial que podem imitar a aparência e a voz de qualquer pessoa. Essa tecnologia pode ser usada para fins divertidos, educacionais ou artísticos, mas também pode ser uma arma poderosa para enganar e fraudar pessoas.

E o caso que ganha destaque neste artigo envolve justamente a última parte do parágrafo anterior: enganar e fraudar pessoas. Além é claro de revelar os perigos de um funcionário que atende aos pedidos do chefe de forma quase cega.

 

Ele nem desconfiou do pedido absurdo

Um caso recente de fraude com deepfake aconteceu em uma grande empresa multinacional de Hong Kong.

Um funcionário foi vítima de um golpe que envolveu a falsificação digital do Chief Financial Officer (CFO) e de outros diretores da empresa. O falso executivo solicitou ao funcionário que realizasse transferências bancárias totalizando 200 milhões de dólares para contas no exterior, alegando que se tratava de uma operação sigilosa e urgente.

Normalmente eu chamaria o funcionário de burro, mas não é este o caso. Afinal de contas, ele estava seguindo regras. Talvez o problema aqui é não questionar o chefe, mas o questionamento poderia resultar na demissão do funcionário.

Então, o cidadão que só queria manter o seu emprego intacto e não desconfiou da veracidade do pedido, obedeceu às ordens e realizou as transferências.

Durante uma semana, ele participou de várias videoconferências com o suposto CFO e outros diretores, todos criados por deepfakes. Os vídeos eram tão realistas que os participantes pareciam e soavam como as pessoas reais, usando as mesmas expressões faciais e gestos. A voz dos alvos foi imitada usando gravações reais disponíveis publicamente na internet.

O golpe só foi descoberto quando o funcionário entrou em contato com o verdadeiro CFO por outro meio e percebeu que havia sido enganado. Da pior forma possível, pois ele poderia ter realizado essa comunicação antes se percebesse que os pedidos eram absurdos ou fora de padrão.

Imediatamente, ele acionou a polícia, que iniciou uma investigação sobre o caso. A polícia confirmou que se tratava de uma fraude com deepfake, usando técnicas de recriação digital para identificar os falsos diretores.

A polícia não revelou o nome da empresa ou dos envolvidos, mas disse que se trata de um dos maiores casos de fraude com deepfake já registrados em Hong Kong.

Só espero que o pobre coitado não seja demitido por causa desse equívoco. O mais comum é ver pessoas caindo nesse tipo de golpe nos dias de hoje, desde as mais leigas até aqueles que contam com um certo conhecimento informático.

 

Como se prevenir e (tentar) evitar cair em deepfakes

É importante estar atento aos sinais de falsificação de voz e imagem. Algumas dicas para evitar cair em golpes com deepfake podem ajudar, mas não são garantias absolutas de que você não será enganado no futuro.

Siga os passos abaixo:

  • Verificar a fonte e a autenticidade dos vídeos ou áudios recebidos, usando ferramentas de verificação ou buscando outras fontes confiáveis.
  • Desconfiar de pedidos incomuns ou urgentes que envolvam dinheiro ou informações sensíveis, especialmente se forem feitos por pessoas que não se conhecem pessoalmente ou que não têm autoridade para fazê-los.
  • Prestar atenção aos detalhes visuais e sonoros dos vídeos ou áudios, como sincronização labial, qualidade da imagem, iluminação, fundo, ruídos, sotaques, etc.
  • Não compartilhar vídeos ou áudios suspeitos sem verificar sua origem e veracidade, pois isso pode contribuir para a disseminação de desinformação e fraudes.

Não podemos negar a existência da Inteligência Artificial em nossas vidas, assim como a presença das deepfakes. A partir de agora, essa tecnologia faz parte do nosso cotidiano, e pode ser usada de forma irresponsável ou criminosa, infelizmente.

Então, o melhor mesmo é sempre estar atento e informado sobre os riscos e as formas de prevenção. Além é claro de ter um pouco mais de senso crítico para identificar os comportamentos anormais.


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@oEduardoMoreira