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Adeus, Martinho e Naomi

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Eu não sei o que dizer. Seria mais fácil cantar alguma coisa, masa uma canção do adeus não expressaria exatamente o sentimento que passa pela minha mente.

A triste notícia dos falecimentos do maestro Martinho Lutero Galati e da maestrina Naomi Munakata ocupou parte da minha tarde de hoje (26), e seguir trabalhando foi complicado. Nesse momento, eu penso em toda a influência positiva que esses dois geniais alquimistas da música deixaram em várias gerações de musicistas, cantores e apreciadores das artes.

Fiquei sabendo do falecimento da Naomi Munakata enquanto ouvia a rádio CBN. É um baque. Sempre é, mesmo sabendo que ela estava hospitalizada desde o começo do surto do coronavírus em São Paulo. Pelo menos duas coralistas do Coral Paulistano com mais de 60 anos contraíram a doença.

Naomi era discreta, simples, direta e genial. Seus trabalhos na área de canto coral influenciaram grupos de todo o Brasil. Ela era uma das melhores dentro do seu segmento. E tive a felicidade de apreciar o seu trabalho, e me influenciar por ele.

Martinho Lutero é outro notável dentro do canto coral. Foi um dos mais importantes incentivadores desse movimento cultural que o Brasil já teve, e é de sua responsabilidade a manutenção da alta qualidade do Coral Paulistano.

Hoje é um dia realmente muito triste. Perder esses dois notáveis do canto coral brasileiro em tão pouco tempo é algo que derruba qualquer um.

Isso me faz pensar de novo sobre a fragilidade do ser humano diante de um vírus ainda desconhecido como é o Coronavírus. Um pequeno vírus promoveu o desaparecimento de dois gênios. Ou seja, está na cara que ele não está escolhendo vítimas.

Nesse momento, muitos dos corais brasileiros estão em silêncio. Pelo isolamento social e pelo luto. Quem sabe chegou a hora dos coralistas começarem a aparecer pela webcam para cantar juntos por alguns momentos. Para amenizar a insuportável solidão, e para celebrar a vida e a obra desses dois geniais maestros.

Martinho e Naomi mereciam muito mais que isso. Mas como estamos separados, é tudo o que podemos fazer nesse momento. Minha esperança é que virtualmente juntos é possível fazer alguma coisa.

Sempre é possível fazer alguma coisa.

Adeus, Martinho e Naomi. Obrigado por toda a influência positiva e os serviços prestados à música e ao canto coral brasileiro. Seus respectivos legados serão eternos, e seus capítulos escritos na nossa história nenhum vírus vai conseguir apagar.

Continuaremos cantando por vocês. Obedecendo as pausas e as dinâmicas das partituras da vida.


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@oEduardoMoreira