Em Nova York, o consumo de pizza gera uma enorme quantidade de resíduos de caixas de papelão. Essas caixas, frequentemente manchadas de molho ou óleo, são difíceis de descartar em lixeiras comuns e acabam atraindo insetos e roedores.
A questão é especialmente crítica no Central Park, onde centenas de caixas são deixadas diariamente. E esse é mais um fator que ajuda a explicar por que Nova York é uma das cidades mais sujas do planeta.
Para resolver o problema, a Central Park Conservancy instalou um container especial para caixas de pizza. Esse recipiente foi projetado especificamente para empilhar as caixas de forma ordenada, evitando que fiquem expostas a pragas.
Uma iniciativa que já entrega resultados práticos
A iniciativa visa melhorar a eficiência da coleta de lixo e incentivar o comportamento cívico dos visitantes. Mesmo porque não são apenas os brasileiros os “mal-educados” do planeta, aparentemente.
Até agora, apenas um desses novos contêineres foi instalado, mas já está sendo esvaziado pelo menos três vezes ao dia. O custo de cada contêiner é de US$ 1.500, e ele pode comportar cerca de 50 caixas de pizza.
Se a experiência for bem-sucedida, o modelo poderá ser expandido para outras áreas do parque. Bom, se o sistema pelo menos incentivar os moradores e turistas a deixar o lixo no lugar correto, já é uma vitória.
A magnitude do problema é evidenciada pelo fato de que os nova-iorquinos consomem até 500.000 pizzas diariamente, com algumas pizzarias populares utilizando mais de mil caixas por dia.
Esse volume impressionante de consumo resulta em uma avalanche de resíduos, exigindo adaptações na operação de saneamento da cidade para gerenciar o lixo de forma mais eficiente.
O que, convenhamos, não é uma das tarefas mais fáceis do mundo. Olhando para as principais cidades brasileiras, o lixo também é um problema complexo para ser administrado, e esforços dos gestores públicos e do coletivo são necessários para que cenários incríveis não se transformem em lixeiras ambulantes.
Pensando fora da caixa (literalmente)
Diferente de outras cidades onde embalagens gordurosas não são recicladas, Nova York implementou um sistema que permite a reciclagem dessas caixas após alguns dias.
Esse processo possibilita a transformação das caixas em novos produtos de papel, ajudando a mitigar o impacto ambiental e, de quebra, despertando no coletivo a importância sobre os processos de descarte adequado de resíduos e reciclagem de materiais.
Um dos fatores que podem fazer com que essa iniciativa não ganhe tração em Nova York é o custo de cada container, que está na casa dos US$ 1.500. Mas entendo que uma iniciativa como essa deve ser encarada como um investimento a médio e longo prazos.
O Brasil poderia sim adotar uma iniciativa semelhante. Na verdade, algumas cidades já adotaram estratégias similares, principalmente com a separação dos resíduos e coletas específicas para determinados materiais.
Aqui em Floripa (por exemplo), a coleta de vidro é separada de outros materiais, e existem programas de separação do lixo para facilitar o processo de reciclagem.
Tudo bem, o caso de Nova York pode ser considerado muito específico, já que envolve as caixas de pizza em uma cidade com enorme volume de vendas desse alimento. Mas isso não quer dizer que o sistema não possa ser adaptado para abraçar um processo de reciclagem e separação de resíduos de forma ampla.
De qualquer forma, fica a dica, Brasil.