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Bacurau é o Brasil muito bem representado em Cannes 2019

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É o Brasil fazendo bonito no Festival de Cannes 2019.

A seção oficial do festival contou com uma presença brasileira na seleção competitiva, com o considerado “delirante e extraordinário” Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornellas.

Juliano Dornellas não é um completo desconhecido dos franceses. Ele cativou Cannes em 2016, com o espetacular Aquarius, e agora mostra a sua nova peça cinematográfica, que conserva muitos dos seus traços mais essenciais como cineasta.

Bacurau é um interessante prólogo cheio de detalhes sinistramente inquietantes, em uma obra cativante e alucinante que, de forma completamente inesperada, termina tão bem resolvido que muitos não conseguem imaginar que o final seria aquele uma hora antes, diante do passeio entre os gêneros mais desconcertantes vistos até agora no Festival de Cannes 2019.

O drama inicialmente comum mostra uma pequena sociedade rural brasileira, mas alterna com inusitada facilidade para um western moderno, acompanhado de certos toques de realismo mágico que se transforma sem rodeios em uma distopia delirante para desembocar em um cinema de gênero pós-apocalíptico dos mais claustrofóbicos.

Resultado: Bacurau chamou a atenção de todos em Cannes.

É muito bom saber que um filme nacional foi tão bem recebido no principal festival de cinema do mundo. Ainda mais em um ano onde os investimentos para a produção de cinema foram reduzidas pelas mãos de um governante que entende que cultura e edução não são importantes para o brasileiro médio.

Eu confesso que todos esses elogios ao filme Bacurau não só dá aquela ponta de orgulho em ver o cinema nacional com um reconhecimento positivo no Festival de Cannes (mesmo sendo um festival esvaziado, sem os filmes da Netflix e outros potenciais competidores à Palma de Ouro… ainda é Cannes), mas também entrega aquele sentimento de alegria em ver que o nosso país ainda pode produzir grandes coisas no cinema.

Bacurau pode não vencer a Palma de Ouro (ainda acho que Dor e Glória, de Pedro Almodóvar, leva o prêmio), mas já sai de Cannes 2019 com um saldo muito positivo.

 


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@oEduardoMoreira