A temporada de premiações está chegando ao seu momento decisivo, e os últimos eventos realizados, o SAG Awards e o Independent Spirit Awards (e, em menor escala, o BAFTA, que realizou a sua votação final bem antes), redefiniram as apostas para o Oscar.
O SAG Awards 2025 trouxe reviravoltas inesperadas e abalou a previsibilidade de algumas categorias. E o resultado dessa premiação é importante, pois a grande maioria dos votantes também escolhe os vencedores nas categorias de atuação nos Academy Awards.
Ou seja, as chances de resultados similares acontecerem nas duas premiações (e não por obra de mera coincidência) são enormes. Mas como o histórico recente das premiações revelaram escolhas bem diferentes, o cenário para o Oscar 2025 se torna cada vez mais imprevisível.
Neste momento, temos um embate entre dois grandes concorrentes: Conclave e Anora. Os dois filmes emergiram como os principais beneficiados pelo sistema de voto preferencial, um método que exige que os eleitores classifiquem os filmes do melhor para o pior, favorecendo escolhas de consenso.
É o detalhe técnico que pode ser decisivo para definir o vencedor da estatueta mais cobiçada de Hollywood em 2025. Mas como ninguém tem bola de cristal, vamos ver o que os Screen Actor’s Guild Awards deixaram de lições e estimativas para a premiação da semana que vem.
É claro que não dá para prever o futuro. Por isso, fica mais fácil mostrar como o presente está bagunçado nas principais categorias de atuação e até mesmo em Melhor Filme. E tudo isso deixa o Oscar 2025 ainda mais interessante.
As surpresas que embaralharam as cartas
A vitória de Timothée Chalamet como melhor ator por Um Completo Desconhecido foi um choque, pois Adrien Brody (por O Brutalista) era considerado o grande favorito. Agora, temos aqui um duelo imprevisível nessa categoria, já que os dois atores contam com, literalmente, 50% de chances de vencer.
Brody venceu praticamente todas as premiações até agora pela sua performance em um dos filmes que, de forma até surpreendente, desapareceu do nome dos favoritos na categoria Melhor Filme. Mas Chalamet que, de certa forma, era esquecido com sua ótima atuação como Bob Dylan em sua cinebiografia, venceu o prêmio do Sindicato dos Atores, que concentra boa parte dos votantes na categoria do Oscar.
O mesmo jogo de cartas inesperado está apresentado na categoria de Melhor Atriz.
Karla Sofia Gascón basicamente aniquilou as suas chances de vencer nessa categoria, apesar da boa atuação em Emilia Pérez. Talvez ela realmente jamais poderia imaginar que, em sua vida medíocre, ela seria indicada ao Oscar no futuro (e falou o arsenal de bobagens que todo mundo viu nas redes sociais).
Cynthia Erivo é, de forma oficial, a escolha menos provável para vencer o Oscar. Ela está excelente em Wicked, mas não tem o mesmo peso e visibilidade das três principais concorrentes ao prêmio neste momento.
Sim. Três, pois Mikey Madison entrou de vez no jogo ao vencer o BAFTA por sua interpretação em Anora, o que é algo bem justo quando olhamos todo o trabalho que a atriz teve para interpretar a sua personagem.
Fernanda Torres ainda é a principal concorrente de Demi Moore nesta categoria. A atriz brasileira tem como benefício da dúvida o momento em que Ainda Estou Aqui ganhou tração nos cinemas norte-americanos, que foi justamente no período prévio da votação final para escolha dos vencedores ao Oscar.
E, mesmo assim, entendo que Demi Moore ainda é a favorita a vencer por A Substância, pois entregou uma performance visceral e muito pessoal em um filme que é totalmente fora da curva e, ao mesmo tempo, cirurgicamente crítico em temas sensíveis à Hollywood neste momento.
Todas essas mudanças repentinas nas principais categorias de atuação tornam o Oscar 2025 uma das edições mais imprevisível dos últimos anos, e esse suspense deve perdurar até o momento da revelação dos vencedores, algo que só deve acontecer no final do evento de 2 de março.
Diante de tudo isso, apenas duas pessoas poderão dormir tranquilamente até a próxima semana, apenas esperando pelo banquete do governador da Califórnia e o anúncio dos seus respectivos nomes para receber o careca dourado: Kieran Culkin (por A Verdadeira Dor) e Zoe Saldaña (por Emilia Pérez).
A dupla de atores venceu as principais premiações até agora por suas performances que são praticamente unânimes, e vão vencer como Melhor Ator e Atriz Coadjuvante no Oscar 2025.
Isso é tão líquido e certo, que você pode se programar para ir ao banheiro ou fazer a pipoca com manteiga neste momento da premiação, pois você não vai perder absolutamente nada – exceto os discursos de agradecimento.
O caos também reina para Melhor Filme
O grande prêmio da noite do Oscar segue em aberto.
De novo: com tantas controvérsias, Emilia Pérez prejudicou (e muito) as suas chances de vencer nessa categoria. Mas ainda pode vencer (por incrível que pareça), pois venceu o BAFTA de Melhor Filme e, mesmo com todas as polêmicas, tem um grande apoio do meio de Hollywood por conta de alguns pontos discutidos em sua trama.
O que é importante ressaltar aqui é que o BAFTA não é exatamente o melhor parâmetro a ser adotado dessa vez para analisar as chances de um filme ao Oscar. Especialmente em 2025: as escolhas dos vencedores da premiação do cinema britânico aconteceram ANTES de todas as polêmicas envolvendo o filme que tem música sobre vaginoplastia.
Ou seja, a percepção dos votantes pode sim ter mudado diante de todo o ruído provocado por Gascón, pelo diretor Jacques Audiard, e por tudo o que cercou Emilia Pérez desde a sua estreia junto ao grande público, principalmente na América Latina, onde o filme foi massacrado nas redes sociais.
E de forma surpreendente, O Brutalista não é tão mencionado como um dos favoritos à vitória (seria porque esse é um filme longo demais com o cansativo Adrien Brody como protagonista?).
O SAG Awards concedeu seu troféu de melhor elenco – uma categoria frequentemente usada como termômetro para o Oscar de Melhor Filme – a Conclave, sugerindo que o filme tem amplo apoio da indústria.
Por outro lado, Anora ainda resiste como favorito, pois ganhou tração nessa disputa após sua vitória no Independent Spirit Awards, evento que historicamente celebra produções independentes, e que conta com boa parte dos seus membros como votantes no Oscar.
Que neste momento a disputa está entre Anora e Conclave, não resta a menor dúvida. E qualquer um dos dois é digno de vencer como Melhor Filme, mesmo que sejam histórias que não conquistaram os corações daqueles que pagaram para ir ao cinema.
Agora, cravar o vencedor entre os dois?
É mais fácil acertar na Mega Sena sozinho nesta semana.