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R$ 36 bilhões para compensar “prejuízo” com orelhão? Como assim?

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Espera um pouco.

A humanidade evolui, a tecnologia também, a telefonia acompanha os dois primeiros, e as empresas de telecomunicações querem recuperar o prejuízo causado pela marcha da evolução?

É isso mesmo?

Esse é o entendimento mais simples que pude alcançar com o pedido de Vivo, Claro e Oi à União, visando recuperar nada menos que R$ 36 bilhões que foram supostamente perdidos por conta dos investimentos em telefonia fixa ou, neste caso mais específico, em telefones públicos (doravante conhecidos como orelhões), algo que praticamente ninguém usa nos dias de hoje…

…porque todo mundo migrou para a telefonia móvel, setor onde essas empresas ganham outros bilhões de reais todos os anos.

Eu perdi alguma coisa aqui?

 

 

 

Ninguém gosta de perder dinheiro (obviamente)

Vamos lá.

Antes de continuar, é preciso informar ao amigo leitor que as teles estão no direito dela em reivindicar as perdas e danos pelos investimentos realizados em locais onde o serviço teve baixa adesão ou onde os custos de manutenção nos orelhões foram consideravelmente elevados. Isso está no contrato de privatização da Telebrás.

Porém, R$ 36 bilhões é um preço elevado demais, não?

Tudo bem, vamos considerar toda a inflação do período e todos os investimentos realizados desde a década de 1990 até agora. E vamos colocar na conta que, ao longo desse tempo todo, o serviço ficou aquém do desejado.

Pensando nisso tudo… Claro, Vivo e Oi não estariam cobrando um preço elevado demais? As operadoras de telefonia não estariam um pouco fora da realidade? Será que não faltou maionese na viagem dessas empresas?

Eu entendo perfeitamente que as operadoras queiram se recuperar dos prejuízos financeiros dos últimos anos, já que manter toda essa estrutura de telefonia fixa não deve ser a coisa mais fácil ou agradável do mundo. Agora, eu realmente não consigo imaginar onde esse investimento todo aconteceu, principalmente quando penso em todas as faturas caríssimas que eu paguei ao longo de mais de 20 anos como usuário de telefone fixo.

Não sei… R$ 36 bilhões… a conta não fecha para mim.

 

 

 

Mais complicado do que parece

A partir de agora, a Anatel vai entrar na questão, o Tribunal de Contas da União também, e ainda vai levar um tempo para ver a conclusão deste caso. Pode até ser que tudo isso termine como boa parte dos imbróglios existentes no Brasil: em pizza (portuguesa, de preferência).

Fato é que chega a ser assustadora a postura das operadoras de telefonia fixa neste caso. É uma atitude quase oportunista (não que a Anatel seja santa, mas… R$ 36 fucking bilhões?), especialmente quando olhamos para o lucro operacional dessas empresas hoje.

Em nenhum momento as operadoras mencionam o fato que, neste exato momento, elas se beneficiam de explorar de forma intensa tanto o setor de telefonia móvel como o de internet fixa, cobrando dos clientes planos claros e pouco vantajosos e obtendo lucros obscenos.

E não estou aqui afirmando que esse prejuízo seja perdoado ou esquecido. Se tem algum valor a ser recuperado por contrato, que seja.

O que não dá para entender é onde que foi investido tanto dinheiro assim em telefonia fixa, sendo que minhas ligações para São Paulo caíam a cada 15 minutos. Sem falar na linha chiando de forma insuportável.

“Bons tempos”… (e eu estou sendo irônico nessas aspas, caso você não tenha percebido).


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@oEduardoMoreira