OK.
FIFA virou EA Sports FC (pelo menos no mundo dos videogames), onde o que era para ser conhecido como FIFA 24 agora se chama EA Sports FC 24. E isso aconteceu por conta da falta de acordo entre EA e FIFA sobre os valores a serem pagos pelos direitos de uso do nome da entidade máxima do futebol.
O contrato de uma década entre EA e FIFA termina após quase três décadas de parceria, e temos uma nova fase que oficialmente começou no popular jogo de futebol.
Tá… e aí? O que muda a partir de agora? Será que a EA conseguiu entregar um jogo de futebol revolucionário? Ou sempre dependeu da marca FIFA para ser relevante de verdade?
Por que mudou, e as primeiras consequências
Tudo mudou por causa de dinheiro, é claro.
O desacordo incluiu a recusa da FIFA em renovar o contrato nos mesmos termos financeiros e a EA não concordou com a permissão para associar a marca da entidade máxima do futebol a outros produtos digitais, incluindo outros jogos.
A FIFA percebeu que estava deixando de ganhar dinheiro ao atrelar a sua marca ao jogo da EA de forma exclusiva, deixando de capitalizar em ativos importantes que não estão apenas nos jogos dos videogames.
Na prática, a FIFA queria dobrar os US$ 150 milhões anuais pagos pela EA pela licença, e a editora não concordou com as exigências da FIFA para associar sua marca a outros produtos digitais.
A mudança não afeta as licenças de clubes e jogadores, que são negociadas separadamente para a concepção dos jogos, mas exclui eventos como a Copa do Mundo, controlada pela FIFA.
Dessa forma, o novo jogo EA Sports FC 24 já começa enfraquecido por não contar com o principal campeonato de futebol do planeta, assim como suas eliminatórias dentro dos modos de jogo. Por outro lado, o game mantém torneios como UEFA Champions League e ligas nacionais, com os principais jogadores do mundo nos seus elencos.
Como FIFA e EA vão ficar a partir de agora?
A FIFA se prepara para lançar seu próprio jogo, prometendo superar a saga da EA. Algo que pode acontecer muito mais pelas bobagens da Electronic Arts do que pela competência de qualquer outra editora de games.
Por outro lado, parceiros competentes para superar a EA não faltam. Resta saber qual caminho a FIFA quer seguir para o seu jogo, e qual será a empresa que vai entregar o que a entidade máxima do futebol deseja.
Por outro lado, a EA, agora livre do contrato com a FIFA, planeja incluir acordos com marcas comerciais nos jogos, o que antes não era permitido pela FIFA. O que não deixa de ser interessante para a Electronic Arts, pois pode capitalizar em algo que nem chegava perto de ser lucro para a empresa.
O grande problema aqui é que o conflito entre EA e FIFA gerou um cenário peculiar.
A FIFA tem o nome e a base de fãs, mas EA detém os jogos. Na prática, ‘EA Sports FC 24’ será essencialmente um ‘FIFA 24’ com outro nome. E todo mundo sabe disso.
Efeitos práticos de tudo isso
É improvável que a mudança de nome afete significativamente as vendas de EA Sports FC 24, já que os jogadores buscam o mesmo jogo com ligeiras variações. Tal e como vem acontecendo nos últimos cinco anos (pelo menos) dentro dessa franquia de futebol.
Por outro lado, EA Sports FC 24 já começou a ser distribuído de graça em bundles dos consoles da Sony e da Microsoft, o que pode indicar que o jogo não vai capitalizar tão bem quanto a Electronic Arts espera. Ou que a empresa quer popularizar o novo jogo a todo custo, para construir uma nova base de fãs a partir do novo nome do jogo.
É importante lembrar que a missão da EA em construir uma nova marca para os jogos de futebol não é uma das missões mais fáceis do planeta. A empresa considerou mudar o nome da saga em 2021, o que causou uma queda nas ações da empresa na época.
Ou seja, nem os fãs, nem os acionistas, nem os investidores queriam a troca do nome FIFA. Naquela época. Que dirá agora.
Já a FIFA quer aproveitar o momento. A marca tem se destacado nos eSports nos últimos anos, indicando uma possível mudança de foco para novos negócios da entidade na indústria dos videogames.
Isso abre uma possibilidade para que o futuro FIFA 24 (se é que ele será lançado ainda em 2024) passe para um foco mais para a viabilidade dos jogos em diferentes plataformas do que necessariamente nas melhorias de jogabilidade e gráficos.
De qualquer forma, tanto a EA como a FIFA vivem novos tempos. Esse casamento acabou, deve deixar saudades, mas as duas estão seguindo caminhos separados. E, ao que tudo indica, não tem volta mesmo.
Boa sorte para as duas. Vão precisar