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Passageiros (2017) | Cinema em Review

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passageiros

 

Até que ponto você pode interferir na vida de alguém?

O tema ficção científica ainda é de difícil absorção para a maioria das pessoas, mas no caso de Passageiros, a tecnologia é o grande cenário de frente para explorar temas bem mais profundos do existencialismo humano. Faz a gente pensar na vida. De verdade.

E usando uma história que é acessível até para quem não curte filmes sci-fi.

 

Todo mundo sabe que é as viagens para outros planetas será algo relativamente comum no futuro, certo? Bom, mesmo que não seja, uma das teorias de hoje é que, no futuro, poderemos migrar para colônias em outros planetas, onde poderemos ter uma segunda chance e prosperar, ou ferrar com tudo, tal e como aconteceu com Terra Nova, The 100…

Enfim… todos nós buscamos uma segunda chance na vida. Muitos de nós fugimos de nossos problemas indo para outros lugares, conhecendo novas pessoas, ou indo para um lugar onde ninguém nos conhece, simplesmente para recomeçar. Muitos de nós gostariam de recomeçar. Nesse caso, entrar em uma nave, hibernar por 120 anos e acordar em outro mundo parece ser uma boa ideia.

Acontece que não existe tecnologia infalível. Nem mesmo a mais avançada tecnologia. Assim como os humanos, as máquinas são falíveis, ainda mais quando passam por uma tempestade inesperada.

E foi isso o que aconteceu com a nave Avalon, que levava mais de 5 mil passageiros para a colônia Homestead II. Uma tempestade de pedras e meteoros afeta os sistemas da nave, provocando uma falha de superaquecimento, que por sua vez começa a causar diversas falhas em diferentes setores da nave.

Uma dessas falhas foi desligar antes do tempo o sistema de hibernação de Jim Preston (Chris Pratt), que acordou 90 anos antes do programado. Ou seja, ele descobre que vai morrer antes da viagem acabar. Pior: ele vai passar o resto de sua vida sozinho. Sem qualquer outra pessoa para interagir. O mais próximo de um ser humano que ele teria até o final era Arthur (Michael Sheen), um androide barman.

É claro que Jim surtou. Qualquer um surtaria em um cenário desses. Por mais que a gente goste de morar sozinho (eu mesmo adoro), de ser independente e dono do nosso tempo e espaço, precisamos de um outro ser humano para não enlouquecer. O filme Náufrago (Tom Hanks e a bola Wilson, lembrou?) já mostrou muito bem os efeitos psicológicos do isolamento completo e absoluto no ser humano.

Imagine no espaço.

 

 

Logo, é fácil compreender por que Jim decidiu ter Aurora (Jennifer Lawrence) como companhia.

Primeiro, porque é a Jennifer Lawrence. E quem não quer ter essa mulher como companhia?

Segundo, porque não nascemos para viver sozinhos. Ainda mais em uma situação tão limite.

Porém… será que Jim tem o direito de determinar quando e quanto tempo Aurora tem que viver?

A decisão de Jim contraria a ética humana, mas ao mesmo tempo, entendo que é algo que a maioria de nós teríamos feito na mesma situação. Afinal de contas, o ser humano é um egoísta em potencial, e sempre vai pender as decisões para o seu lado. Mesmo assim… é outra vida. Que nesse caso, não tinha direito a tomar a decisão.

Além do já citado conflito ético, os dois precisam resolver o grande problema central: consertar a nave. Com pouca ajuda, poucos recursos e um ambiente completamente desfavorável.

 

Passageiros é ficção científica acessível para qualquer pessoa. Mostra a história de relações humanas em situação limite, colocando o telespectador para pensar em pontos que vão além de ver duas pessoas tentando resolver os problemas de uma nave. Até porque máquinas se consertam. Já seres humanos são mais complexos.

O roteiro é bem linear e consistente, apesar dos pontuais absurdos apresentados. Algumas piadas tecnológicas são bem pontuadas na trama, deixando o tema um pouco mais leve. O texto do filme também é bem leve e acessível, e com isso estamos diante de um filme que não cansa em nenhum momento: são duas horas que passam bem rápido.

 

 

Com um elenco bem reduzido, fica mais fácil observar suas performances.

Gostar de Chris Pratt é algo bem fácil. Ele é um cara comum, humano, acessível e carismático. E a ideia é que Jim fosse mesmo um cara humano, que acerta e erra como qualquer um de nós.

Agora… J-Law…. me salva!

Como ela consegue ser superior de forma bem simples. Tem beleza e carisma naturais, é simpática, agradável de se ver em cena…. e uma BAITA ATRIZ!

 

Ou seja, Passageiros é um grande acerto. Um filme bem legal, onde a maioria vai sair do cinema satisfeito pelo resultado apresentado. É uma boa forma de começar 2017 nos cinemas.

Mas… o mais importante.

Depois de ver o filme, se pergunte sobre qual é o seu papel nesse momento presente, o quanto temos o direito de interferir na vida do outro, se estamos realmente vivendo o presente, e como esse “viver o presente” vai influenciar no nosso futuro.

São perguntas que os mais atentos fatalmente farão para si ao sair da sala de cinema.

 


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@oEduardoMoreira