A recente demissão de Dorival Júnior do comando da Seleção Brasileira abriu uma verdadeira Caixa de Pandora no futebol nacional. A decisão era previsível para muitos, mas consegue esgarçar todos os problemas estruturais profundos dentro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Não basta ter uma seleção que, além de não ter identidade dentro de campo, sofre com a constante troca de treinadores e a falta de planejamento a longo prazo. A saída de Dorival Júnior escancara a desorganização nos bastidores da entidade que rege o futebol brasileiro.
E como cereja do bolo, pode ter revelado a influência direta de um determinado jogador brasileiro na escolha do próximo treinador da Seleção. Algo que é patético, a essa altura do campeonato.
O fracasso de Dorival Júnior e a falta de continuidade
A passagem de Dorival Júnior pela Seleção foi marcada por inconsistências e resultados decepcionantes. Sua nomeação já havia sido questionada desde o início, e a Copa América de 2024 foi a prova definitiva de que o treinador não conseguia extrair o melhor do elenco.
Apesar de bons desempenhos em amistosos contra Inglaterra e Espanha, as partidas contra México e Estados Unidos deixaram evidente que a equipe não tinha um plano de jogo claro. O fracasso no torneio continental, onde a Seleção só atuou bem na vitória contra a fraca seleção paraguaia, selou o destino de Dorival, que não resistiu à pressão.
A grande questão que se impõe é: havia um planejamento concreto para sua permanência?
O ciclo de treinadores na Seleção tem sido altamente instável. Antes de Dorival, Fernando Diniz assumiu interinamente após a saída de Tite e também não teve sucesso.
O nome mais aguardado era Carlo Ancelotti, mas o treinador italiano nunca confirmou interesse real em comandar a Seleção Brasileira, deixando a CBF em um vácuo de direção.
A bagunça nos bastidores da CBF
A instabilidade na comissão técnica reflete uma crise mais ampla na CBF. O presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, tem sido alvo de críticas devido à falta de organização e transparência nas decisões.
A seleção já está indo para o seu quarto treinador em um ciclo de quatro anos, o que demonstra a ausência de uma estratégia definida. Além disso, a convocação de 57 jogadores diferentes em apenas um ano e três meses ilustra a falta de competência no trabalho da comissão técnica.
A indecisão também se reflete na busca por um novo treinador. Enquanto a CBF ainda sonha com Ancelotti, outros nomes começam a surgir, como Jorge Jesus e Abel Ferreira.
Jorge Jesus parece ser o favorito, pois já demonstrou interesse em assumir a Seleção e está disposto a deixar seu clube atual para aceitar o desafio. No entanto, sua chegada pode esbarrar na oposição de jogadores influentes, especialmente em Neymar, com quem teve um relacionamento conturbado no Al-Hilal.
O papel de Neymar e a influência dos jogadores na Seleção
Um dos rumores mais polêmicos que surgiram após a demissão de Dorival envolve Neymar. Fontes indicam que o atacante tem grande influência nos bastidores da Seleção e poderia estar barrando a chegada de Jorge Jesus.
O treinador teria criticado Neymar publicamente, afirmando que o jogador não apresenta o mesmo desempenho e comprometimento de outros craques internacionais, como Cristiano Ronaldo. As declarações criaram um clima de tensão entre ambos, tornando incerta a possibilidade de trabalharem juntos novamente.
O episódio levanta um questionamento importante sobre a gestão do futebol brasileiro. Até que ponto os jogadores devem ter poder de influência sobre decisões estratégicas da Seleção?
A prioridade deveria ser a formação de um time competitivo, baseado em critérios técnicos e táticos, e não em relações pessoais ou preferências de atletas.
O futuro incerto da Seleção Brasileira
Com a próxima data FIFA marcada para junho, a CBF precisa agir rapidamente para definir um novo comandante. Se Jorge Jesus for confirmado, a expectativa é de que ele implemente um trabalho mais disciplinado e estruturado, algo que tem feito falta na Seleção nos últimos anos. Caso outro nome seja escolhido, será essencial que haja um planejamento claro para evitar mais uma troca precipitada.
O maior problema, no entanto, continua sendo a falta de direção na gestão do futebol brasileiro.
Sem um planejamento coerente e sem estabilidade na comissão técnica, a Seleção Brasileira corre o risco de continuar estagnada, perdendo protagonismo no cenário internacional.
A crise atual é um reflexo de anos de má administração e falta de critérios na escolha de treinadores. Para retomar o caminho das vitórias, a CBF precisa urgentemente reformular sua estrutura e traçar um plano sólido para o futuro do futebol brasileiro.