Muitas pessoas estão simplesmente cansadas ou saturadas em tomar decisões para tudo. E a era moderna nos obriga a decidir o tempo todo, com consequências de maior ou menor impacto dentro de nossas tarefas cotidianas e atividades diversas.
A “boa notícia” (e identifique uma ironia quando se deparar com uma) é que não precisamos decidir por absolutamente tudo em nossa rotina. Se a Inteligência Artificial (IA) está nos ajudando em vários campos e atividades, por que não nas decisões mais rotineiras?
Alguém fez esse experimento por nós. Um jornalista passou um tempo deixando que a IA decidisse cada aspecto de sua vida, transformando o seu dia a dia em uma sequência de escolhas automáticas.
E compartilhou com o mundo os resultados do experimento.
“Feriados de decisão”
A metáfora ilustra o alívio e, ao mesmo tempo, a alienação do nosso protagonista em delegar o pensamento crítico a assistentes digitais, como se tirasse férias do próprio controle de sua vida.
O autor do experimento teve o cuidado de utilizar diferentes ferramentas de IA, chegando a mais de duas dúzias de plataformas.
O objetivo aqui foi obter uma maior diversidade de perspectiva de chatbots, até mesmo para descobrir qual deles era o mais adequado para determinadas decisões.
A mecânica que ele utilizou foi basicamente a experiência que pais e mães poderiam ter com assistentes que ditam escolhas domésticas.
Na prática, a IA, em sua natureza estatística, desfila sugestões medianas que podemos dar para determinadas tarefas, uniformizando decisões e ofuscando a personalidade humana com respostas padronizadas.
Desde a cor das paredes do escritório até dilemas mais complexos, a IA molda um cotidiano que alterna entre o prático e o absurdo, trazendo à tona o grande problema em uma confiança cega em algoritmos.
Conclusões inquietantes
O relato revela que, mais do que a ameaça de robôs dominando o mundo ou substituindo os empregos, a preocupação maior pode ser a conformidade gerada pela IA, que dilui a individualidade em favor da previsibilidade.
O experimento oscila entre a conveniência inovadora e o potencial risco de um mundo onde a IA não apenas assiste os eventos, mas age em nosso lugar.
É de se questionar essa dependência que estamos criando da Inteligência Artificial, pois corremos o sério risco de perder nossa autonomia criativa e funcional com o passar do tempo.
Abrir mão das pequenas decisões na vida pode fazer com que você perca aos poucos aspectos importantes de sua identidade. E não sei se a humanidade vai sair ganhando ao abrir mão disso.
Por outro lado, a tendência de futuro parece ser essa, com tantas pessoas abraçando a glamorização da burrice e a ignorância como filosofias de vida.
Para um coletivo que se recusa a acreditar na realidade, abraçando suas convicções mesmo com traços de desonestidade, perder a individualidade para o ChatGPT é apenas um passo.