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Você sabe usar o MS-DOS e o Windows 3.11? Então… tem um emprego esperando por você na Alemanha…

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Eu desconfio que boa parte da audiência desse blog nunca usou o MS-DOS ou o Windows 3.11, ou que nem fazem ideia de que essas duas plataformas existiram um dia. Ou até sabem que existem porque, afinal de contas… YouTube.

Tá, eu sei que muitos jovens estão conhecendo as tecnologias do passado por vontade própria. Mas não sei se isso se aplica a algo que era o mainstream no início da década de 1990.

De qualquer forma, para aqueles que contam com o conhecimento necessário para operar o MS-DOS e o Windows 3.11 porque viveram a época (é o meu caso) e dominam razoavelmente o idioma alemão (não é o meu caso), tem um emprego esperando por você.

 

A importância do MS-DOS e do Windows 3.11

Esses sistemas operacionais foram lançados pela Microsoft nos anos 80 e 90, respectivamente, e marcaram uma época na história da informática. Para alguns, são fontes de nostalgia, enquanto para outros são apenas conceitos distantes.

MS-DOS e Windows 3.11 foram substituídos por Windows 95 em 1995, um sistema operacional que revolucionou a interface gráfica, o acesso à internet e a compatibilidade com outros dispositivos.

Na verdade, essa substituição foi parcial, e atingiu mais o Windows 3.11. O Windows 95 ainda dependia de boa parte do MS-DOS para funcionar, mas era bem mais independente na sua estrutura interna.

De qualquer forma, o Windows 95 marcou um salto de qualidade que colocou a Microsoft na liderança do mercado de software. Ele é considerado até hoje o grande divisor de águas da gigante de Redmond, e um dos melhores sistemas operacionais da história.

 

O tempo manteve a relevância dos jurássicos

A chegada do Windows 95 não marcou o fim do MS-DOS e Windows 3.11. Esses sistemas operacionais continuaram a receber suporte da Microsoft por mais de uma década, até 2006 e 2008, respectivamente.

Isso surpreende muitas pessoas que não sabiam que esses sistemas operacionais tinham uma vida tão longa. Aliás, alguns fabricantes de smartphones deveriam aprender um pouco com a Microsoft.

Mesmo com os seus erros, a gigante de Redmond sempre ofereceu um suporte longevo para os seus sistemas operacionais, o que garantiu uma longevidade para os equipamentos compatíveis e a fidelidade dos usuários para as plataformas.

E não são poucas as empresas, supermercados, órgãos públicos e privados e até companhias aéreas e governos que utilizam as versões antigas dos sistemas operacionais da Microsoft até hoje, justamente por causa do suporte de longo prazo oferecido para essas plataformas.

Mas… por que alguém continuaria a usar MS-DOS e Windows 3.11 em pleno século XXI?

 

O sistema ferroviário alemão quer você

A resposta está nos já mencionados setores específicos que dependem de infraestruturas antigas e que não podem ser facilmente atualizadas. Um exemplo é o setor ferroviário.

Recentemente, uma empresa ferroviária alemã publicou uma oferta de trabalho buscando administradores especializados em MS-DOS e Windows 3.11. Esses sistemas operacionais ainda são usados para controlar alguns trens e sinais ferroviários na Alemanha.

A oferta de trabalho revela a dificuldade de encontrar profissionais qualificados para trabalhar com essas plataformas, já que muitos já se aposentaram ou mudaram de área. Além disso, mostra o desafio de manter essas infraestruturas funcionando, apesar da obsolescência do software.

Ou seja, essas vagas dificilmente serão preenchidas por um Millennial ou Gen Z member. Alguém vai ter que sair da aposentadoria para voltar ao mercado. Ou quem sabe dão a sorte de encontrar alguém como eu, na casa dos 45 anos, que aprendeu a usar o MS-DOS e o Windows 3.11 com 10 anos de idade.

Essa situação não é exclusiva da Alemanha. Em vários países existem infraestruturas críticas que ainda dependem de software obsoleto, como usinas nucleares, hospitais, bancos e até mesmo aviões.

Esses setores enfrentam riscos de segurança, falhas e vulnerabilidades que podem ter consequências graves. E é simplesmente bizarro pensar que não se construiu uma cultura de atualização tecnológica para abraçar a obsolescência.

Muitos dos responsáveis por isso com certeza pensaram um dia “se está funcionando bem, por que mudar?”. Bom, eis o resultado (e eu espero que essas pessoas estejam desempregadas neste momento).

 

É difícil atualizar estruturas complexas

A grande questão neste momento é: por que não atualizar essas infraestruturas para sistemas operacionais mais modernos e seguros?

A resposta não é simples.

Envolve custos elevados, complexidade técnica, falta de compatibilidade, resistência à mudança e até mesmo questões legais.

Atualizar essas infraestruturas requer um investimento financeiro significativo, além de tempo e mão de obra especializada. Também requer testes rigorosos para garantir que o novo sistema operacional seja compatível com os equipamentos existentes e não cause problemas de funcionamento.

E, convenhamos… não dá para ficar testando softwares que são responsáveis pela segurança de uma usina nuclear. É uma atividade de alto risco para o coletivo, com baixíssima tolerância a falhas.

Além disso, há uma resistência à mudança por parte de alguns usuários e gestores que estão acostumados com os sistemas operacionais antigos e que não querem aprender novas formas de trabalhar.

Há também questões legais envolvendo licenças, contratos e regulamentações que podem impedir ou dificultar a atualização.

Diante disso, muitos setores optam por manter os sistemas operacionais obsoletos, contando com o suporte limitado dos fabricantes ou de empresas terceirizadas.

O problema é que essa solução pode ser insustentável no longo prazo, já que os riscos aumentam à medida que o software envelhece. E só pensar de forma racional: se o seu smartphone com oito anos de uso pode ser vulnerável aos malwares e ameaças virtuais, que dirá uma estrutura gerenciada por um software que foi descontinuado há 15 anos.

 

Quais são as (possíveis) soluções neste caso?

É preciso buscar alternativas para modernizar essas infraestruturas e garantir sua segurança e eficiência.

Uma possibilidade é usar sistemas operacionais livres e abertos, como o Linux, que podem ser adaptados às necessidades específicas de cada setor e que contam com uma comunidade ativa de desenvolvedores e usuários.

Uma das principais vantagens do Linux é que ele é flexível o suficiente para funcionar bem em computadores e equipamentos considerados obsoletos, dando uma sobrevida para o hardware que não pode ser descartado.

Dessa forma, os custos para modificar uma estrutura mais complexa caem drasticamente, retirando do caminho um dos obstáculos de alguns gestores para justificar essa perigosa obsolescência.

Outra possibilidade é usar sistemas operacionais em nuvem, como Azure ou Google Cloud, que permitem acessar os serviços e dados remotamente, sem depender de um hardware específico.

Esses sistemas operacionais oferecem vantagens como escalabilidade, flexibilidade e atualização constante, o que também ajuda a resolver o problema do uso de um hardware que não pode ser substituído com facilidade.

O que não pode é seguir usando o MS-DOS e o Windows 11 em pleno 2024 d.C. Tudo bem, ambos são relíquias da informática, e o simples fato deste artigo existir mostra o enorme respeito (e até gratidão) que eu sinto por eles.

Mas manter os dois vivos até hoje é algo simplesmente bizarro.

Quem sabe o ChatGPT pode ajudar essa empresa ferroviária alemã a gerenciar o Windows 3.11 e o MS-DOS. Mas… se eles me pagarem as passagens, um bom salário e tempo para seguir trabalhando na internet… quem sabe?


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@oEduardoMoreira