O canal “befinitiv” no YouTube publicou um vídeo com o passo a passo do processo de construção de um reprodutor de áudio portátil usando a estrutura interna de um leitor de Blu-ray. Para facilitar a nossa compreensão do todo, vou chamar o produto de Discman Blu-ray.
Pode parecer uma ideia anacrônica. E, de fato, é. Mesmo assim, pode ser uma forma de reavaliar o uso da mídia ótica e, com alguma sorte, desenvolver um repensar no uso dessa tecnologia que pode cair em desuso pelo próprio avanço do setor.
Não estou afirmando que veremos uma autêntica revolução tecnológica, mas que é uma ideia bem interessante, isso é fato.
Dá para salvar o Blu-ray de alguma forma?
Não sei. Pergunta para o pessoal da Sony.
O mundo é dominado pelas memórias flash, incluindo obviamente os SSDs. Usar um CD ou Blu-ray como alternativa de armazenamento de dados é o mesmo que usar um orelhão ou telefone fixo, já que mídias físicas não conseguem armazenar grande volume de dados e entregam baixa performance de leitura.
Nem faz sentido usar um Blu-ray para o armazenamento de dados. Hoje, temos cartões microSD de alta capacidade e SSDs com preços mais acessíveis. Sem falar que armazenar músicas em FLAC, WAV ou MP3 se tornou algo igualmente obsoleto, pois todo mundo escuta músicas por streaming.
Logo, dá até para dizer que o Blu-ray e os arquivos digitais de música seguem o mesmo caminho para o grande público: o esquecimento.
Ou será que não?
O trabalho que dá fazer um projeto como esse
A vantagem da tecnologia de Blu-ray é que ela pode armazenar um volume de dados muito maior do que um CD-ROM. São até 7.5 GB de dados, o que chama a atenção dos projetos no estilo DIY (Do It Yourself, ou “faça você mesmo”, em livre tradução).
E esse é o principal motivo para que o Discman Blu-ray apareça. Mas… um projeto como esse está longe de ser considerado de fácil execução. O dispositivo utiliza um mecanismo de uma gravadora externa Verbatim modificado para caber no espaço de um reprodutor de apenas 10 mm de espessura.
A estrutura do seu PCB foi personalizada para abrigar um SoC ARM que executa o Linux. Tudo isso para manter todas as funções originais do leitor de Blu-ray. Seu mecanismo foi adaptado para o formato compacto com a ajuda de ferramentas específicas.
Os discos de Blu-ray foram cortados para reduzir o seu diâmetro total para 8 cm, mas precisamos lembrar que os discos no formato BD-R Mini ainda estão disponíveis no mercado, o que pode reduzir o trabalho de modificar os discos maiores para funcionar nesse dispositivo alterado.
Todo o projeto do Discman Blu-ray é open source, permitindo que outros entusiastas e desenvolvedores explorem e aprimorem a ideia. A disponibilidade dos recursos e instruções detalhadas para a execução do hacking certamente podem estimular aos entusiastas a tentar recriar o dispositivo e até mesmo apresentar novas versões do produto.
Reinventar a tecnologia do passado com novas abordagens é uma forma de inovar, olhando para fora da caixa. Nem mesmo os grandes fabricantes de tecnologia pensaram em uma solução como essa.
E ver uma tecnologia obsoleta recebendo uma reencarnação como essa é algo sempre muito interessante.
Esquema e software: Aqui e Aqui