Um novo capítulo começa na história da Fórmula 1 com Lewis Hamilton assumindo de vez o volante da Ferrari e mostrando potencial em sua nova equipe durante os testes de pré-temporada no Bahrein.
Não dá para tirar grandes conclusões sobre os testes, e seria leviano abrir a minha boca e afirmar que “o heptacampeão voltou”. Mas é interessante observar como foi o comportamento de Hamilton e da Ferrari durante esses testes.
A temporada vai começar daqui a duas semanas na Austrália, e só a partir da primeira etapa do campeonato de 2025 é que vamos obter respostas mais claras. Mas por enquanto, segue um resumo de como foi esse primeiro contato PRA VALER de Lewis Hamilton na ferrar.
A adaptação inicial de Hamilton ao SF-25
A chegada de Lewis Hamilton à Ferrari representa um dos movimentos mais significativos do mercado de pilotos nos últimos anos, e sua estreia nos testes de pré-temporada da Fórmula 1 no Circuito de Sakhir, no Bahrein, foi acompanhada com imensa expectativa por fãs e especialistas.
No primeiro dia de testes, realizado em 26 de fevereiro de 2025, Hamilton demonstrou cautela em seus primeiros quilômetros com o SF-25, terminando a sessão matinal em quinto lugar com um tempo de 1:31.834, ficando atrás de Andrea Kimi Antonelli com a Mercedes, Liam Lawson pela Red Bull, Alexander Albon da Williams e Yuki Tsunoda da AlphaTauri.
O resultado inicial, embora não espetacular em termos de posição, foi considerado promissor dentro do contexto de familiarização com um novo carro após mais de uma década pilotando pela Mercedes, período em que o britânico conquistou a maioria de seus títulos mundiais.
As condições no primeiro dia foi complexa para todos os pilotos, com o sol intenso do deserto e ventos traiçoeiros que tornaram a pista particularmente desafiadora, especialmente nas seções mais rápidas do circuito.
Hamilton, assim como vários outros pilotos, experimentou algumas escapadas da pista durante suas voltas, um fenômeno comum durante os testes quando os limites do carro estão sendo explorados e a confiança entre piloto e máquina ainda está sendo construída.
A equipe Ferrari optou por utilizar principalmente os compostos médios e duros dos pneus Pirelli, focando em coletar dados sobre o comportamento do carro em longas distâncias em vez de buscar tempos de volta única, estratégia tradicional nos primeiros dias de testes quando a confiabilidade e a compreensão das características do veículo são prioridades.
O heptacampeão mundial demonstrou sua característica meticulosidade ao trabalhar de perto com seus novos engenheiros, fornecendo feedback detalhado sobre cada aspecto do comportamento do carro – desde a resposta do motor até o equilíbrio aerodinâmico nas diferentes seções da pista.
A integração entre Hamilton e a equipe de Maranello já começa a mostrar sinais positivos, com ajustes sendo implementados progressivamente ao longo do dia.
Ao final da primeira sessão, Hamilton compartilhou com a imprensa que estava “criando laços lentamente” com a equipe, uma declaração que revela tanto seu compromisso com o processo de adaptação quanto sua consciência de que a transição para uma nova equipe após tantos anos representa um desafio significativo mesmo para um piloto de sua experiência e calibre.
O avanço no segundo dia de testes
O segundo dia de testes, ocorrido em 27 de fevereiro, marcou uma virada no desempenho de Lewis Hamilton, evidenciando que sua adaptação ao Ferrari SF-25 estava progredindo em ritmo mais acelerado do que o próprio piloto afirmou no dia anterior.
O britânico liderou a sessão matinal com um tempo de 1:29.379 após completar 45 voltas, superando seu ex-companheiro de equipe George Russell da Mercedes e Carlos Sainz, agora na Williams.
O resultado não apenas demonstrou a capacidade de Hamilton de extrair velocidade do novo carro, mas também sinalizou que a Ferrari possivelmente construiu um pacote competitivo para a temporada de 2025, capaz de lutar pelas primeiras posições desde as corridas iniciais.
As condições no segundo dia apresentaram uma complexidade adicional com uma breve interrupção causada por chuva leve, criando uma pista com aderência variável que exigiu sensibilidade e adaptabilidade dos pilotos.
Lewis, conhecido por sua maestria em condições mistas, aproveitou precisamente este cenário para registrar seu melhor tempo, demonstrando que sua lendária capacidade de encontrar aderência onde outros falham permanece intacta mesmo em um carro completamente novo.
A Ferrari também utilizou esta oportunidade para testar diferentes configurações aerodinâmicas e mapeamentos de motor em condições variáveis, coletando dados valiosos que serão cruciais para o desenvolvimento do carro ao longo da temporada, especialmente considerando a diversidade de circuitos e condições climáticas que a Fórmula 1 enfrenta durante o ano.
O desempenho de Hamilton gerou entusiasmo tanto na equipe quanto entre os tifosi, os apaixonados fãs da Ferrari que aguardam ansiosamente pelo retorno da equipe italiana ao topo da Fórmula 1.
Após a sessão, os engenheiros da Ferrari foram vistos analisando os dados com particular atenção, um indicativo de que as informações fornecidas por um piloto da calibre de Hamilton representam um recurso valioso para o desenvolvimento contínuo do carro.
O próprio Hamilton mostrou-se cautelosamente otimista em suas declarações à imprensa, enfatizando que ainda estava em processo de compreender completamente as nuances do SF-25, mas também deixando transparecer satisfação com o progresso alcançado em tão pouco tempo, observando que “cada volta traz mais confiança e entendimento sobre como extrair o máximo deste carro”.
A estratégia focada no terceiro dia e perspectivas para a temporada
O terceiro e último dia de testes, realizado em 28 de fevereiro, revelou uma abordagem diferente por parte da Ferrari e Lewis Hamilton, com foco deslocado da busca por tempos rápidos para uma análise mais aprofundada do ritmo de corrida e degradação dos pneus – elementos cruciais para o sucesso em fins de semana reais de Grand Prix.
Hamilton terminou a sessão em sexto lugar, uma posição que não reflete necessariamente o potencial do carro, já que a equipe estava claramente executando um programa de testes específico voltado para simulações de corrida com tanques de combustível mais cheios e compostos de pneus variados para entender o comportamento do carro em diferentes configurações que serão enfrentadas durante a temporada regular.
A Ferrari utilizou estrategicamente este último dia para experimentar variações nas configurações de asa, altura do carro e distribuição de peso, buscando encontrar o equilíbrio ideal entre velocidade máxima nas retas e aderência nas curvas – um compromisso fundamental na engenharia de Fórmula 1 que varia significativamente de circuito para circuito.
Hamilton completou um número substancial de voltas sem incidentes sérios, fornecendo à equipe dados consistentes sobre o comportamento do carro em condições que simulam as diferentes fases de um Grande Prêmio.
Esse trabalho mais metódico, embora menos espetacular para os observadores externos, é frequentemente onde as verdadeiras vantagens competitivas são descobertas e desenvolvidas, especialmente considerando que a temporada de Fórmula 1 é uma maratona de desenvolvimento onde mínimas melhorias podem fazer diferenças significativas.
As perspectivas para Hamilton e Ferrari na temporada 2025 parecem promissoras com base nestes três dias de testes, mas tanto o piloto quanto a equipe mantêm cautela nas declarações públicas, cientes de que os testes de pré-temporada frequentemente não revelam o quadro completo das forças relativas entre as equipes.
Os rivais, especialmente Red Bull e Mercedes, também mostraram sinais de competitividade, sugerindo que a luta pelo campeonato será intensa.
O que parece claro, no entanto, é que Lewis Hamilton está se adaptando rapidamente à sua nova casa em Maranello, trazendo consigo não apenas seu talento excepcional, mas também a vasta experiência acumulada ao longo de uma carreira repleta de conquistas.
Para os fãs da Ferrari, ver o heptacampeão mundial no emblemático macacão vermelho representa uma renovada esperança de retornar ao topo do esporte após anos de frustrações, e os sinais iniciais destes testes sugerem que esta esperança pode ser bem fundamentada.