Dá pra rodar DOOM em basicamente qualquer coisa. Desde exame de gravidez até uma batata, a liberação do seu código-fonte em 1997 fez com que tudo virasse uma autêntica “farra do boi”, tornando este o jogo mais portado da história.
O novo capítulo desse autêntico festival de MODs de DOOM na sua arquitetura de código-aberto é a sua execução em um computador quântico, que poderia ser utilizado para encontrar a cura do câncer ou de outras doenças.
Mas… quem sou eu para julgar? Muitos usam computadores potentes hoje para rodar games AAA ou minerar criptomoedas…
Como DOOM foi parar em um computador quântico
Computadores quânticos podem realizar cálculos que superam com sobras as capacidades dos supercomputadores tradicionais, mas encontram algumas dificuldades pontuais para executarem tarefas ainda mais complexas e compatíveis com todo o seu potencial.
E é aqui que DOOM entra, por incrível que pareça.
O emulador usado para rodar DOOM em um ambiente quântico é o Quandoom, um projeto desenvolvido pelo pesquisador de doutorado conhecido como Lumorti, do Instituto de Ciências Fotônicas (ICFO) de Barcelona.
É claro que o jogo está longe de ser considerado “jogável” nesse ambiente. Som, cores e gráficos fluídos estão completamente ausentes neste experimento.
O projeto de Lumorti inclui mais de 8000 linhas de código em C++, um pequeno motor 3D e funções específicas para registradores quânticos.
É um experimento aparentemente limitante, mas que abre caminho para testes mais robustos e que acompanham a evolução da computação quântica em si.
Lumorti descreve o projeto como mais uma prova de conceito, brincando que esse pode ser o primeiro “uso prático” da computação quântica.
Sim… ele está sendo irônico.
Para simplificar muito a explicação aqui (pois os conceitos teóricos são bem complexos), rodar DOOM em um computador quântico seria o mesmo que tentar um jogo AAA de 2024 em um hardware que ainda não existe.
Simuladores como o QASM contornam as atuais limitações de execução de códigos quânticos em computadores tradicionais, mas o contrário aparentemente não é tão simples.
E é o QASM que permite que o DOOM quântico rode no seu PC hoje mesmo, desde que você aceite o desempenho de, no máximo, 20 FPS e os gráficos que lembram o Atari dos anos 80.
Lumorti indicou que disponibilizará o código se houver interesse da comunidade, permitindo dessa forma que mais pesquisas nessa área aconteçam.
Muda alguma coisa no mundo dos games?
Por enquanto, não. Mas é um sinal.
Ver DOOM rodando em um ambiente quântico pode indicar o caminho a seguir por desenvolvedores e fabricantes de consoles.
Jogos mais complexos, com performance plenamente fluída e execução nativa de qualidade. Imagine como poderão ser os jogos em 2050 quando a computação quântica estiver avançada e compatível com essa evolução tecnológica que é projetada nesse momento.
É claro que tudo isso pode deixar os computadores tradicionais completamente obsoletos, o que seria péssimo para boa parte da indústria.
Por outro lado, entendo que a caminhada aqui é mais longa do que parece.
Se nesse momento a Sony quebra a cabeça para combinar performance com ray tracing, que dirá o trabalho que vai ter os responsáveis pelo desenvolvimento da computação quântica para rodar jogos de videogame AAA com a qualidade que todos ainda sonham em receber neste momento.