Gabriel Bortoleto.
Quando 2024 começou, eu disse para alguns amigos mais próximos: “vamos ficar de olho na Fórmula 2, pois tem um brasileiro que promete”. Mas como a maioria dos meus amigos simplesmente ignora automobilismo de base, fui um aventureiro solitário neste campeonato.
E não me arrependo, pois como prêmio, temos mais um brasileiro como campeão da categoria de acesso à Fórmula 1. A grande diferença de Gabriel Bortoleto para os demais é a forma em como ele chega à categoria máxima do automobilismo.
Pela porta da frente. E como membro de um grupo seleto.
Em ótima companhia
Gabriel Bortoleto conquistou o título antes mesmo de fazer a primeira curva na pista de Yas Marina, na Feature Race da etapa final do GP de Abu Dhabi.
Isack Hadjar, seu principal adversário na luta pelo título, deixou o carro morrer logo na largada, o que acabou com as suas chances de enfrentar o brasileiro na etapa final.
Por isso, a prova que deu o título para Bortoleto foi um mero compasso de espera para todos. O que poderia ser uma batalha épica com um final dramático se transformou em algo até monótono de se assistir.
Para a alegria de todos os envolvidos. Ninguém queria uma disputa dramática hoje.
O que torna Bortoleto diferente de, por exemplo, Felipe Drugovich (que conquistou a Fórmula 2 em 2022) é que sua conquista acontece após vencer a Fórmula 3 no primeiro ano.
E Bortoleto conquista a Fórmula 2 também no primeiro ano.
Dessa forma, o brasileiro entra em um clube seleto, composto por pilotos que hoje são realidade na Fórmula 1, consolidados em grandes equipes e com enorme potencial de título mundial em algum momento no futuro: Charles Leclerc, George Russell e Oscar Piastri.
Bortoleto entra na Fórmula 1 pela porta da frente. Como deve ser.
Bortoleto chega pela porta da frente
Não foi uma temporada fácil para o brasileiro.
Com três abandonos na primeira metade da temporada e Hadjar com um número maior de vitórias, Bortoleto teve que fazer o seu melhor para conquistar o título da Fórmula 2.
A grande obra prima de Gabriel na temporada (e fez com que boa parte do grid da Fórmula 1 se interessasse por ele) foi o GP da Itália em Monza.
Sair de último para vencer a corrida foi algo assombroso para todos e emblemático para um piloto que ganhou um ânimo novo após a sua primeira vitória na categoria na Áustria.
Quem conhece o Bortoleto afirma que ele é muito centrado e, ao mesmo tempo, doce ao tratar as pessoas. É uma interessante combinação.
Ele chega na Fórmula 1 com personalidade e, ao mesmo tempo, com resultados que mostram o quão capaz ele pode ser na principal categoria do automobilismo mundial.
Termino esse breve artigo assistindo a comemoração de Gabriel Bortoleto com amigos, família, namorada e membros da equipe Invicta, que agora tem um título mundial para chamar de seu.
Aliás, a última imagem que registro é ver Gabriel Bortoleto abraçando efusivamente o seu empresário.
Que, por sinal, vai bater roda com ele em 2025.
Fernando Alonso.
Nem mesmo nos sonhos mais loucos do Gabriel essa cena poderia acontecer.
Se você não conhecia Gabriel Bortoleto, recomendo que você pesquise sobre ele antes de virar modinha.
Ou que me dê créditos no futuro por ler algumas coisas sobre ele que convenceram a você a voltar a assistir a Fórmula 1.
Porque, depois de tantos anos, voltamos a ter um brasileiro para torcer na principal categoria do automobilismo mundial.
Boa sorte na Fórmula 1, Gabriel. E parabéns pelo merecido título da Fórmula 2.