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Cozinhar arroz é “fácil”!

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Sim, amigo leitor. Eu não vou participar do MasterChef Brasil, mas vou escrever uma crônica sobre culinária. E como prato principal, o favorito de 14 entre 10 brasileiros: o arroz.

Não é um prato difícil de fazer, convenhamos. Apenas o ovo frito e o miojo (e esse segundo item nem comida é direito) podem ser considerados mais fáceis do que preparar um arroz. Até ovo cozido é mais difícil, porque você precisa marcar o tempo certo para o ovo não estourar.

E não sou eu que vou ensinar você a preparar um arroz. Se você veio até esse texto para encontrar uma receita diferente para um dos pratos mais populares entre os brasileiros, eu preciso dizer para você que… talvez não tenha ficado muito claro no logo desse blog, mas eu não sou a Palmirinha Onofre. Talvez ela pode ajudar você a oferecer uma receita de um bom arroz.

Já eu? Me esforço para não salgar o arroz. Muito menos para deixar o arroz duro demais, ou impedir que ele se transforme em um mingau horroroso que nem um recém nascido ou um idoso sem dentadura suporta comer. Também tenho como missão evitar que o arroz queime na panela, pois ninguém merece comer arroz queimado no almoço.

E isso, porque eu comecei esse texto dizendo que fazer arroz é fácil!

É é mesmo. O que é difícil nessa vida é viver sem salgar a vida dos outros, sem ofender a alma de alguém com ofensas, ou até mesmo acabar com o paladar do indivíduo com as coisas que saem da nossa boca.

Por duas vezes nos últimos 30 dias, eu cozinhei arroz para outras pessoas. Cozinhei para pessoas que eu amo, e por diversas vezes ouvi de cozinheiros amadores e profissionais que cozinhar é um gesto de amor, onde você entrega o melhor de si para alimentar o corpo do próximo.

Concordo plenamente com a afirmação do parágrafo anterior. Aliás, eu entendo que não existe outra forma aceitável para fazer qualquer coisa nessa vida que não seja com amor. Não admito uma entrega parcial do indivíduo para realizar qualquer tarefa ou atividade. Se eu fizer isso, me sinto um ser incompleto. E a regra vale do fazer arroz ao fazer sexo, passando é claro pelo trabalho, pelo canto coral, pela limpeza da casa, pela gentileza em conduzir um deficiente visual até o ponto de ônibus e, é claro, pela compreensão do próximo em suas diferentes visões de mundo.

Não salgamos o arroz de propósito, mas é possível evitar que ele fique salgado e insuportável dosando a quantidade de sal. Da mesma forma que podemos realçar o sabor do prato com temperos, como alho, cebola, salsinha e cebolinha.

Para o arroz e para a vida, o equilíbrio dos ingredientes para realçar o bom sabor é um desafio que enobrece a jornada de cozinheiros e seres humanos. Recentemente, estou aprendendo a equilibrar a quantidade de sal para realçar o sabor da comida e da vida (também com o objetivo em reduzir eventuais problemas renais), mas compreendendo também a necessidade de, em momentos pontuais, apimentar as coisas para expandir as papilas gustativas e o prazer em fazer tudo o que eu amo, utilizando os temperos certos para que os pratos e os melhores momentos da minha vida se tornem memoráveis.

O tempo mostra que a vida é parecida com a arte de cozinhar. Você combina ingredientes e elementos de diferentes indivíduos e lugares para criar pratos e visões de mundo completamente novas. Em alguns casos, o novo prato e um novo projeto de vida se transformam em um verdadeiro desastre. Mas com alguns ajustes de ingredientes, a inovação se transforma em algo delicioso e revolucionário, transformando a sua existência para sempre.

Ou você vai para a Le Cordon Bleu, ou escreve novos capítulos inesquecíveis no seu livro de receitas de sua vida.

Ah, e antes que eu me esqueça… felicidade não é receita de bolo, e cabe a você elaborar a sua receita de felicidade. Você pode replicar o bolo da Palmirinha Onofre, mas nunca será tão feliz como ela foi quando ela constatou que chegou naquela receita deliciosa sozinha.

E o fato de não ter errado o arroz que eu fiz para as pessoas que eu amo já me diz muitas coisas sobre a minha receita para a felicidade: menos sal, ais temperos….

…e uma pitada de pimenta de tempos em tempos.


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@oEduardoMoreira