Os golpes pelo telefone acontecem em qualquer lugar do planeta, infelizmente. Mesmo com todos os sistemas de controle e prevenção estabelecidos por governos e operadoras de telefonia móvel, somos bombardeados por SPAM telefônico que, de forma eventual, se transformam em tentativa de roubar o nosso dinheiro.
Os idosos são, de forma inevitável, os alvos mais vulneráveis, pois são mais suscetíveis às manipulações de engenharia social. Normalmente acreditam que a voz da pessoa do outro lado da linha é a filha ou o neto e, na hora do desespero, não pensam que aquela pessoa pode ser um criminoso em busca de informações financeiras.
O único problema para os criminosos é que eles não contavam com a Daisy, a IA que engana golpistas se passando por uma adorável velhinha.
Daisy, a vovó mais esperta que criminosos
A Daisy é uma criação da operadora de telefonia britânica O2, e é uma inteligência artificial que age como um escudo digital para os usuários mais velhos.
Ouvindo a Daisy pela primeira vez, ela não se difere de uma idosa real. Sua voz carrega a suavidade e hesitação de uma avó gentil, mas sua essência é de pura tecnologia.
A campanha da O2, ao usar Daisy, não visa apenas frustrar os golpistas, mas educar o público sobre as ameaças que aparecem todos os dias através da engenharia social.
E o método de prevenção é bem simples: quando a chamada é atendida e se identifica a tentativa de golpe, Daisy entra em ação, contando uma série de longas histórias, tal e como qualquer vovó real faria ao telefone.
De netos fictícios a receitas inventadas, Daisy tem um repertório completo para “entreter” a pessoa do outro lado da linha. Com isso, o tempo e a paciência dos criminosos se esvaem.
Na prática, Daisy é um mosaico de vários modelos de IA trabalhando juntos. Ela ouve com a precisão de uma profissional e responde com a cadência de uma voz que parece de carne e osso. Cada diálogo é uma armadilha onde os golpistas caem sem perceber.
Histórias que prendem você na linha
Durante os testes, Daisy manteve os golpistas falando por até 40 minutos, comprovando a eficiência do sistema. Cada minuto a mais é um triunfo silencioso, e uma frustração invisível para quem tenta dar golpes em idosas indefesas, já que perdem um precioso tempo relatos inventados como se fossem reais.
Eu juro que gostaria (e muito) de ver um sistema semelhante funcionando no Brasil. Ou melhor: que existisse um programa de orientação aos idosos para que eles fossem treinados a fazer exatamente a mesma coisa quando um criminoso tentasse o golpe do falso sequestro pelo telefone.
Embora a Daisy ainda não esteja disponível para o grande público em geral, sua existência é uma prova de que a tecnologia pode ser usada para enganar quem quer enganar. É uma antecipação do que está por vir na luta contra os golpistas.
No Reino Unido, os golpes telefônicos aumentam em uma espiral que não dá sinais de frear, tal e como acontece no Brasil. E aqui, a escala de golpes é bem maior, pelo próprio tamanho da população.
Daisy é uma resposta criativa a essa crise e, ao mesmo tempo, um sinal de alerta: a proteção aos nossos idosos precisa ser expandida, e a conscientização deve ser constante.