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Death Note (2017) | Cinema em Review

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Death Note

Death Note tinha tudo para ser o primeiro megahit cinematográfico da Netflix. Dois anos de desenvolvimento e uma história muito interessante, mas não foi dessa vez.

Aliás, muitos se perguntam quando é que a Netflix vai lançar um filme seu que seja realmente bom.

Na verdade, um filme não precisa ser excelente para chamar a atenção de milhões, e Death Note tinha a seu favor o fato de ser um mangá muito popular, criado por Tsugumi Ohba e Takeshi Obata.

A polêmica veio rápido com a decisão de realizar mudanças na história para ajustar a trama para os Estados Unidos. Porém, nem isso é desculpa para um filme tão falho e sem as virtudes da obra oficial, com falhas que se multiplicam assustadoramente.

 

 

O filme assume todas as liberdades de adaptação para uma obra original. Tem gente que vai odiar o filme apenas por isso, mas é importante que uma adaptação encontre sua voz própria no lugar de apenas reproduzir o material de sua origem. Mas em algumas vezes o ideal é manter a essência, ou se assemelhar muito do original.

Mas não foi isso que afundou Death Note.

O grande erro do filme foi abraçar o mundo em tão pouco tempo.

Isso poderia acontecer, mas não em uma série de decisões que resultam em um retrato superficial de toda a trama, seus personagens e suas relações. Tudo acontece ao mesmo tempo e muito rápido, e as poucas ideias interessantes que levariam a algum lugar acabam resultando em frustração.

O filme pecou em não criar uma dinâmica que capturasse um certo interesse em cimentar as bases da relação telespectador-história a ser contada. O que fez os fãs da literatura se apaixonarem por Death Note está no detalhar dessas relações e aspirações, e o longa só mostra uma obsessão em uma necessidade narrativa mais ágil, apenas para não perder esses detalhes, mas sem apreciá-los ou valorizá-los.

 

 

Um justiceiro urbano que fica meio louco antes de ver que tudo o que o cerca é mais complexo do que parece. Porém, ele não tem tempo para refletir o cenário geral, e sua atitude mostra uma grave inconsistência de personalidade, o que atrapalha muito na hora de levá-lo a sério.

Exemplo: ele passa de inteligente a burro na mesma cena, e seu foco em tudo é algo desesperador. Sim, esse perfil até podia ser importante para que a história avançasse, mas o conceito precisava ser melhor trabalhado.

Manter o jogo de gato e rato entre Light e L seria muito interessante. O fato do segundo ser um afro-americano é irrelevante (já que a história foi adaptada para os Estados Unidos), mas o ritmo acelerado destrói a química entre os dois personagens, e isso é algo simplesmente inaceitável.

A rivalidade entre os dois no longa não engata, e isso provoca mais o sentimento de indiferença do que qualquer outra coisa. Mais uma vez, o problema não está no fato de Death Note ser orientado para o público ocidental, mas sim o ritmo dos acontecimentos. Sem falar em um final que estraga tudo de vez.

Obviamente, Adam Wingard tentou criar uma atmosfera cativante, uma tônica para o seu filme. Porém, o longa carece de energia no manejo da câmera e o acabamento visual é um pouco plano, quase em forma de telefilme (o que não é uma crítica).

 

 

O mais grave de tudo é que tudo isso fica reduzido a aspectos tão básicos, que o filme cai em um absurdo vazio. Uma alarmante mediocridade que afeta todos os elementos que poderiam chamar a nossa atenção. Ao seu favor, Death Note não é um desastre de proporções épicas no estilo de Ridiculous 6, mas é sim um total e completo nada.

Por fim, Death Note decepciona constantemente, propondo coisas que não explora, deixando o telespectador na terra de ninguém na melhor das hipóteses, ou levando ao desespero o pobre telespectador que testemunha o que acontece na tela na pior das hipóteses.

É uma proposta vazia, e o pior de tudo é que parece que a Netflix deu total liberdade para seus criadores fazerem o que quiserem. Em teoria, era um ótimo projeto, mas na prática, um erro terrível da plataforma de streaming.

 

 


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@oEduardoMoreira