Isso aqui era tão previsível, que receber essa notícia comprova a cretinice do pessoal da Humane. E isso, porque muitos foram lá massacrar o Marques Brownlee por ter chamado o AI Pin de “o pior dispositivo de tecnologia que testei em toda a minha vida”.
A Humane está em processo de venda um mês depois de lançar o AI Pin no mercado, dispositivo que foi massacrado por todo mundo que testou o produto.
E eu cantei essa bola antes: o lançamento do AI Pin todo problemático e essa enorme capitalização de recursos (foram 230 milhões de dólares investidos na empresa) poderiam ter como objetivo final a venda da própria Humane, só para transformar meia dúzia de aventureiros em milionários da noite para o dia.
Não será uma tarefa das mais fáceis
É importante destacar que essa notícia de venda da Humane chega uma semana depois que OpenAI, Google e Microsoft mostraram seus respectivos avanços de suas tecnologias de Inteligência Artificial, deixando cada vez mais claro que um produto como o AI Pin é caro e inútil.
Da mesma forma que o Rabbit R1, outro dispositivo com IA, muito provavelmente será com o passar do tempo. O setor está se tornando cada vez mais integrado aos dispositivos que já utilizamos, ou se adaptando aos elementos que sempre carregamos no corpo, como óculos e relógios.
De qualquer forma, a Humane quer “se vender” em um valor de mercado avaliado entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão. É uma grana que dá para devolver o dinheiro dos investidores e deixar os seus realizadores ricos o suficiente para iniciar um novo golp… ops, desculpe… iniciar uma nova empreitada no mundo da tecnologia.
O problema aqui é: o que fazer com o AI Pin
O produto não só não cumpre o que promete, mas fica muito atrás de tudo o que as gigantes do setor de tecnologia apresentaram nos últimos dias no campo de IA.
Seja lá quem for que vai comprar a Humane, vai ter que enxergar algo que dê para aproveita na tecnologia do AI Pin para incorporar em futuros produtos. Como eu não sou pago para isso, não posso afirmar que tal potencial existe no produto que conhecemos no mês passado.
E quem pode comprar a Humane?
A empresa mais próxima da Humane neste momento é a Microsoft. Mas duvido que Satya Nadella fará esse investimento quando precisa reequilibrar as contas no Xbox e deixar o Windows e o Office financeiramente sustentáveis.
A Meta é outra candidata indireta, pois Mark Zuckerberg é meio doido. Mas como a empresa precisa fazer o Metaverso sair do estágio de “jogo ruim do Nintendo Wii U” e já possui um dispositivo próprio voltado para isso, não creio que o menino Zuck vai querer ter outro produto para chamar de seu.
A Apple desenvolve as suas próprias tecnologias e dispositivos. Seria até interessante ver a empresa transformar o AI Pin em um bolo ou purê mais interessante do que esse produto que não funciona direito. Mas não imagino o Tim Cook deixando essa bomba para quem for assumir o comando da empresa após a sua saída.
O Google é a empresa do Beta. Desenvolve produtos e soluções próprias, e é muito raro ver essa gigante comprando outra empresa. E quando faz isso, adquire uma divisão móvel da Motorola, e não uma desconhecida criada por dois ex-funcionários da Apple.
Quem sabe a Amazon, pois Jeff Bezos é outro sem noção. Por outro lado, alguns dispositivos que a empresa criou não estão nas melhores lembranças dos usuários, mesmo com os sucessos do Kindle e do Echo.
Então… sobre um Elon Musk da vida. Aliás, a Humane e o AI Pin tem bem a cara do dono da Tesla.
Vamos esperar o tempo passar. Pode ser que eu acerte no chute dessa vez. Musk é, talvez, aquele mais próximo de querer comprar algo que já é inútil para transformar em algo ainda mais inútil e de gosto duvidoso.