Lembra do James Howells, aquele cidadão britânico que perdeu um disco rígido contendo Bitcoins avaliados em 742 milhões de euros? Então… ele é brasileiro, e não desiste nunca.
Após ter seu pedido negado pela justiça para buscar o disco em um aterro sanitário, ele agora considera comprar o próprio aterro para realizar suas buscas. Em teoria, não tem nada na lei que o impede de comprar o lixão, exceto o fato de que ele precisa ter o dinheiro para pagar ANTES de concretizar a compra.
O principal obstáculo de James neste momento (caso a compra aconteça) não é nem a legislação de sua cidade. É a matemática, mais precisamente, as estatísticas que jogam contra sua tentativa de encontrar o HD milionário.
Entenda a problemática da equação
O aterro sanitário de Docksway onde supostamente está o disco tem dimensões colossais: são aproximadamente 500.000 metros quadrados, equivalente a 70 campos de futebol.
Outro fator complicador é a profundidade do local, com mais de 20 metros de altura de resíduos acumulados, totalizando um volume estimado em 10 trilhões de centímetros cúbicos.
Quando comparamos essas dimensões com o tamanho do disco rígido, que mede apenas 70 centímetros cúbicos, a probabilidade matemática de encontrá-lo em uma tentativa aleatória é de 1 em 143 bilhões.
Isso representa uma chance 3.000 vezes menor do que ganhar na loteria nacional do Reino Unido.
Mesmo adotando uma busca sistemática e não aleatória, o tempo necessário para cobrir toda a área seria enorme. Calculando que cada busca de 1.000 centímetros cúbicos leve um segundo (o que seria um tempo excepcional), seriam necessários 10 bilhões de segundos para percorrer todo o aterro – o equivalente a 316 anos de busca ininterrupta.
Se uma equipe trabalhasse 24 horas por dia, sete dias por semana, durante um ano inteiro, as chances melhorariam, mas ainda assim permaneceriam em 1 em 316 – uma probabilidade extremamente baixa para um investimento tão alto.
Quanto poderia custar a brincadeira para o James?
Do ponto de vista financeiro, o valor estimado da busca, considerando a probabilidade de sucesso em um ano, seria de aproximadamente 1,9 milhão de libras. Isso significa que, se o custo da operação de escavação e análise dos resíduos for inferior a esse valor, o investimento poderia ser considerado lucrativo.
Mas como estamos falando de um cenário onde o mundo é perfeito (e, obviamente, ele não é)…
Além do desafio de localização do item, existe a grande incógnita sobre o estado de conservação do disco após anos enterrado sob toneladas de lixo. Fatores como umidade, produtos químicos em decomposição e a compactação do lixo podem ter danificado irreversivelmente o dispositivo, que pode simplesmente não funcionar.
Mesmo que o disco seja encontrado, existe a possibilidade da memória NAND ter perdido sua integridade, impossibilitando a recuperação da chave Bitcoin, o que tornaria essa busca em vão de qualquer forma.
Howells considerou utilizar tecnologias avançadas como inteligência artificial e robôs de escavação, mas essas alternativas aumentariam consideravelmente os custos do projeto.
É claro que as chances de encontrar 742 milhões de euros em Bitcoin no lixo torne a busca tentadora, os cálculos indicam que a probabilidade de sucesso é praticamente nula, tornando o empreendimento virtualmente irracional, apesar do montante considerável em jogo.
Sério, James… apenas pare de tentar, e aceita que você foi burro e jogou no lixo (literalmente) uma quantia milionária… e segue com a sua vida.
É melhor para todo mundo.
Via The Conversation