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É muito mais importante ter fracassos na vida do que sucessos instantâneos

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“Muitas portas podem se abrir para você, mas… escolha as mais difíceis. É muito mais importante ter fracassos na vida do que sucessos instantâneos. Se você escolhe o caminho do trabalho e do esforço, você chega muito mais longe.”

Bem na minha frente, a placa com os dizeres “Sem Luta Não Há Vitória” permanece. Eu recebi essa placa em 1994, e ela me acompanhou por todos os lugares que vivi, como um mantra na minha vida. E quanto mais consciente eu sou que esta é uma verdade inescapável da minha existência, mais tranquilo eu fico sobre tudo o que está por vir no meu futuro.

Eu não quero dar uma de “coach” nesse texto. Longe de mim ser aquele cara que fracassou e quer mostrar como pode alcançar o sucesso (e cobrar mais de R$ 5.000 por pessoa para falar sobre isso). Quero apenas compartilhar alguns pensamentos baseados nas minhas experiências de vida, e nada mais. E, com sorte, esperar que alguém leia essas palavras com atenção. Mais do que isso: esperar que as pessoas que mais precisam ouvir palavras de incentivo depois do fracasso possam encontrar esse texto.

Eu espero poder ajudar. Só isso.

Não faz muito tempo que eu ouvi de alguém muito próximo que eu sou um fracassado pelas escolhas que eu fiz na vida. De fato, eu poderia ser um comandante do exército, ou um empresário bem sucedido. Poderia até ser um piloto da aeronáutica ou um astronauta, duas profissões que eu sonhei ter quando eu era criança. Mas eu não fui nada disso. Optei por ser um blogueiro quebrado, que ganha pouco, vive de aluguel em uma cidade cara, e precisa passar seis horas por dia escrevendo na internet para colocar comida em casa.

Por outro lado, hoje eu tenho um dos blogs de tecnologia com relevância e reconhecimento nacional, trabalho seis horas por dia da forma como eu quiser e na hora que eu quiser, estou em três dos melhores corais de uma das capitais brasileiras mais bonitas (Florianópolis), ajudo na assessoria de imprensa desses três corais, sou coordenador do melhor coral da cidade… é… aos 40 anos, até que eu estou indo bem.

Mas não nego que eu tive fracassos ao longo da minha jornada. Vários. Inúmeros. Eu fracassei por diversas vezes até conseguir acertar qual era o meu melhor timing para escrever um texto, errei várias notas até acertar linhas melódicas complexas (e devo dizer que eu desafino até hoje de vez em quando, e todo cantor desafina em algum momento), fracassei no meu primeiro casamento, nas amizades que perdi por não saber ouvir ou compreender que as pessoas não são perfeitas.

Fracassei por um dia acreditar que eu era perfeito, e por não acreditar que a perfeição não existe.

Uma das mais duras lições que eu aprendi na vida foi entender que o fracasso era um dos estágios do sucesso. Foi duro aceitar as minhas imperfeições e derrotas como partes de um longo processo de aprendizado, onde só depois de muito treino e luta é que eu poderia dizer que cheguei a algum lugar. A falta de maturidade e impaciência do passado foram substituídas por uma visão mais clara e racional no presente. Hoje, eu consigo antecipar passos e atitudes que permitem a minha mudança de decisão para alcançar objetivos maiores. E todo esse aprendizado continua, de forma lenta e gradativa, mas em um ritmo constante. Felizmente.

E, mesmo assim, eu insisto que eu não teria aprendido com os fracassos se eu não tivesse promovido em mim uma mudança que, hoje, eu considero fundamental para qualquer pessoa que quer abrir novos horizontes: o auto perdão.

Eu tive que me perdoar dos meus erros do passado (que foram muitos, confesso), e entender que hoje eu não sou mais aquela pessoa que falhou tanto consigo e com os outros. Entender que eu tinha que errar para poder acertar no futuro, e que o ideal mesmo seria compreender naquela época que eu era muito mais um ser experimental do que um adulto formado e pronto para as dinâmicas práticas da vida. Eu precisei aceitar os meus fracassos como parte de um processo de crescimento. Ao mesmo tempo, eu precisava respeitar o tempo e os seus ensinamentos para ser menos exigente comigo e com os outros.

Hoje, eu sou uma pessoa que aceita os fracassos sem revoltas e com poucas mágoas. É óbvio que eu detesto perder, e ainda fico me culpando por algumas coisas que dão errado no meio do caminho. Mas nesse momento da minha vida, eu não transformo essa auto cobrança em um processo de auto flagelação, que só vai resultar em uma tortura emocional que não vai me levar a lugar nenhum.

No lugar de me revoltar, culpar a mim mesmo pela derrota ou pior, culpar aos outros pelos meus fracassos (um ato bem covarde, por sinal), eu prefiro olhar para as cicatrizes que ficaram no corpo, respirar fundo, identificar onde está doendo, providenciar os curativos e seguir em frente. Sempre procurando entender onde foi que deu errado, e buscando alternativas para não repetir a queda.

Eu poderia escolher o caminho mais fácil, ou seja, me vitimizar e esperar que venham cuidar das minhas feridas. Mas desse modo, eu jamais saberia quais eram as portas mais difíceis que iriam se abrir diante dos meus olhos. Eu sempre teria aceitado a porta mais fácil. Não estou recusando a ajuda de ninguém. Mas quero que me ajudem a olhar para frente para buscar as portas mais desafiadoras.

A porta de entrada para um palco é sempre mais desafiadora que a porta da enfermaria. Fato.

E se você está nesse momento pensando nas cicatrizes que a queda deixou no seu corpo, eu encerro esse texto lembrando as sábias palavras da canção de Paulo Vanzolini:

 

“Reconhece a queda, e não desanima
Levanta, sacode a poeira, e dá a volta por cima.”


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@oEduardoMoreira