Permanecer por anos no mesmo emprego é para poucos.
Eu mesmo já acho um desafio enorme trabalhar para mim mesmo durante 16 anos. Que dirá ser o funcionário de alguém por décadas. Ter que aguentar a rotina de trabalhar com colegas de trabalho chatos e um chefe insuportável me dá vontade de morrer só de pensar no cenário.
Agora… imagina se o seu chefe por décadas foi ninguém menos que Steve Jobs, e a empresa em questão é a dona Apple…
Digo logo de cara que Chris Espinosa é meu herói por aguentar tanto na vida.
Conheça Chris Espinosa
O protagonista deste artigo é Chris Espinosa, um dos primeiros funcionários da Apple. Ele começou a trabalhar na empresa aos 14 anos, e está lá até hoje.
Espinosa tem hoje 62 anos de idade, e seus mais de quatro décadas de experiências em uma das maiores empresas de tecnologia do mundo torna sua trajetória profissional algo único no mundo.
Ainda mais considerando o setor de tecnologia, onde a rotatividade de funcionários é alta. O mais normal é ver um engenheiro ou programador passar por várias empresas em um curto espaço de tempo.
E se tem alguém que pode falar sobre a evolução da Apple e de sua cultura de trabalho é Chris Espinosa. Sua vivência por lá resultou em um enorme baú de histórias para contar.
Espinosa conheceu Steve Jobs de forma totalmente casual em uma loja de informática, antes mesmo de a Apple se consolidar como empresa.
“No verão de 1975, um dos meus amigos e colegas fãs tinha um pai que era diretor de IS na Kaiser Aerospace and Electronics, e ele tinha alguns ingressos para o California Computer Show, que foi realizado no Rickey’s Hyatt. Esse amigo meu e eu fomos com o pai dele ao show. Andamos pelos corredores e havia grandes unidades de disco e minicomputadores (…).
Mas havia um cara em uma cabine 5 x 5 com uma mesa de cartas e um perfurador de fita adesiva ASR-33, com o qual estávamos muito familiarizados. Não havia outros teletipos ASR-33 no solo, era completamente antigo e eu estava tentando conectá-lo a um MITS Altair 8088 com leitura do Microsoft BASIC de um perfurador de fita. Embora nunca tivéssemos visto um Altair e nunca tivéssemos visto o Microsoft BASIC, sabíamos como fazê-lo. Então, meu amigo e eu colocamos a máquina em funcionamento. O cara se apresentou como Paul Terrell e nos entregou alguns panfletos sobre sua loja, Byte Shop, que seria inaugurada no mês seguinte em Mountain View.”
Ele começou a trabalhar no Apple I, um dos primeiros produtos da empresa, contribuindo para o desenvolvimento e documentação dos sistemas da Apple.
E fez isso com apenas 14 anos de idade, o que mostra que Jobs sabia reconhecer talentos precoces que poderiam ajudá-lo no desenvolvimento de seus produtos.
A contribuição de Espinosa na história da Apple
Chris Espinosa desempenhou papéis importantes em vários projetos-chave da Apple, incluindo o desenvolvimento do Apple II e a documentação do projeto Macintosh.
Nosso protagonista era versátil o suficiente para se adaptar a diferentes funções dentro da empresa ao longo dos anos, o que o ajudou nessa longevidade na Apple.
Além de trabalhar com UX, HyperCard e Taligent, ele foi um dos engenheiros por trás do AppleScript e contribuiu para o desenvolvimento de sistemas operacionais como o Mac OS X e o iOS Family Sharing.
É fácil concluir que o impacto de Espinosa na Apple é considerado profundo e multifacetado, o que ajudou a conquistar a confiança de Jobs e outros líderes corporativos dentro da empresa.
Porém, nem mesmo um dos melhores e mais longevos funcionários da história da Apple teve a sua influência e habilidades totalmente reconhecidas.
Apesar de sua dedicação e importância para a Apple, Espinosa não foi incluído na oferta pública de ações da empresa.
Steve Jobs decidiu não conceder opções de ações a alguns dos primeiros funcionários, o que impactou financeiramente Espinosa.
Essa decisão gerou controvérsias e mostra um lado menos conhecido da história da Apple, onde nem todos os pioneiros foram recompensados adequadamente nos aspectos financeiros.
E diante de tudo isso, a história de Espinosa na Apple é ainda mais louvável, pois ele se manteve fiel à empresa, mesmo diante dessas injustiças.
Com 44 anos de empresa, Espinosa supera em longevidade até mesmo Steve Jobs, que esteve na Apple por 24 anos devido à sua saída para fundar a NeXT e seu falecimento precoce.
Essa rara história de permanência em uma única empresa de tecnologia ao longo de toda uma vida profissional transforma Espinosa em uma figura lendária na Apple.
Ele é a história viva de uma empresa que evoluiu a ponto de se tornar uma gigante.