Press "Enter" to skip to content
Início » Resenhas e Reviews » Estrelas Além do Tempo (2016) | Cinema em Review

Estrelas Além do Tempo (2016) | Cinema em Review

Compartilhe

estrelas alem do tempo

 

Muito além do seu tempo. Ao mesmo tempo, atual. Do nosso tempo.

Estrelas Além do Tempo fala de tantas coisas que foram reais na década de 1960, mas que valem para o nosso tempo. Para aprendermos com o passado, na tentativa de sermos mais conscientes no presente. Não falo apenas da revolução feminina, mas também do preconceito contra os negros e as minorias. Curioso como os norte-americanos contam com um filme que, mesmo 50 anos depois dos fatos, ainda é atual, por conta de um momento político conturbado.

Katherine Johnson, Dorothy Vaughn e Mary Jackson eram “figuras escondidas” (para fazer juz ao título original), mas foram protagonistas e decisivas na corrida ao espaço, que servia de perfumaria para a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. Em uma NASA dominada pelos homens brancos, essas três mulheres negras, muito além do seu próprio tempo, superou o machismo, o racismo, e as dificuldades mais que latentes para que elas desenvolvessem suas carreiras brilhantes.

Katherine, uma matemática brilhante, é deslocada para o departamento que cuida das missões espaciais na NASA. Os norte-americanos estavam atrás dos russos nessa corrida, muito por conta de profissionais arrogantes, prepotentes, e que não sabiam fazer contas.

Para ajudar nesse desenvolvimento dos foguetes, a NASA convoca o pessoal da IBM para instalar um novo computador, para tornar os cálculos mais rápidos e precisos. Porém, ninguém sabia como operar esse computador. Então, Dorothy Vaughn é mais uma que desafia tudo e todos, se tornado uma especialista em FORTRAN (linguagem de programação desse computador), se tornando a primeira supervisora da NASA para assuntos de tecnologia.

Já Mary tinha como sonho se tornar uma engenheira aeroespacial, mas sabia que só poderia conseguir isso estudando na Universidade de Virginia, que por sua vez não admitia negros, passando por cima das leis federais e até da Suprema Corte dos Estados Unidos.

 

 

Amigos… o racismo existe até hoje, e isso é um fato. Pode estar mais velado, pode estar disfarçado em convenções sociais. Mas ele existe. Seja no fato de três senhoras rirem das piadas com os negros durante o filme, ou seja com o fato de uma empresa eliminar os negros no processo de seleção na vaga de emprego nos requisitos para o cargo. O racismo existe, de forma bem sutil.

Filmes como Estrelas Além do Tempo servem para dar um soco no estômago da conservadora sociedade, mostrando um tempo onde a coisa era mais escancarada, fazendo com que hoje todos reflitam sobre seus pensamentos e posicionamentos dentro dessa causa. Muita gente se incomoda quando o cinema trata do tema racismo (vide todas as críticas que 12 Anos de Escravidão recebeu, por expor o tema à carne viva), mas fato é que, no ano passado, o Academy Awards não tinha nenhum negro entre os indicados das principais categorias.

Eu concordo que os tempos são outros, mas o problema ainda existe, e o mínimo que podemos fazer é nos colocarmos em profunda reflexão sobre como diminuir esse abismo social, cultural e intelectual que existem entre as diferentes raças e etnias.

Eu realmente acredito que não é a cor da pele que define o caráter, o profissionalismo ou a aptidão para alguém realizar algum feito, seja ele qual for. Talento é algo que não tem cor. Inteligência, também não. Talvez falte hoje muito mais oportunidades para aqueles que podem mostrar todo o seu potencial se desenvolverem como indivíduos que podem fazer a diferença no mundo.

Se tem uma lição clara que Estrelas Além do Tempo deixa é essa: você pode ser o que você quiser, desde que você tenha a oportunidade de mostrar o seu talento e o que você é.

 

 

Estrelas Além do Tempo é um filme que não te cansa. Seu ritmo é ótimo, o seu roteiro é muito bem feito e planejado, sua estrutura narrativa é impecável, o elenco está muito equilibrado, com nomes do porte de Taraji P. Henson, Kevin Costner, Octavia Spencer, Jim Parsons, Janelle Monáe e Kirsten Dunst mostrando ótimos desempenhos, e em uma história que envolve você do começo ao fim.

É fácil comprar as causas do nosso trio de protagonistas. É fácil você se irritar com os personagens que escondem seu racismo atrás da burocracia. É fácil você se comover com os encontros e desencontros da vida dessas corajosas mulheres. E o filme faz tudo isso sem ser piegas, sem apelar, sem jogar para o lado emocional exacerbado.

É um filme que dá gosto ver entre os indicados ao Academy Awards. Tecnicamente bem feito, com uma produção impecável, com uma estética visual imersiva. É um filme que funciona do começo ao fim, e por conta disso, é fácil você ter vontade de rever o longa.

São 2h06 que passam depressa, e deixam várias lições e pontos de reflexão para o espectador. Filmes assim ajudam a moldar o caráter das pessoas. Temos que agradecer ao cinema por contar histórias como essa.

 


Compartilhe
@oEduardoMoreira