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Extraordinário (2017) | Cinema em Review

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extraordinário

As nossas marcas indicam por onde passamos. Para onde vamos. Mostram o quanto lutamos.

Penso que todo mundo já se sentiu um dia dentro de um capacete de astronauta, com o desejo de se isolar do mundo para se proteger. Alguns de nós queriam usar a mesma máscara para que não pudessem ver as nossas marcas no rosto. Alguns simplesmente desejam ser aceitos como são, mas recebem o preconceito e a provocação daqueles que se consideram “normais”.

Extraordinário aborda tudo isso e muito mais.

É um filme que trata de preconceito e aceitação de forma bem sutil, com toques de humor mas com muita sensibilidade. O personagem central mostra uma grande maturidade, apesar de sua pouca idade. Algo que é quase fundamental para uma história que tenta deixar lições de vida bem claras.

A narrativa mostra a evolução do garoto que, dentro desse processo de auto aceitação, tenta viver uma vida escolar relativamente normal, mesmo com todos os obstáculos evidentes apresentados, especialmente pelos seus colegas de escola. Porém, tal e como acontece em tantas histórias de superação que já vimos no cinema, nosso herói preferiu ser gentil do que estar certo, e isso fez com que sua redenção fosse pacífica.

A aparente fragilidade do protagonista contrasta com a sua força interior, e o seu desejo de se desafiar e seguir em frente com a vida, apesar de todas as dificuldades. Essa dualidade mostra a capacidade de superação do garoto, e essa é uma das lições que o filme deixa.

Por outro lado, Extraordinário mostra também como as vidas daqueles que cercam o nosso protagonista foram afetadas por conta de sua força de vontade e perspectiva de futuro. É quase uma corrente do bem consolidada, onde em função dele todos ao seu redor crescem e aprendem, refletindo sobre suas próprias vidas.

É um filme com uma narrativa linear, mas com momentos tocantes, que valem o ingresso. Ajuda e muito o texto com momentos pontuais, e um roteiro que dá ênfase para os traços de humanidade para cada um dos personagens.

É fácil entender e perceber que cada um dos principais personagens possuem suas próprias marcas no corpo, que precisam ser cicatrizadas, camufladas ou curadas, dependendo do momento em que cada um deles está vivendo e absorvendo suas próprias lutas. Porém, cada um deles acaba vendo no menino o elo de ligação para superar seus próprios desafios e resolução de alguns dos seus problemas.

É um filme que também bate em problemas típicos da nossa sociedade atual, como por exemplo a mãe que deixa a filha de lado para dar mais atenção para o filho mais novo, a rejeição social, o bullying e outros sintomas da vida moderna. Mostra também como a influência dos pais pode ser decisiva para modificar a perspectiva de um filho, que na tenra idade acabam seguindo o pensamento e comportamento dos pais.

Com sorte, algumas das crianças desenvolvem um senso crítico ainda na infância, o que ajuda e muito a resultar em adultos com pensamentos mais maduros e racionais.

Talvez o que acabe incomodando no filme é a sua parte promocional. Sonia Braga é creditada no elenco principal, mas sua participação ao longo de todo o filme é de apenas uma cena, que dura menos de dois minutos. Sua presença tem apenas uma referência narrativa, ou apenas para dizer que a origem da personagem de Julia Roberts é de origem brasileira.

Do mais, Extraordinário é um filme que cumpre o que promete, entregando o estabelecido pela sua proposta. Acerta ao abordar temas e discussões que, de tempos em tempos, precisam sim ser discutidos pelas pessoas. Além de oferecer lições que farão com que os adultos despertem para o que realmente é importante nas nossas vidas.

A aparência física se perde com o tempo (ou, nesse caso, logo de cara), e o que realmente importa é como nos enxergamos por dento. E em como vemos dentro de cada um que está ao nosso redor.


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@oEduardoMoreira