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F1 2024 | GP da Hungria | Primeira vitória de Piastri ofuscada pela própria McLaren

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Não era para ser assim, definitivamente.

Quem sabe Oscar Piastri apresentasse um maior entusiasmo em sua primeira vitória na Fórmula 1 ao concluir o GP da Hungria em condições normais de temperatura e pressão. Talvez ele mesmo entenda que tudo o que aconteceu hoje não foi o correto, nem com ele, nem com Lando Norris.

Fato é que os dois pilotos da McLaren foram vítimas das circunstâncias de uma corrida que entregou muito mais emoção nos bastidores com as conversas de rádio do que com a ação em pista.

E a emoção da primeira conquista deu lugar para (de novo) a discussão sobre as históricas trocas de posições em pista.

 

Entregando os pontos

Sou um romântico, nostálgico e iludido torcedor de Fórmula 1, que sempre pensa que o melhor em pista tem que vencer. Mas sempre esbarro no conflito ético dos interesses da equipe sobrepondo os desejos individuais dos pilotos.

Historicamente, a Fórmula 1 se estabeleceu como uma categoria de EQUIPES e não de PILOTOS. Quem está conduzindo os carros depende das estratégias das equipes, e isso é fato mais do que consumado (não é mesmo, Verstappen?).

Mas aquela peça entre o assento e o volante faz a diferença (certo, Perez?). E quando essa peça se torna refém das estratégias das equipes, as polêmicas surgem.

O GP da Hungria em 2024 foi tão emblemático, que é quase correto afirmar que a vitória de Piastri ou de Norris cai no subjetivo. Dependendo do ponto de vista, um ou outro mereceu a vitória.

Isso é mágico, irônico e injusto. Para os dois.

 

Por que Piastri mereceu vencer

Piastri mereceu essa vitória porque superou Norris na largada. O piloto britânico mais uma vez largou mal ao tentar se proteger do companheiro de equipe e de Max Verstappen na largada, e perdeu duas posições logo de cara.

O australiano construiu sua corrida a partir da própria competência e, ao mesmo tempo, do erro do seu companheiro de equipe. Se manteve consistentemente na liderança, cometendo poucos erros.

E Piastri não perdeu a liderança por erro dele. Foi refém da estratégia da McLaren, pensada em proteger Norris das investidas de Hamilton e Verstappen.

Tudo bem, a decisão da McLaren é sim discutível, já que nem Mercedes, nem Red Bull tinham carros para superar Norris e Piastri.

Mas seria injusto que o australiano não vencesse a sua primeira corrida da categoria por algo que ele não teve qualquer tipo de culpa, responsabilidade ou controle.

Por outro lado…

 

Por que Norris merecia vencer

Norris fez tudo errado na largada e, quando teve a chance de ficar na frente, foi substancialmente mais rápido que Piastri.

Não era exatamente o caso de o piloto inglês não entregar um desempenho melhor do que o seu companheiro de equipe. Mesmo porque, quando Norris assumiu a liderança, abriu uma vantagem considerável em relação à Piastri.

Norris teria vencido a corrida sem maiores dificuldades se não houvesse qualquer tipo de interferência da McLaren em relação às posições dos carros.

E eu, assim como muitos torcedores, passei uma vida inteira reclamando das trocas de posições em pista, algo que sempre manchou a categoria.

Mas… como eu não sei o que foi conversado na manhã de domingo (porque não tenho microfones na “sala de guerra” da McLaren), só posso presumir que algum acordo do tipo “quem ficar na frente na primeira curva tem a melhor estratégia” rolou, em nome dos interesses da equipe.

E como a McLaren tem o seu histórico (e alguns traumas) com o episódio do GP de San Marino de 1989, não quis repetir o erro que Ron Dennis cometeu (ao não exigir de Senna uma inversão de posições com Prost).

Mas… só estou especulando. Não posso afirmar nada.

 

A primeira de muitas

Deixando essa polêmica da McLaren de lado, o GP da Hungria em pista foi pouco interessante, e deve sim ser lembrado pela primeira vitória de um muito promissor Oscar Piastri.

O australiano venceu a primeira com méritos. Essa vitória viria mais cedo ou mais tarde. E acredito mesmo que ele é um futuro campeão da categoria.

A McLaren deu uma enorme demonstração de força na Hungria, estabelecendo de vez como o melhor carro de 2024 neste momento.

Ainda quero falar de tudo o que aconteceu com a Red Bull, principalmente o duelo entre Lewis Hamilton e Max Verstappen. Não digo que voltamos a 2021, mas o confronto entre os dois em pista deixa recados claros para todo mundo.

Vale a pena também destacar a Ferrari, que deixa novos pontos de interrogação para todos, já que foi muito estranho ver Leclerc não atacando Hamilton com pneus melhores.

Do mais, além do parabéns ao Piastri, recomendo que todos procurem um terapeuta, pois muitos precisam discutir a relação até a prova da Bélgica, que acontece já na semana que vem.


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@oEduardoMoreira