E quando eu estava pronto para elogiar a corrida do Sergio Pérez…
O GP do Azerbaijão de F1 em 2024 foi marcado pelas estratégias de pneus, por uma ultrapassagem incrível de Oscar Piastri e pelo caos que aconteceu com Lando Norris no sábado, pois ficou claro que essa vitória do australiano aconteceu (também) porque o piloto inglês largou lá de trás.
A McLaren está superior, a ponto de segurar a Ferrari no final da corrida. Charles Leclerc, que venceu na Itália porque soube preservar pneus, não repetiu o feito em Baku. O que não é demérito do monegasco, pois ele não perdeu para um cabeça de bagre.
E George Russell ganhou na loteria federal sozinho, já que herdou o terceiro lugar por conta do caos envolvendo Carlos Sainz e Sergio Pérez. Mas falo desse enrosco daqui a pouco.
Vamos por partes.
Não achei a corrida essa Coca-Cola Zero toda, mas minhas impressões podem estar afetadas pelo simples fato de a corrida acontecer às 8h da manhã (Brasília). Quando olho para os detalhes, podemos extrair coisas bem interessantes.
Tanto da prova quanto para o campeonato como um todo.
Da turma de fora do Top 10, vale a pena destacar que Hulkemberg perdeu para o seu companheiro de equipe, que fez história na F1 com apenas duas corridas.
Ver um carro da Kick Sauber chegando na frente da Alpine do Ocon, que teve um final de semana horroroso, pode ser considerado uma vitória, pois esse carro é um lixo.
E Yuki Tsunoda selou o seu final de semana com a batida com Lance Stroll, e ver os dois fora da corrida é o normal.
E é isso. Vamos para o que interessa.
Oliver Bearman entra para a história por ser o primeiro piloto a PONTUAR nas DUAS PRIMEIRAS CORRIDAS por DUAS EQUIPES DIFERENTES no seu PRIMEIRO ANO na Fórmula 1. E isso, porque ele não é um piloto titular.
Não foi pouca coisa o que ele fez. Se parar para pensar, ele já fez muito mais que o Logan Sargeant fez com 36 corridas na categoria.
Falando nisso, Franco Colapinto é a prova cabal que a Williams perdeu tempo demais com Sargeant, uma vez que já pontuou na segunda corrida de sua vida, fazendo mais pontos que o norte-americano.
Aqui, eu devo corrigir tudo o que disse sobre o argentino com sobrenome que inspira a quinta-série dentro de todos nós. Franco é excelente. E seria um pecado não ver esse piloto correndo em algum carro em 2025.
Considerando a largada nos boxes (pela troca da unidade de potência), Lewis Hamilton fez uma ótima corrida chegando em nono. E Alexander Albon ficou no lucro ao chegar em sétimo, já que a burrada da Williams no treino classificatório poderia sim ser passível de uma punição mais severa no grid.
Fernando Alonso, mais uma vez, mostra que é um baita piloto ao chegar na sexta posição, com uma Aston Martin que está muito abaixo da crítica. E dá para sentir ele mais animado, agora que Adrian Newey foi confirmado na equipe.
Max Verstappen teve mais uma corrida de pesadelo, e só chegou em quinto porque teve a batida no final da corrida.
A prova de que a Red Bull está mal das pernas está no fato de que Verstappen, com penus muito mais novos, não conseguiu ultrapassar Lando Norris antes da troca de pneus do piloto inglês, que superou o holandês após a troca para os pneus médios nos pits.
Norris foi prejudicado por uma falha de comunicação com o seu engenheiro no sábado, e isso foi determinante para o seu resultado no domingo. Tudo bem, ele errou na volta lançada no Q1. Mas poderia terminar a volta e passar para o Q2, já que a bandeira amarela chamada por Ocon não estava ativa no momento de sua volta lançada.
Largando de 17º, Norris estabeleceu uma estratégia para ficar mais tempo na pista. E isso até que funcionou, já que o piloto inglês terminou a prova na frente de Verstappen.
Acontece que o desempenho da McLaren estava superior, e em uma melhor posição no grid, a vitória poderia ser de Norris. E pensar isso não é um grande absurdo.
Poderia ser pior. Ele ganhou duas posições que caíram no colo por causa de Sainz e Pérez.
Sobre o acidente.
Minha opinião: os dois são culpados.
Sainz olhou para o retrovisor, e foi fechando para cima do Pérez. E o piloto mexicano não se moveu, quando poderia ter puxado para a esquerda e evitar a colisão.
Tendo a achar Sainz mais culpado na colisão, pois atacou Leclerc e, dessa forma, ficou vulnerável para o contra-ataque de Pérez. Mas no final das contas, os dois criaram essa situação.
Pior para o Pérez, que é bom de circuito de rua, tem um ótimo encaixe com a pista do Baku e estava fazendo o seu melhor final de semana no ano.
Já pensou? O mexicano chegando na frente do Verstappen?
Sobre o campeonato…
O grande vencedor hoje (mais uma vez) é Max Verstappen, que vê sua diferença de pontos em relação aos seus adversários cair de forma residual. Com o desempenho que a Red Bull está entregando, sua vantagem poderia simplesmente derreter.
É o pior momento de Verstappen desde que chegou na Red Bull e se tornou campeão mundial. E… fãs do Max… ele está meio perdido em um carro que não está ajustado para o seu estilo de pilotagem.
Aqui, deixo a pergunta: Max deixou de ser esse piloto todo que pintaram… ou até ele precisa do melhor carro para vencer?
Por mais que a McLaren agora se posicione para priorizar Norris na luta pelo título do Mundial de Pilotos, essa vantagem de 59 pontos não cai de forma sustentável para colocar o piloto inglês como efetivo competidor ao título.
É claro que Norris ainda é candidato ao título, pois faltam 7 corridas para o campeonato terminar. Mas Lando ainda depende de dois grandes problemas de Verstappen e, ao mesmo tempo, de dois triunfos para uma virada.
Tudo o que aconteceu neste final de semana criou um cenário bizarro onde até Oscar Piastri pode começar a sonhar com o título mundial, mesmo com quase 90 pontos de desvantagem para Verstappen.
Não é um absurdo o que estou falando. Piastri foi o piloto que mais pontuou nas últimas 7 corridas (135 pontos). O que a McLaren vai fazer agora?
E sobre o Leclerc, mesmo sem a vitória hoje, capitalizou em cima de Norris, e também pode acreditar com o título, considerando o contexto geral.
Nesse momento, com tudo o que está acontecendo com Verstappen na Red Bull, qualquer diferença inferior a 100 pontos no campeonato permite que Norris, Leclerc e Piastri sonhem com uma disputa ao título mundial.
Porém, não creio que isso vai acontecer.
Por pior que a Red Bull esteja, Max Verstappen acumulou uma gordura considerável no primeiro terço da temporada, e mantém uma regularidade em acumular pontos em um momento de instabilidade.
Como entendo que Norris, Leclerc e Piastri vão seguir se estapeando e tirando pontos um do outro, Verstappen pode ser campeão por esse detalhe. Porém, será o título mais difícil que ele vai conquistar desde 2021, após a batalha épica com Lewis Hamilton.
Nos construtores, a McLaren finalmente passou a Red Bull, e a Ferrari entrou de vez na briga também por esse campeonato. A diferença entre as três equipes é de apenas 51 pontos, o que deixa tudo em aberto.
E tudo o que está acontecendo tem um culpado: Christian Horner.
A boa notícia para nós, fãs da categoria, é que a prova de Cingapura já é na semana que vem. O que tira a possibilidade de muitas mudanças para todos os envolvidos.
Será outra corrida muito interessante para se assistir.