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Fim do pesadelo: até nunca mais, “Emilia Pérez” e Karla Sofia Gascón

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Karla Sofia Gascón pode afirmar com certa tranquilidade que o pesadelo que ela construiu para ela mesma finalmente terminou com os créditos da transmissão ao vivo do Oscar 2025.

Depois de várias polêmicas e controvérsias, “Emilia Pérez” sai como grande derrotado do Oscar, conquistando apenas dois prêmios das treze indicações recebidas. Isso era mais ou menos esperado, diante de tudo o que aconteceu.

Agora que a premiação terminou, vamos analisar como esse inferno na Terra se construiu (para todos nós), e como o filme e a atriz espanhola foram merecidamente massacrados na principal premiação do cinema.

 

Por que “Emilia Pérez” só ganhou dois Oscars

O tempo mostrou que “Emilia Pérez” não merecia 13 indicações. Apenas o dinheiro que a Netflix jogou na cara de todo mundo explica como um filme tão ruim nos aspectos técnicos e narrativos poderia ser tão reconhecido como foi.

Acontece que receber tantas menções foi também a confirmação de um caso clássico de hype que não se confirma. Historicamente, filmes muito indicados levam poucos prêmios no Oscar. “O Senhor dos Aneis: O Retorno do Rei” é uma grande exceção.

A lista de motivos para o esvaziamento de “Emilia Pérez” no Oscar 2025 é longa, e o fator “Karla Sofia Gascón” foi apenas um dos motivos.

Jaques Audiard, diretor do filme, também não se ajudou ao não se esforçar em absolutamente nada na pesquisa da história que queria contar, sem sequer consultar os mexicanos para compreender melhor a essência de sua personagem central.

De novo: é uma surpresa que um filme tão abaixo da média recebesse tantas indicações.

E diante do caos, o Oscar 2025 jogou a última pá de cal no desmoronamento desse fenômeno fake da Shopee.

 

Como foi o massacre

O apresentador da cerimônia, Conan O’Brien, não hesitou em fazer piadas à custa de Karla Sofía Gascón, referenciando tweets polêmicos da atriz que vieram à tona antes da premiação, chegando a imitar sarcasticamente um assessor da atriz dizendo “Que você twittou O QUÊ?”.

Em tom provocativo, O’Brien ainda brincou: “Karla, se você vai twittar sobre o Oscar, lembre-se de que meu nome é Jimmy Kimmel”, referindo-se ao fato de que originalmente Kimmel seria o apresentador da cerimônia.

Karla, que estava sentada em um local em separado dos demais colegas de filme, fez cara de constrangida com a situação, e nada poderia fazer a não ser rir do fato de que, de novo, estava sendo feita de palhaça.

A situação se agravou quando Zoe Saldaña, ao receber o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, não mencionou o nome de Karla Sofía Gascón em seu discurso de agradecimento, optando por se desculpar com “o povo mexicano que pode ter se ofendido” com o filme.

Zoe, mulher… me ajuda a te ajudar: o “quem pode ter se ofendido” não cola neste caso. Os mexicanos ficaram putos mesmo com esse filme, e você sabe disso! Você tem internet no seu smartphone.

O momento de reconhecimento para Gascón veio apenas durante a premiação de Melhor Canção Original para “El mal”, quando o produtor Clement Ducol agradeceu explicitamente “às nossas incríveis atrizes, Zoe Saldaña e Karla Sofía Gascón”.

E, mesmo assim, ela não teve a chance de subir ao palco para agradecer, pois não são os intérpretes que levam o Oscar nessa categoria. São os compositores.

Camille Dalmais, responsável pela trilha sonora, destacou a importância da música premiada como “uma denúncia da corrupção”, ressaltando “o papel que a música e a arte podem desempenhar como uma força para fazer o bem”.

E, de fato, por mais que eu ache “Emilia Pérez” um filme horrível, esse é um dos poucos momentos que se destacam positivamente nessa narrativa.

Com tudo isso, eu espero, de verdade, nunca mais ter que ouvir os nomes Karla Sofia Gascón e Jaques Audiard. Que essa dupla descanse em paz no vale do esquecimento.

De “Emilia Pérez” ainda vamos nos lembrar durante muito tempo, pois se tornou um exemplo histórico sobre o que não fazer.


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