Google, vamos conversar.
O que está acontecendo, meu filho? O Pichai está dando mais trabalho do que parece? Ou você não consegue mais entender o inglês macarrônico do indiano?
Sério… a estratégia do Google (ou da Google, pois eu nunca sei qual é o gênero dessa empresa) para os seus aplicativos de mensagens é algo simplesmente inexplicável e incompreensível para qualquer pessoa.
E aqui eu vou incluir o meu amigo Renê Fraga do Google Discovery, que lá atrás me disse que a gigante de Mountain View era a “empresa do Beta”, e que tudo lá dentro era um grande experimento.
Nunca mais tirei isso da minha cabeça. Por outro lado, não imaginava que esse experimento iria explodir dessa forma na nossa cara.
É difícil de acompanhar, mas o que está acontecendo nos apps de mensagens do Google é o seguinte: o Google Meet deixará de ser Meet porque o Duo será Meet, mas não por completo.
Entendeu?
Nem eu!
Muitos usuários perceberam nos smartphones que o aplicativo Google Meet mudou o ícone e o seu nome, passando a se chamar “Google Meet (Original)”. Ou seja, o aplicativo é o mesmo Meet que você está usando sem maiores problemas nos últimos anos de sua vida. Porém, em algum momento no futuro, ele vai deixar de existir.
No seu lugar, vai entrar o Google Duo, aplicativo que PRATICAMENTE NINGUÉM usa no smartphone e em qualquer outro dispositivo. Porém, antes da mudança acontecer, ele vai ter que receber tudo o que o Google Meet oferece hoje.
Uma vez que a mudança for implementada, o Google vai deixar o Meet morrer, para que o Duo não apenas assuma o seu lugar e as suas funcionalidades, mas para que também ele herde o nome do finado aplicativo.
Sim. Eu sei. Isso não faz o menor sentido.
A progressão do Google nos seus aplicativos de mensagens e comunicadores instantâneos é algo que beira ao patético.
A empresa saiu do Google Talk para o Hangouts. Depois, foi para o Google Chat (que era pago, em um mundo que já contava com aplicativos de comunicação gratuitos de sobra) que se transformou em Meet e Duo, em duas vertentes diferentes.
Com o tempo, o Google Chat foi incorporado ao Gmail que, por sua vez, passou a oferecer o Google Meet como alternativa integrada. E agora, o Meet vai morrer para que o Duo assuma o seu lugar.
Sério… é difícil entender tudo isso.
Mas existe uma boa explicação para toda essa crise de identidade do Google com os seus comunicadores instantâneos.
Durante a pandemia, o Google passou vergonha quando perdeu terreno para o Zoom e outras alternativas dentro do segmento de comunicadores instantâneos, e muitos entendem que a empresa demorou demais para reagir.
Cobrar por algo que a concorrência oferecia de graça é um tiro no pé para qualquer serviço.
E o pior de tudo é que, com o passar do tempo, o Meet foi amplamente adotado nos ambientes corporativos e educacionais, com uma popularidade até inesperada para os padrões do Google.
Mesmo assim, a gigante de Mountain View querem substituir o Meet pelo Duo, que é um produto praticamente morto para a maioria dos usuários.
De novo: isso não faz o menor sentido.
O Google gerencia mal os seus projetos internos, não adotando uma direção clara para os seus novos produtos que, em muitos casos, acabam repetindo funcionalidades de outros serviços da empresa que já existem e estão consolidados.
A impressão que fica é que, quando um grupo de desenvolvedores do Google fica entediada, ela decide lançar um novo serviço de chat ou videochat para substituir aquele que já existe, no lugar de desenvolver o produto já existente para algo ainda melhor do que poderia ser.
E quem paga a conta disso tudo?
Nós, com os nossos dados, é claro.