Nosso INSS é bem falho, e você sabe disso. Ou não sabe, se não precisa dele.
De qualquer forma, é importante que você tenha em mente que nosso sistema de proteção social possui várias brechas e anormalidades que precisam ser corrigidas, para que todos possam ter uma aposentadoria justa, no presente e no futuro.
Mas nada no mundo se compara com o que a Suécia faz.
Enquanto vários países reconhecem doenças crônicas e incapacitantes como motivos para pensões vitalícias ou aposentadoria por invalidez, o país europeu decidiu adotar o heavy metal como critério ou motivo justo para retirar alguém do mercado de trabalho.
Calma, headbanger empolgado. Vou explicar o que acontece.
Vício em heavy metal
Em 2015, a Suécia reconheceu o vício em heavy metal como uma condição incapacitante, permitindo a concessão de uma pensão vitalícia para quem provar que é dependente desse estilo musical.
Gostaria de saber se tal regra se aplica apenas e exclusivamente ao heavy metal, ou se vale para outros estilos musicais.
Pergunto isso porque com certeza quem é fã de K-Pop ou do One Direction vão pedir pensão ou aposentadoria, não só por causa do tempo e do dinheiro investidos nos dois estilos musicais, mas principalmente pelos efeitos dos dois estilos na saúde mental de muitas pessoas.
Principalmente naqueles fãs que entenderam da pior forma possível o que significa a expressão “hiato indefinido”.
Bom… voltando ao heavy metal…
Roger Tullgren, de 42 anos, lutou por 10 anos para que seu amor por heavy metal fosse reconhecido como uma incapacidade para o trabalho em tempo integral.
Ou brigou na justiça pelo direito de ser um vagabundo profissional, utilizando a lei para ser um procrastinador profissional.
Tullgren procurou psicólogos para confirmar que seu fanatismo pelo heavy metal era um verdadeiro vício, sendo parcialmente incapacitado de realizar as suas tarefas laborais cotidianas.
De novo: o mesmo conta para mim, que estuda mais de 10 horas por semana de canto coral, o que dá uma semana laboral inteira?
Não… o Brasil não reconhece essa expressão musical como vício. E eu que me vire para pagar minhas contas e dedicar algum tempo para a arte que eu amo.
O benefício da pensão por heavy metal
Após a batalha legal, Roger venceu o caso, e vai receber uma pensão por amar o heavy metal.
Com a decisão, Roger passa a combinar um trabalho de meio período como lavador de pratos com a sua paixão pela música, recebendo uma pensão que complementa a sua renda.
O caso único fez todo mundo pensar sobre o conceito de vício e suas implicações no dia a dia, onde o fanatismo por alguma coisa pode impactar a vida e o trabalho de qualquer pessoa.
Neste caso, impactou positivamente, já que Roger vai ganhar dinheiro por praticamente gostar muito de alguma coisa, algo que não se aplica a qualquer pessoa.
Em defesa de Roger, sua paixão pela música é mais do que latente, e poucas pessoas que eu conheço teriam tanta dedicação para uma atividade.
Tullgren assistiu a 300 shows de heavy metal apenas em 2006. Agora, pense em todo o dinheiro que ele investiu ao longo de todos esses anos.
De novo: faço canto coral toda semana de graça. Espero que um dia, no futuro, eu seja devidamente reconhecido pelo tempo e talento investidos nessa atividade musical.