Essa dor de corno que alguém sente quando está sendo trocado é algo que se tornou comum na Fórmula 1 moderna.
Primeiro, Toto Wolff esnobando Lewis Hamilton na imprensa, diminuindo a relevância do piloto para a Mercedes. Agora, temos Christian Horner afirmando que Adrian Newey, que está de saída da Red Bull após 18 anos e com todos os carros campeões que construiu… é um ser substituível.
Olha… esse recalque contra quem construiu verdadeiras naves alienígenas que, de forma até ignorante chamamos de carros de Fórmula 1, pode cobrar caro de Horner no futuro.
A inveja matou Caim
Não tenho dúvidas de que Christian Horner assumiu o seu lado sociopata nos últimos meses. Só Geri Haliwell aguenta esse homem, e ainda acho que ela pede o divórcio quando esse império chamado Red Bull Racing ruir.
Da mesma forma que entendo que Toto Wolff está completamente alucinado e sem saber o que fazer (se segura Kimi Antonelli, se libera o jovem piloto italiano por se dar conta que ele não é tudo isso, se joga um caminhão de dinheiro na porta do Max Verstappen…), Horner está mostrando o seu lado mais controverso desde o início do escândalo do Hornergate.
E não me entenda mal: não existe santo nesse mundo.
Não vou com a cara de Jos Verstappen e de Helmut Marko, mas começo a dar razão para essa dupla. Está ficando cada vez mais evidente que Horner, por pura sanha de poder, está acabando com uma das equipes mais bem-sucedidas da história da Fórmula 1, pois está muito próximo de ficar com tudo e, ao mesmo tempo, ficar com nada.
Perder Adrian Newey na janela de virada de regulamento (2026) é como trocar a tal nave alienígena por um skate de dedo. E perder Max Verstappen para a Mercedes é o mesmo que ter o tal skate de dedo pilotado por mim, que mal sabe ficar em pé em um skate.
E tais declarações em modo “deixa, eu nem queria mesmo” fala muito mais sobre Horner do que qualquer coisa que ele mesmo possa vir a dizer sobre o tema.
Chegou em um ponto onde tudo está mais do que claro, mesmo que os protagonistas não falem mais sobre o tema. Horner aprontou para cima da colega de trabalho, tentou ficar com a Red Bull só para ele e quis ver Marko aposentado contra a vontade.
E o preço que ele paga por tudo isso é um império implodindo diante dos seus olhos.
Newey está certo
Adrian Newey está mais do que certo em aproveitar o momento de turbulência para sair da Red Bull e alcançar objetivos individuais.
Afinal de contas, ele é um homem que já tem 65 anos, com mais de 40 anos de atividades profissionais no automobilismo. Não é mais um garoto. Tem que pensar no último ato e se consagrar como o maior projetista que Fórmula 1 viu em toda a sua história.
Para alguém que já foi campeão com três equipes diferentes, falta a Ferrari para obter triunfos naquela que é a “Santíssima Trindade” da Fórmula 1 (considerando McLaren e Williams).
E alguém com a carreira de Newey merece mais respeito.
Talvez a falta de noção de Horner tenha ultrapassado os limites de bom senso, mais uma vez. De novo: eu não tenho dúvidas de seu comportamento abusivo com a funcionária da Red Bull a essa altura do campeonato.
E diante de tudo isso, ainda será uma surpresa se Horner permanecer no seu posto depois que todo o estrago estiver concluído.
No final das contas, a única coisa que poderia parar a Red Bull e sua dominância na Fórmula 1 era a própria Red Bull.
Ou melhor: Christian Horner.