Não vou afirmar que o Kanye West enlouqueceu de vez, pois isso justificaria os seus atos insensatos e absurdos. E eu não estou ignorando o seu recente diagnóstico de autismo. Mas fica cada vez mais evidente que lidar com ele é um desafio para a humanidade como um todo.
O declínio de sua carreira é flagrante. Seus posicionamentos públicos se transformaram em um festival de excentricidades imprevisíveis, e a radicalização do rapper, antes conhecido por sua criatividade disruptiva, agora é apenas o centro de controvérsias que levantam dúvidas sobre os seus códigos morais e éticos.
Não basta colocar a Bianca Censori pelada no tapete vermelho do Grammy Awards. É preciso ir além. Muito além.
É preciso ser antissemita.
A jogada publicitária no Super Bowl
Durante o último Super Bowl, Kanye West pagou uma quantia milionária para um espaço publicitário em mercados locais como Los Angeles (um custo estimado de US$ 7 milhões por 30 segundos de comercial), com o objetivo de promover um site onde se vendia, de forma exclusiva, uma controversa camiseta branca com uma suástica estampada no peito.
Detalhe: o comercial redirecionava os usuários para o site da Yeezy, marca de West.
Eu nem preciso dizer o quanto isso é errado. E se você acha que promover essa camiseta é algo correto, você é podre por dentro.
No anúncio, Kanye West foi visto sentado numa cadeira de dentista – uma referência que não passou despercebida –, afirmando que os recursos investidos no espaço publicitário foram direcionados para a compra de uma nova prótese dentária.
Kanye pode achar que isso é tentativa de subversão, mas na verdade é apenas um discurso extremamente preconceituoso, que acaba de vez com sua reputação.
É claro que as reações vieram tão rápido quanto o próprio barulho que a publicidade fez, e por motivos óbvios.
Kanye West radicalizou
Além do anúncio, teve o episódio do Grammy que já foi mencionado neste artigo. Agora, some tudo isso com as declarações que o rapper fez no X (Twitter), manifestando opiniões extremistas.
Em declarações nas quais se autodenominou “nazista” e exaltou figuras históricas associadas a regimes autoritários, West reafirma uma postura que, segundo analistas, ultrapassa o limite da mera provocação e adentra o campo do discurso de ódio.
Tudo o que Kanye disse foi tão pesado, que ele conseguiu o que muitos consideravam como “algo impossível” na “era da liberdade de expressão ampla e irrestrita” defendida por Elon Musk como dono de uma rede social: a expulsão de sua conta no X.
A sequência de mensagens de Kanye foi amplamente condenada por associações antidifamação e por figuras públicas como David Schwimmer, que chegou a solicitar a intervenção do proprietário da plataforma.
Algo que efetivamente aconteceu, para surpresa de todos.
Todo mundo sabe que Kanye West se alinhou com figuras do espectro político de extrema direita. Ele foi visto na residência de Donald Trump em Mar-a-Lago, acompanhado do supremacista branco e antissemitista Nick Fuentes. Chegou a anunciar sua candidatura presidencial, algo surreal para muitos, mostrando que seu comportamento excêntrico está diretamente associado ao seu alinhamento com essa visão de mundo.
Adeus, amado dinheiro
É claro que West está sofrendo as consequências de suas escolhas.
Grandes marcas e parceiros comerciais, antes aliados do artista, começaram a se afastar. O caso da Adidas é emblemático: a gigante esportiva, que por décadas manteve uma relação lucrativa com West, registrou perdas anuais inéditas em 30 anos, resultado atribuído, em parte, às controvérsias em torno de suas declarações e associações.
Em paralelo, outras parcerias – como a colaboração com Balenciaga e a representação pelo Creative Artists Agency – foram descontinuadas.
Todo mundo entendeu que ficar do lado de Kanye West nesse momento não traz benefícios comerciais. Pelo contrário: as chances de prejuízo são enormes.
E, de novo, vem a discussão sobre os limites de liberdade de expressão e responsabilidade social sobre o que você fala.
Muitos se escondem atrás de uma interpretação seletiva da Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos para falar as merdas que quiser, mas não querem pagar pelas consequências do que foi dito.
Não dá para aceitar como válido ou tolerável o uso de símbolos e referências históricas carregadas de ódio como marketing, publicidade ou discurso livre em uma sociedade em constante evolução.
Especialistas em comportamento político apontam que a transformação da imagem de West – de um provocador criativo para um porta-voz de ideologias extremistas – reflete, em parte, a polarização do ambiente cultural contemporâneo, onde a linha entre inovação e ofensa tornou-se cada vez mais tênue.
West fez as contas e, de alguma forma, tem consciência de que lucra com tudo isso. Já que o ódio traz muito mais engajamento que o amor.
E por falar em amor (ou falta dele)…
Acabou o amor de Bianca Censori?
Kanye West e Bianca Censori, que estavam juntos desde 2023, teriam encerrado seu relacionamento em 13 de fevereiro de 2025, poucos dias após a polêmica no tapete vermelho do Grammy, onde Censori apareceu nua.
Na verdade, o que os insiders e fontes próximas à Bianca afirmam é que foi justamente o episódio da camiseta antissemita no site da Yeezy a última gota d’água no copo transbordando na relação surreal dos dois.
O casal já iniciou o processo de divórcio e, segundo relatos, chegou a um acordo verbal que prevê que Censori receberá US$ 5 milhões como parte da separação.
Neste momento, temos que encarar tudo isso como rumores. O time de RP de West afirma que “o casal está unido”, o que pode ser traduzido como um “o treinador está prestigiado” no jargão futebolístico.
E quando um dirigente fala isso, o treinador cai na derrota seguinte.
Não dá para afirmar que este casamento acabou, e o que reforça que ainda estamos nos rumores é o fato de Censori seguir residindo na mansão de West em Los Angeles, avaliada em US$ 35 milhões.
Por outro lado, outras fontes afiram que West pode ter retornado ao Japão, onde passou boa parte do ano anterior, justamente para dar o espaço para Bianca se organizar para a separação.
Fontes próximas ao casal afirmam que ambos contrataram advogados para acelerar o processo de divórcio.
O relacionamento entre West e Censori começou em 2022, logo após o rapper se separar de Kim Kardashian. Eles se casaram em uma cerimônia privada em dezembro de 2022, mas não está claro se a união teve validade legal.
É uma lástima ver que Kanye West se transformou em um ser que causa náuseas em qualquer um que tem bom senso e códigos morais e éticos ajustados com valores como empatia e respeito às minorias.
Sua personalidade se metamorfoseou em um rascunho mal-feito do gênio criativo que ele era, o que traz profunda tristeza naqueles que o admiravam de forma genuína por ser e pensar diferente.
Querer distância de Kanye West hoje é algo necessário, mesmo que o seu interesse seja apenas de ouvir as músicas que ele compõe.