Lando Norris sentiu o golpe.
Sentiu que perdeu o Grande Prêmio do Japão de 2025 por 0,012 segundos no dia anterior, no treino classificatório. Ele esperava a pole. Só não esperava que a genialidade de Max Verstappen fosse se manifestar da forma mais mordaz possível.
O próprio Norris confessou que foi no treino de sábado que a sua real chance de vitória em Suzuka escapou. O que pode ser interpretado como um “o Verstappen acabou com a minha moral antes mesmo da corrida começar”.
E para piorar, Norris ainda teve Oscar Piastri, seu companheiro de equipe, mais uma vez levantando dúvidas razoáveis na cabeça de todos sobre quem era o primeiro piloto na McLaren.
Sobre a disputa nos boxes e a manobra na grama
Norris até tentou superar Verstappen na largada, mas mesmo largando bem, não consegue superar o tetracampeão mundial com competência. Apostou no desgaste de pneus da Red Bull, algo que não aconteceu.
Aí, veio aquele lance da grama na saída dos pits.
Um dos momentos mais marcantes da prova aconteceu durante a primeira rodada de pit stops. A McLaren chamou Norris ao mesmo tempo que a Red Bull fez com Verstappen, na tentativa de surpreender no chamado “undercut”.
Quando ambos saíram dos boxes, o britânico tentou um movimento ousado para reassumir a liderança, mas acabou sem espaço e foi obrigado a passar por cima da grama na tentativa de manter o embate.
Dessa vez, nem tem como discutir muita coisa: foi Norris quem, de forma deliberada e, ao mesmo tempo, desesperada, tentou ultrapassar Verstappen indo além dos limites da pista. Afirmar no rádio que Max o forçou para fora era algo patético.
Só restava para Norris reconhecer no final da corrida que Verstappen “estava tecnicamente à frente e não havia cometido nenhuma infração”. Até porque é a verdade, e não a obra de ficção que ele criou no rádio para tentar convencer os comissários a aplicar alguma punição ao holandês.
Todo mundo sabe que eu não morro de amores pelo Verstappen. Mas neste caso, Max está totalmente limpo na história. E tudo o que vejo é um Norris mostrando sinais de fraqueza já na terceira corrida da temporada.
Norris sentiu a pressão. Sabe que, mesmo com o melhor carro (por enquanto), não consegue aproveitar as oportunidades de superar o seu principal concorrente ao título.
Reconhecimento da superioridade da Red Bull
Norris saiu de Suzuka com um gosto amargo. Em suas próprias palavras, não havia o que fazer para bater Verstappen naquele domingo. O ritmo da Red Bull se mostrou inatingível ao longo das 53 voltas no tradicional circuito japonês. Sem erros e com uma execução perfeita, o holandês conquistou sua quarta vitória consecutiva na temporada.
E é aí que está o grande problema do piloto britânico: contar sempre com os erros de um Verstappen que pouco erra.
Aliás, o Norris está virando um especialista nas desculpas prontas: ou o carro precisa ser perfeito, ou o Verstappen tem que errar… mas nunca é o caso de Lando melhorar e se superar para derrotar os adversários.
É quase um coitadismo por parte do britânico em não buscar uma performance superior pelos próprios meios. E isso começou a me incomodar.
Entendo que Lando Norris ainda tem todo o potencial para ser campeão do mundo em 2025. Porém, se começar a se vitimizar em função de tudo o que não dá certo (sem considerar que ele tem controle ou responsabilidade sobre isso de alguma forma), vou acreditar, de verdade, que Oscar Piastri, que faz um trabalho duro e sem reclamar, tem mais condições e cabeça para disputar o título.
Ao menos Norris não deixou de reconhecer o mérito do adversário. Para ele, Verstappen simplesmente teve uma performance impecável, tanto na classificação quanto na corrida. A frustração não apagou a lucidez: ele admitiu que o rival mereceu a vitória e que, dessa vez, a McLaren não tinha o necessário para desafiá-lo até o final.
Que Lando Norris aprenda as lições de Suzuka e siga em frente no Bahrein de forma menos complacente consigo mesmo. Começa a ser perigosa essa tendência de sempre colocar a culpa nos outros no lugar de fazer uma autocrítica para descobrir onde pode evoluir para superar Verstappen.
E tudo isso acontece quando Norris tem o melhor carro do grid, o que é algo simplesmente surreal.
Via Formula1.com