Ninguém gosta de perder dinheiro. Principalmente quando você não tem tanto dinheiro como antes, e está perdendo bilhões nos últimos meses. É mais ou menos isso o que está acontecendo com a LG no mercado de smartphones.
Hoje (20), enquanto o mundo se preparava para a posse do Joe Biden, o CEO da LG, Kown Bong-seok, manifestou o seu pensamento sobre a atuação da empresa que comanda, e não poupou palavras para expressar sua insatisfação diante de recordes negativos sucessivos nas vendas e o prejuízo enorme que a empresa está tomando na cabeça.
“É o momento de tomar decisões frias”
Ele dá a entender que os dias da LG no mercado de smartphones estão contados, mas faz isso depois de apostar por algum tempo que a empresa iria oferecer “designs surpreendentes” de seus produtos.
De fato, não podemos dizer que a LG não tentou. Apresentou modelos com formatos irreverentes, como LG Velvet e LG Wing, além do LG Rollable, apresentado recentemente. Todos eles são bem diferentes do convencional, mas nenhum deles chamou a atenção o suficiente para que o grande público se interessasse por ele.
Aqui, devo observar que a LG, por outro lado, mudou a sua estratégia de abordar o grande público, tal e como outras fizeram. Aquilo que eu chamo de “farra do boi” acabou, e veículos pequenos como o meu não mais receberam produtos da empresa para testes.
Também, pudera: nos últimos tempos, a assessoria de imprensa da LG pisou tanto na bola, com falhas de logística e até falsas promessas, que não é surpreendente que os produtos da empresa pararam de ser enviados por aqui.
Mas não guardo mágoas da LG. Minha Smart TV e meu monitor de 29 polegadas são da marca.
Insisto que eu entendo perfeitamente a mudança de estratégia da empresa. Porém, com a experiência que tenho escrevendo sobre tecnologia, não era difícil concluir que o que estava acontecendo com a LG foi o mesmo que aconteceu com a Nokia, com a Motorola e com tantas outras empresas do segmento mobile: ela foi encolhendo, diminuindo e, de forma quase inevitável, pode desaparecer.
Hoje, desaparecer pode ser “uma vitória”
Nesse momento, a cota de mercado da LG no mercado mobile é de apenas 1.7%. É bem menos que vários dos seus principais concorrentes no mercado asiático (Huawei, Xiaomi, Vivo, etc), e a empresa virou uma coadjuvante dentro desse segmento.
Logo, abandonar o mercado mobile nesse momento pode ser, de forma surpreendente, “uma vitória” para a LG. Ao menos pode evitar os efeitos desagradáveis de vergonha, humilhação e até pena que Nokia, Motorola e BlackBerry despertaram no passado, justamente por não compreenderem qual era o momento certo de desistir.
Com as perdas bilionárias que a LG está sofrendo no segmento de smartphones, não é difícil imaginar que a empresa vai abandonar o setor. Outras que tiveram trajetórias semelhantes tiveram o mesmo fim. Nesse momento, a marca é pouco relevante no setor, e pode se sair melhor se apostar em outros segmentos mais lucrativos.
Como são os casos das Smart TVs e monitores.
O tempo vai dizer, mas as declarações de Kown Bong-seok falam muito mais do que o relógio correndo. É quase um ultimato.
Vou sentir falta dos smartphones da LG, confesso.
Via Engadget