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Maria Madalena (2018) | Cinema em Review

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Religião é sempre um tema complicado. É muito fácil ofender as pessoas quando a versão “oficial” dos fatos é alterada. Ou porque a fé é algo tão irritante, que a pessoa tem preguiça em procurar tais fatos. Dito isso, Maria Madelena é um filme que aproveita a recente mudança de postura do Vaticano em relação à ela para oferecer uma proposta que busca ser intensa, mas no final das contas, não consegue.

Por séculos foi oferecida uma imagem distorcida de Maria Madalena como uma simples prostituta redimida por Jesus Cristo. Na verdade, seu papel foi muito mais importante na vida do filho de Deus e na posterior expansão de sua obra.

Maria Madalena mostra uma protagonista como uma livre pensadora muito à frente do seu tempo, a ponto dos membros de sua família acreditarem que um demônio estava controlando seu corpo quando ela se recusou (por diversas vezes) a se casar (de forma arranjada) e levar uma vida que todos esperavam de uma mulher qualquer na época.

Esse foco está muito alinhado com o do feminismo atual, o que faz com que o filme se torne de fácil conexão… na teoria.

 

 

Era necessário uma atriz que soubesse transmitir os sofrimento e a determinação de Maria Madalena, para que ela fosse referência para o espectador. Afinal de contas, sua viagem física e emocional até ela se tornar uma seguidora de Jesus Cristo é o plot principal de sua trama.

O problema é que Rooney Mara não foi a melhor escolha, e rapidamente percebemos isso. Ela é monotônica, e não consegue mostrar o lado mais frágil ou determinado da protagonista, e nada faz com que isso mude. Seu alcance emocional de interpretação é limitado, e isso se torna algo ainda mais grave quando a trama aposta na aproximação realista dos fatos narrados.

O que ajuda a fortalecer a ideia que Maria Madalena é um filme que busca a intensidade emocional é que todos os recursos técnicos estão a serviço de transmitir ao espectador a importância do que é contado. Mas isso funcionaria se a trama efetivamente explorasse a sua importância histórica, e não apenas se limitando a narrar os fatos, de modo que o espectador jamais se envolve com tais acontecimentos.

 

 

O restante do elenco também não ajuda. Tudo bem que Jesus Cristo é coadjuvante nesse filme, mas Joaquin Phoenix fica muito em segundo plano, com uma atuação sóbria demais.

Aliás, o filme busca tanto o realismo emocional que sua narrativa não consegue ir além da ideia da aparente importância de Maria Madalena. Falta uma imagem mais precisa, próxima e íntima da protagonista. Porém, a intensidade mal entendida faz com que o filme fique muito longe do memorável.

 

 

Por fim, Maria Madalena oferece uma visão mais apropriada e justa à sua protagonista, mas não vai além de narrar uma história até então “inédita” para o cinema. Nem seu diretor sabe tirar partido do foco planejado, nem Rooney Mara consegue apresentar a intensidade que caracteriza um filme como esse.

Não é um filme ruim. Mas é um filme esquecível.

 

 


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@oEduardoMoreira