Mark Zuckerberg se metamorfoseou em uma persona que, de forma escancarada, segue os passos do seu antigo nêmesis, Elon Musk, por entender que isso é lucrativo. E entendo que mais chocante do que o fim da verificação de notícias no Facebook é o fato de Mark usar outros tipos de roupas além da camiseta cinza básica com calça jeans ou de moletom.
Sim… vou falar daquela polêmica entrevista que ele deu no podcast do Joe Rogan… porque, de todos os absurdos que o menino Zuck disse na oportunidade, um cenário geral está traçado e muito claro: ele virou um hipócrita contraditório de marca maior.
Criticar a Apple é algo muito fácil. Qualquer um faz. Acontece que Zuck tem uma Meta nas mãos, e não fez muito diferente da gigante de Cupertino ao longo dos anos.
Pelo contrário: bebeu da água da Apple para transformar o Facebook no que é hoje.
O contexto
Durante a entrevista para o Joe Rogan, Mark Zuckerberg acusou a Apple de falta de inovação e exploração econômica de usuários.
Como se o Facebook não fizesse isso ao longo de quase duas décadas…
Apesar das críticas, ele elogiou o iPhone como uma das invenções mais importantes da história. Se bem que, neste caso, o smartphone da Apple não é exatamente uma invenção, mas sim uma evolução de um produto que já existia.
Por outro lado, Zuck não perdeu a oportunidade de dar suas alfinetadas na turma do Tim Cook, afirmando que o iPhone está registrando quedas de vendas ano após ano.
Mark não apresentou dados, e ignorou o fato de a Apple registrar um aumento de 6% em suas receitas no último trimestre fiscal.
E 50% das receitas da Apple ainda estão nas mãos do iPhone.
Faça as contas, pois Mark Zuckerberg aparentemente esqueceu a calculadora em casa neste caso.
Zuckerberg também criticou a Apple por dificultar a entrada de terceiros no ecossistema iOS, citando os problemas que teve em conectar os óculos inteligentes Ray-Ban Meta ao iPhone, enquanto produtos da própria Apple, como os AirPods, integram-se perfeitamente ao ecossistema.
De acordo com Mark, essa postura prejudica a inovação e impede a concorrência leal. E a própria Apple está sendo processada pelo Departamento de Justiça dos EUA pelas práticas de monopólio dentro do seu jardim murado.
Outro ponto levantado por Zuck foi a cobrança de 30% pela Apple em transações realizadas na App Store.
Zuckerberg alega que a política é uma forma de “espremer” os desenvolvedores e usuários, reduzindo o potencial de inovação em aplicativos e serviços externos.
Da mesma forma que o Facebook faz ao cobrar por campanhas de publicidade no feed da rede social, para impulsionar anúncios no Marketplace e até por APIs avançadas para programadores de aplicativos para a plataforma.
E todos esses itens só podem ser adquiridos no Facebook e pagos para o Meta. Não dá para investir nessas ferramentas fora do jardim murado criado por Mark.
Mas… espere… tem mais coisas que ele não falou na entrevista.
Onde está a hipocrisia de Mark Zuckerberg?
Mark dá a entender que ele e o Meta são vítimas de uma Apple que é travestida como a grande vilã dessa história, quando a realidade prática passa bem longe dessa teoria.
Para começo de conversa: quando o Facebook vende os dados dos usuários para a Cambride Analytica sem o conhecimento ou consentimento de milhões de pessoas, Mark Zuckerberg passa bem longe de ser o herói nessa história.
E quando ele simplesmente fecha os olhos para a manipulação da Rússia na campanha presidencial dos EUA em 2016 por conta dos investimentos em campanhas de publicidade (aproveitando uma brecha de um sistema criado pelo próprio Facebook), o menino Zuck está muito mais para Darth Vader do que para Luke Sjywalker.
Dito isso, vamos voltar para a conflituosa relação entre Meta e Apple.
Em 2021, mudanças de privacidade no iOS prejudicaram a receita de empresas como o Facebook, que dependem de publicidade baseada em rastreamento de dados.
E como praticamente tudo nesse conflito está diretamente ligado ao dinheiro que se ganha ou se perde, a Apple automaticamente vira vilã para Zuckerberg.
Aliás, ele usa esse caso de 2021 no podcast com o Rogen para reforçar sua visão sobre o controle excessivo da Apple em suas plataformas.
Será que Zuckerberg decidiu “chutar o balde” ao acabar com a moderação de fatos e tentar buscar os lucros pelo engajamento das notícias falsas?
Sim, pois só isso explicaria a desistência em ter a base de usuários da Apple para a sua rede social.
E se for isso, eu pergunto: será que o menino Zuck olhou para o lado e viu o que está acontecendo com as receitas de publicidade do X antes de tomar essa decisão?
Mas… vamos falar da falta de inovação da Apple.
Mark Zuckerberg afirma que a gigante de Cupertino não inova, não cria mais nada, e é um grande “mais do mesmo”.
Então… onde foi que a Meta realmente inovou nos últimos anos?
O Facebook e o Instagram estão estagnados em termos de inovação. E as últimas grandes novidades são cópias de funcionalidades que funcionaram em outras redes sociais.
Eu nem precisava lembrar disso, mas… os Stories nada mais são do que a cópia descarada do Snapchat. E os Reels é a implementação da mecânica de vídeos em modo carrossel que existe no TikTok desde o seu primeiro dia de vida.
Então… onde estão as suas inovações, Mark Zuckerberg?
Aquela porcaria do Metaverso, que não vai para lugar nenhum e é até hoje um jogo ruim do Nintendo Wii U?
Os óculos Meta que ainda é um protótipo que, com alguma sorte, chega ao mercado daqui a cinco anos?
Ou inovação é acabar com o sistema de verificação de fatos para liberar que idiotas compartilhem abertamente que o homossexualismo é uma doença, o que é uma mentira das mais grosseiras?
Até o Threads é uma cópia descarada do Twitter, Mark Zuckerberg!
Toma vergonha na tua cara, Lex Lutor! (entendedores entenderão)
Parte do desespero de Zuckerberg nesse momento é que o Facebook, sua principal rede social, tem muita gente, mas não tem relevância com os mais jovens, que é a audiência de futuro.
Hoje, o Facebook é a rede social para encontrar as coroas pra sexo casual, ou para os velhos de extrema direita postarem fotos com o olho com a bandeira do Brasil derramando uma lágrima.
Sem falar nos vários projetos iniciados pela Meta que não conquistaram a popularidade desejada e foram abandonados… pela falta de inovação consistente dentro da empresa.
Sério mesmo que o Mark Zuckerberg é a melhor pessoa para falar da falta de inovação da Apple?
Deixo essa pergunta como ponto de reflexão para quem chegou até o final do artigo.