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Me Chame Pelo Seu Nome (2017) | Cinema em Review

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Um amor de verão. Quem nunca viveu um perdeu uma experiência simplesmente fantástica.

Me Chame Pelo Seu Nome, filme de Luca Guadagnino, não é um filme fácil de se assistir. Não por conta de sua temática central, mas por causa de sua narrativa propositalmente lenta, mas que também dá ênfase para a linguagem poética que o longa oferece, o que acaba sendo o grande trunfo do filme. É preciso ter um olhar bem mais emocional para se envolver com a trama, seus personagens e suas aspirações.

A história de amor de verão entre Elio (Timothée Chalamet) e Oliver (Armie Hammer) vai além da simples banalidade do sexo juvenil entre dois homens. Mostra o processo de auto descobrimento do mais jovem, em uma fase da vida onde as indefinições podem dominar (17 anos). Aliás, a principal mensagem que Me Chame Pelo Seu Nome é justamente em ter a coragem de assumir sua condição, e vivenciar isso de forma plena e intensa, sem culpas ou receios.

Mostrar como esse relacionamento de verão foi construído em detalhes era fundamental. O longa jamais poderia dar a impressão que tudo o que aconteceu entre Elio e Oliver foi banal. Já é perigoso lidar com o tema da homossexualidade no cinema, ainda mais quando o sexo é um dos eixos centrais da história. Logo, é compreensível uma narrativa lenta, justamente para mostrar as ditas conexões emocionais dos dois personagens.

 

 

E é muito interessante ver como Elio consegue prevalecer dentro desse cenário. Diante de um Oliver que já sabia o que queria da vida, o jovem italiano aprende a forjar a sua personalidade, ganhando uma certa dose de maturidade e até alguns choques de realidade. Uma das duras lições que Elio aprende é que ‘ninguém é de ninguém’, ou melhor, ‘ninguém é dono de ninguém’, e que sentimento de posse em idade tão nova pode representar muito mais uma certa infantilidade do que personalidade forte.

Por outro lado, Elio demonstrava sua sensibilidade através da música e dos escritos para ele mesmo. Oliver não ficou imune à isso, já que dá vários sinais do seu interesse em relação ao rapaz. Porém, o medo do jovem italiano o impede de perceber esse interesse por parte do estudante norte-americano.

Nesse ponto, Me Chame Pelo Seu Nome aborda de forma perfeita o medo que muitos homossexuais sentem em relação à sua condição. Medo de serem rejeitados pelos pais, pelos amigos, pela sociedade como um todo… e o medo de levar um fora daquele que é o seu interesse amoroso. Nesse caso, o medo limitou Elio em vivenciar de forma mais duradoura esse relacionamento. Por outro lado, foi uma lição que ele jamais esqueceria, e que o ajudou nesse processo de auto conhecimento.

 

 

Um ponto muito positivo do longa foi mostrar esse relacionamento entre dois homens da forma mais natural possível. É sim um romance com elevado envolvimento emocional dos seus protagonistas, o que é ajudado pela química entre Timothée Chalamet e Armie Hammer. As cenas mais quentes entre os dois mostram um grau de intimidade que convence, e tudo é mostrado de forma muito poética, sem vulgaridade. Aliás, nada de cenas de sexo explícito nesse filme: no máximo alguns peitinhos das meninas e algumas bundinhas dos meninos, e nada mais.

Ao terminar o filme, uma das sensações que temos é ‘qualquer pessoa mataria para ter os pais de Elio’. A impressão que temos é que realmente se trata de uma história de ficção, já que é muito raro encontrarmos pais tão companheiros e compreensíveis sobre a condição de Elio no mundo. Porém, um plot twist no final do filme ajuda a explicar muitas coisas, com uma cena fantástica onde o pai tenta consolar o filho baseado na sua experiência de vida.

Insisto: Me Chame Pelo Seu Nome é um filme difícil de se assistir. Ele não é pesado (censura 14 anos), mas sua narrativa detalhada deixa tudo muito lento. A sua estética europeia é imersiva, e você realmente se transporta para o interior da Itália. O fato do filme ter diálogos em vários idiomas (inglês, italiano, francês) dá um ar mais experimental ao longa. Mesmo assim, é um filme maduro, consistente e que mereceu sua indicação ao Oscar 2018 em Melhor Filme.

 

 

Não é um filme que vai agradar a todos. Mas aqueles que tiverem mente e coração abertos para receber essa história exatamente da forma como ela foi contada certamente vão apreciar essa experiência. É o típico filme que te faz pensar em muita coisa. Inclusive pensar em considerar justa toda forma de amor.

E que não podemos perder tempo para amar nessa vida. Passa tudo tão depressa, que não podemos deixar de ouvir a voz do coração.

 

 


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@oEduardoMoreira