Eu me lembro de ter dito no vídeo sobre o GP da Bélgica que a Mercedes era a equipe que menos queria que a Fórmula 1 entrasse em férias coletivas no meio do ano.
E a explicação era bem simples: a melhor fase da equipe em anos, com vitórias em sequência e um certo domínio em relação aos rivais.
Toto Wolff estava se esbaldando com tudo isso, Lewis Hamilton voltou a sorrir com duas vitórias, e George Russell estava se preparando para tentar ser o primeiro piloto da equipe em 2025.
Aí, veio o GP da Holanda… e “tudo voltou ao normal”.
Muito mais difícil do que imaginamos
Comparando com as últimas corridas antes das férias, o final de semana da Holanda para a Mercedes foi muito abaixo da média.
Hamilton e Russell ficaram igualmente insatisfeitos com o desempenho da Mercedes nos treinos e, principalmente, na corrida. E ambos fizeram questão de não esconder isso.
Questionado depois se estava satisfeito com o que conseguiu recuperar, o piloto da Mercedes respondeu: “Sim, quero dizer, parecia que fiz muito, mas não cheguei tão longe, sabe?”
De fato, Hamilton aparentemente fez uma boa corrida, pois conseguiu terminar a corrida dentro da zona de pontos.
Por outro lado, o esforço aplicado pelo piloto heptacampeão foi maior do que aquele que seria realmente necessário se largasse dentro do Top 10.
Sua estratégia de pneus funcionou, mas a quantidade de ultrapassagens que Hamilton teve que aplicar foi consideravelmente maior do que a de Russell.
O próprio Hamiton confirma o que estou falando em entrevista:
“Senti que fiz mais do que meu resultado mostra, mas sim, infelizmente a classificação realmente dificultou. Acho que se eu tivesse me classificado onde deveria ter me classificado, estaria entre os cinco primeiros.”
Agora, some tudo isso ao fato de que, a partir de agora, Hamilton deixa de receber alguns benefícios técnicos e as melhores estratégias, já que está saindo da Mercedes.
Com tudo isso, é fácil concluir que o piloto lutou muito mais do que imaginamos para alcançar o oitavo lugar de ontem.
“Perplexo” com o ritmo da Mercedes
E quem está perplexo com o desempenho da Mercedes na Holanda foi justamente George Russell, que chegou em sétimo, apenas uma posição na frente do seu companheiro de equipe, que largou bem atrás.
“[Estou] surpreso com a falta de ritmo, realmente não sei para onde isso desapareceu. (…) Sexta-feira foi bom, sábado foi razoável e parecia estar no caminho para uma espécie de quarto ou terceiro confortável antes da corrida, e de repente [nós] apenas retrocedemos e eu realmente não sei o que aconteceu.”
A frustração de Russell é igualmente compreensível.
Era de se esperar que a Mercedes andaria na frente ao menos da Ferrari, equipe com quem tem hoje uma competição particular pela terceira força do campeonato.
Mas isso passou bem longe de acontecer, já que Leclerc chegou ao pódio, e Sainz ficou na frente de Sergio Pérez.
Para a Mercedes, restou a sétima e a oitava posições, na frente de todo o resto (que, por incrível que pareça, não tem a Aston Martin como quinta força).
Tudo isso que aconteceu na Holanda pode ser um comportamento pontual ou circunstancial. Aquela moleza de uma equipe que está voltando de férias.
Vamos esperar pacientemente pelo GP da Itália na semana que vem. Se o desempenho ruim se repetir, é correto dizer que a Mercedes esqueceu algumas porcas soltas durante as férias.