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Meu computador virou um adolescente em crise

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O Fernando nunca teve muito talento para a tecnologia, mas sempre foi apaixonado por ela. O duro é ver esses marmanjos se apaixonando pela coisa errada, mas… quem sou eu para julgar o amor alheio?

Desde pequeno, seu sonho era ter o computador mais moderno da rua, aquele que rodava jogos com gráficos que pareciam ter saído de um filme. Mesmo porque… descobrir a cura do câncer ninguém quer, mas minerar bitcoin para ficar rico no modo easy é o projeto de vida de meio mundo.

Quando finalmente o Fernando conseguiu comprar seu PC dos sonhos, mal sabia que estava prestes a entrar num relacionamento conturbado com uma máquina cheia de “personalidade própria”.

E isso, porque não estamos falando do Copilot neste caso.

 

PC possuído pelo ritmo ragatanga

Tudo começou numa noite tranquila de terça-feira, como outra qualquer.

Fernando, como sempre, estava jogando seu RPG favorito e saboreando um copo de café requentado que já era praticamente seu companheiro de guerra nas noites de jogatina. O médico dele recomendou que ele parasse com os energéticos, pois Red Bull pode te dar asas para o além-túmulo quando consumido em excesso.

De repente, seu computador começou a emitir sons estranhos. Não era um simples bip ou um ruído de ventilador.

Era algo que parecia…

…um funk eletrônico misturado com uma risada demoníaca.

Não estou exagerando. O PC do Fernando estava possuído pelo ritmo ragatanga.

O monitor piscava como se estivesse numa rave dos anos 90, e esse foi o primeiro indício claro de que algo muito errado estava acontecendo.

Fernando decidiu desligar o computador, tomou mais café para se acalmar (sim, eu sei que é contraditório, mas… tenta enxergar uma piada irônica em um texto, pelo amor de Deus…) e foi dormir, pois a avó dele prometeu que tudo ficaria bem no dia seguinte.

Mas a situação ficou mais absurda no dia seguinte.

Fernando ligou o PC para trabalhar, e em vez de abrir o editor de texto, o navegador abriu sozinho com várias abas de sites que vendiam suplementos para fisiculturistas.

“Eu não faço academia desde 2012, por que isso?”, pensou Fernando… que se esqueceu que, na noite anterior, conversou durante as partidas que sentia falta do tempo em que ele ia para academia para fingir que era alguém saudável.

Como se o computador tivesse ouvido a conversa.

E neste caso, lido os pensamentos de Fernando, pois a aba seguinte do navegador web era um vídeo motivacional sobre “como se tornar a melhor versão de si mesmo”.

Confirmado: era o demônio de um coach que possuiu aquele computador.

 

Um adolescente dentro do meu PC

A gota d’água veio quando Fernando percebeu que o computador estava redefinindo seu papel. Ele tinha deixado de ser apenas uma máquina e parecia mais um adolescente revoltado, rejeitando qualquer comando.

Cada vez que Fernando tentava instalar um antivírus, o computador congelava e exibia uma mensagem no bloco de notas: “Você não manda em mim!”

Fernando agora entendeu o que sua mãe, dona Célia, que trabalhou dia e noite para dar abrigo e comida para esse irresponsável, sofreu nas mãos dele.

Mais do que isso: se lembrou quando recusou os conselhos do pai, achando que todo mundo queria moldar a sua personalidade quando tentaram fazer o Fernando mudar de ideia sobre abrir uma fábrica de cerveja artesanal na garagem de casa.

Nos dias de maior drama, o computador soltava essa: “Se você me amasse, não precisaria me consertar.”

Vitimismo puro.

Fernando tentou de tudo para resolver o problema do computador possuído pelo Enzo.

Desde métodos tradicionais, como desligar e religar o computador (várias vezes), até medidas mais extremas, como ameaçá-lo verbalmente.

Sério, eu vi isso com os meus próprios olhos. O Fernando, com olhos vermelhos e desesperado, chegou a gritar: “Se você continuar assim, vou te trocar por um notebook que nunca trava!”

Foi nesse momento que o PC, aparentemente magoado, reiniciou do nada e voltou com a resolução do monitor ajustada para um modo tão ultrapassado que parecia estar em 1998.

O moleque… quero, dizer, o PC… chegou a apelar para o “protesto silencioso”.

Certo dia, enquanto o Fernando tentava enviar um e-mail importante para o seu trabalho, o computador simplesmente ignorava suas teclas.

O teclado até funcionava, mas cada palavra digitada era substituída automaticamente por “ZZZZZ…”, fingindo ser um aluno que está dormindo no meio da aula de redação na escola.

“Meu Deus, ele tá me trollando!”, concluiu o Sherlock… ops, desculpa… um inconformado Fernando.

 

É claro que o “técnico em informática da família” teve que salvar

Em uma tentativa desesperada, Fernando chamou seu primo, Carlos, o “gênio da informática” da família e trouxa de plantão para resolver esses perrengues.

Carlos analisou a situação, deu algumas risadas na cara do Fernando e declarou:

“Cara, acho que seu PC tá com um vírus chamado TeenAgeTrojan. Ele é conhecido por fazer o computador agir como um adolescente irritado.”

Fernando, sem entender direito o que estava acontecendo e mostrando uma capacidade de raciocínio elevado de um Big Mac, perguntou:

“Isso explica por que ele começou a abrir o Google só para pesquisar ‘filmes proibidos para maiores de 18’ às 3 da manhã?”

Carlos não respondeu. Estava rindo demais.

No final, o diagnóstico estava correto.

O TeenAgeTrojan era uma praga digital criada para gerar caos e constrangimento em pessoas que não sabem muito do mundo da tecnologia.

Depois de muitas tentativas de reinstalar o sistema, Fernando conseguiu livrar seu computador do vírus. Mas ele jura que, de vez em quando, o PC ainda faz birra.

Como no dia em que recusou abrir qualquer arquivo, exceto uma playlist do Spotify chamada “Músicas pra quem tá de mau humor”.

Fernando aprendeu duas coisas com essa história.

A primeira: sempre use um antivírus decente.

A segunda: nunca subestime o poder de um computador com personalidade.

“Ele pode ser só uma máquina, mas na minha casa, é o adolescente mais rebelde de todos!”, disse um aliviado e bem-humorado Fernando para essa reportagem.


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