Press "Enter" to skip to content
Início » Minha Opinião » Mobile World Congress 2020 cancelada, e a síndrome do coronavírus anunciado

Mobile World Congress 2020 cancelada, e a síndrome do coronavírus anunciado

Compartilhe

Confesso que resisti ao máximo em começar a escrever sobre o coronavírus no TargetHD.net, pois pensava que este era um tema que, apesar de estar relacionado com o mundo da tecnologia de alguma forma, era um assunto bem deprê, sem falar que poderia soar como oportunista. Porém, como os leitores do blog estavam cada vez mais interessados sobre o assunto, e a ameaça de saúde estava afetando diretamente o mundo da tecnologia, lá fui eu produzir as matérias pertinentes.

E quando comecei, não parei mais.

Não apenas a produção de produtos de tecnologia já foi sensivelmente afetada pela crise do coronavírus, mas o principal evento de mobilidade do primeiro semestre estava seriamente ameaçado. A Mobile World Congress 2020 foi cancelada, tal e como era previsto por muitos especialistas em tecnologia (eu, inclusive), mas ser testemunha dos esforços da GSMA para manter o evento ao mesmo tempo em que fiquei escrevendo várias notícias de desistências de gigantes do setor foi mais cansativo do que eu mesmo imaginava.

 

 

Foram dias confusos, para mim (inclusive), que escreveu essas histórias

 

 

Procurei ouvir todos os lados dessa questão e, ainda assim, não formei uma opinião sobre o assunto. Ou melhor, o meu posicionamento ainda está confuso para mim mesmo, o que é um problema enorme para quem produz conteúdo para a internet.

De um lado, tinha as autoridades da Catalunha e de Barcelona afirmando que “estava tudo bem”, que a galera chinesa poderia vir para a MWC, desde que use máscaras, lave bem as mãos e não dê apertos de mãos nas pessoas, e que a mídia golpista globalista estava levantando um alerta desnecessário para as pessoas.

Por outro lado, estavam os gigantes do setor de tecnologia, incluindo grandes fabricantes de smartphones como LG, Vivo, Sony e Nokia, e as principais operadoras de telefonia móvel do planeta, onde algumas delas estão no conselho da GSMA. Esse grupo gigante decidiu abandonar a MWC 2020, e o argumento em (quase) uníssono foi a não garantia de segurança para a saúde dos seus funcionários, executivos e presentes.

Uma terceira ponta desse cabo de guerra maluco foi puxado por Samsung, Xiaomi e Huawei, três gigantes asiáticas (curiosamente duas delas chinesas) e protagonistas do setor por serem alguns dos líderes de mercado de smartphones, que confirmaram as suas respectivas participações na MWC 2020, o que poderia dar uma certa moral para os organizadores.

No meio de tudo isso, tinha a GSMA, entidade organizadora do evento, que precisava lidar com a pressão da decisão em ter uma feira esvaziada ou cancelar o evento e ter que arcar com prejuízos que podem passar com relativa facilidade os 500 milhões de euros.

No final, a GSMA cancelou a Mobile World Congress 2020. E vai ter que abraçar o prejuízo. Os fabricantes que cancelaram vão apresentar os seus produtos em eventos online (e, se forem inteligentes, em datas diferentes daquelas estabelecidas para o evento que não vai mais acontecer), e o coronavírus venceu a batalha.

 

 

Eu queria uma MWC 2020, mas não desse jeito!

 

 

É sempre chato quando um grande evento é cancelado, inclusive no segmento de tecnologia, mas entendo que essa foi a decisão correta, apesar de todo o impacto econômico que a decisão vai ter. A Mobile World Congress 2020 seria um evento realmente broxante sem alguns dos seus principais protagonistas, e os riscos eram consideráveis.

Por outro lado, é preciso refletir por alguns instantes nos demais argumentos. Pode até parecer mesmo que foi criado um alarmismo desenfreado por causa do coronavírus, e até eu entendo que uma vacina vai aparecer em um futuro a médio prazo e, com isso, vamos superar essa crise da mesma forma em que superamos a SARS, o Ebola, o H1N1 e outras que apareceram nos últimos 20 anos.

Chego a pensar no carnaval que está chegando, onde várias cidades brasileiras vão receber estrangeiros e não temos o devido controle do passaporte biológico dessas pessoas (apesar dos aeroportos terem instruções específicas para condução de quarentena voluntária para os chineses, os visitantes dos demais países com casos de coronavírus não contam com essas regras; lembrando que até o momento em que esse post foi produzido, o Brasil ainda não registrou casos positivos do coronavírus).

Porém, também é preciso lembrar que o coronavírus Wuhan (que já tem nome oficial dado pela OMS, a Covid-19) ainda não tem cura. Não tem vacina, só tratamento. E que o Brasil não deve receber tantos chineses no carnaval como Barcelona iria receber para a Mobile World Congress 2020 (pelos menos 6% dos presentes na feira, incluindo visitantes e expositores). Logo, os riscos lá eram muito maiores do que aqui.

Se me convidassem para viajar para Barcelona para participar da MWC 2020 nessas condições? A minha resposta seria um clamoroso NÃO. De jeito nenhum que eu iria comprometer a minha saúde de forma desnecessária e por trabalho. É nessas horas que eu amo o home office e a falta de compromisso em ser sociável para ganhar dinheiro na vida.

Aliás, para aqueles que criticam o home office, saibam que foi justamente essa modalidade de trabalho que ajudou a salvar as vidas de muita gente lá na China, tá?


Compartilhe
@oEduardoMoreira