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Mulheres… hoje, eu peço desculpas…

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Minhas referências femininas são fortes demais para que hoje eu me permita a pensar na intimidação do “você fazer isso no dia de hoje beira a hipocrisia”. Errado. Quem convive comigo todos os dias sabe o quanto eu respeito, admiro, valorizo e prestigio as mulheres que estão próximas da minha vida.

Logo, posso escrever esse texto com peso zero na consciência.

E, mesmo convivendo em meios onde algumas mulheres fizeram uma leitura da minha gentileza e educação com um “esse cara dá em cima de todas as mulheres”, eu não mudo as minhas convicções de que é assim que eu devo tratar qualquer mulher. Mesmo porque eu não tenho culpa se algumas mulheres não estão acostumadas a conviver com homens gentis e educados.

Eu não sou espelho para ninguém, e nem me coloco na posição de apontar o dedo na cara das pessoas. Mas bem sabemos como muitos homens simplesmente tratam as mulheres da sua vida como lixo. E com os ânimos exacerbados, tal forma de enxergar o próximo pode resultar em incidentes ainda piores.

Tá, legal. Hoje é o dia que as mulheres vão receber flores, quem sabe caixas de bombons dos seus namorados, ou com alguma sorte vão receber alguns orgasmos dos homens mais dedicados. Lamento em dizer, mas nada disso é importante no dia de hoje.

Quem sabe uma profunda reflexão do coletivo seria um presente melhor.

Considerando o contexto histórico do Dia Internacional da Mulher e os motivos pelos quais ele existe, eu não consigo, de verdade, entender por que estamos celebrando. Deveríamos sim é refletir sobre o que fazer para reduzir ou coibir (já que acabar é algo realmente muito difícil) com as injustiças e desigualdades que as mulheres ainda sofrem em pleno 2019.

Falam muito de valores cristãos, mas ainda é socialmente aceitável que o marido venha a trair a esposa. Muito se prega sobre a família tradicional, mas um homem pode se casar três ou quatro vezes e ter uma esposa muito mais nova do que ele. Isso é aceito pela sociedade, e alguns vão dizer que “o cara pode” quando pega uma novinha.

Agora, pense em uma mulher madura, de 60 ou 70 anos, se envolver com um homem com a metade da idade dela (ou mais)…

É considerada uma depravada. É marginalizada pela sociedade, considerada “inadequada” para assumir postos de liderança. Deixa de ser mulher forte para ser considerada uma pervertida.

É a sociedade em que nós vivemos.

Questões laborais? Só o Google mesmo que corrigiu a ponto das mulheres hoje ganharem mais do que os homens no mesmo cargo e na mesma empresa. A regra é clara: as mulheres ganham muito menos, e em muitos casos são muito mais competentes e preparadas que os homens para as mesmas funções.

Porém, o que mais vem despertando a revolta (e a ânsia de vômito) em mim é a tal violência contra a mulher. O tal feminicídio. Para mim, quem odeia mulher não é homem. Não é gente. É um monstro sem precedentes. Não existem motivos plausíveis para um homem odiar uma mulher. Mesmo porque a mulher não nasceu para fazer tudo o que o homem quer.

Ela nasceu para ser mulher.

Pode me chamar de hipócrita, tendencioso, ou até de viado, como eu já ouvi de algumas mulheres por ser um cara gentil e educado com elas. Eu simplesmente não me importo. Os meus atos ao longo de uma vida falam por mim. E posso dizer com propriedade, porque eu fui o tipo de cara que teve que aprender a lidar com uma mulher ao longo da vida, pois por mais gentil e educado que fui com minhas palavras e atitudes, sempre havia alguma coisa que eu tinha que corrigir em mim para não machucar uma mulher.

Minha mãe, minhas professoras, minhas regentes, muitas mulheres com quem eu me relacionei em aspectos afetivos, as minhas sobrinhas, a minha tia com 92 anos, as minhas amigas, as colegas de profissão (blogueiras, podcasters, vloggers e jornalistas), as minhas colegas coralistas. Todas essas e tantas outras mulheres com as quais eu convivo todos os dias. Mais do que ‘parabéns’ e ‘muito obrigado’ pelo Dia Internacional da Mulher… elas merecem um pedido de DESCULPAS.

Sim.

Nós, homens, machos sem noção e babacas, atrapalhamos o progresso de vocês, reduzimos a sua personalidade às curvas do seu corpo, sem olhar para a força interior, quociente de inteligência e capacidade de amar de forma intensa, e objetivamos a existência de vocês o tempo todo, quando o justo seria incentivar cada uma de vocês a buscar voos mais altos. Da minha parte, eu peço desculpas por fazer parte de um coletivo que não teve a sensibilidade de olhar para vocês com a dignidade e empatia suficientes para justificar o amor que muitas de vocês sentem por vários de nós, sem qualquer motivo.

Ou talvez porque vocês mulheres compreendem melhor a essência do amor ao próximo, enquanto que muitos de nós, homens, ainda pensam em como vão fazer para levar vocês para a cama.

Pode me chamar de demagogo. Eu não ligo.

Prefiro ser considerado um demagogo do que ser qualificado como machista e misógino.


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@oEduardoMoreira