Desisti de oferecer consultoria gratuita em tecnologia. E isso não quer dizer que sou uma pessoa ruim ou de má vontade (bom… na maior parte do tempo não sou uma pessoa ruim…), mas entendo que mereço ser pago pelo meu conhecimento.
Gastei anos da minha vida para aprender tudo o que sei em tecnologia e música, investindo dinheiro e recursos nos dois campos para acumular conhecimento. Logo, é justo que eu cobre por isso daquelas pessoas que não contam com as mesmas habilidades.
Acontece que tem muitas pessoas que não valorizam o conhecimento alheio, e abusam da boa vontade de quem sabe.
Até que nos tornamos os chatos por tomar uma atitude sobre o assunto.
Um serviço não remunerado
Muitas pessoas visitam lojas físicas de informática e tecnologia para conhecer mais de perto os produtos que deseja comprar, e eu não vejo nada de errado nisso.
Eu mesmo faço isso: se não recebo um produto de uma assessoria de imprensa, vou até uma loja para ao menos ter um contato superficial do dispositivo.
Acontece que algumas pessoas visitam as lojas físicas, testam o produto e acabam comprando o item em outra loja ou online, com preços mais competitivos.
E algumas lojas lá fora estão se incomodando com isso.
O problema está no abuso da visita: tem clientes que não se limitam em testar o produto, e acessam configurações iniciais e pedem conselhos para vendedores especializados…
…e não compram o produto.
E toda essa experiência oferecida pela loja tem um custo. Afinal de contas, o funcionário que está lá é pago do mesmo jeito, e já não vai receber uma comissão da venda perdida.
Logo, a solução é cobrar a mais da galera do “só estou dando uma olhada…”.
O conhecimento custa dinheiro
Muitas lojas lá fora entendem que os conselhos oferecidos pelos técnicos especializados nas lojas não geram qualquer tipo de lucro para os estabelecimentos e até mesmo para os próprios funcionários.
Dar conselhos consome tempo, mesmo em perguntas que são consideradas simples e de rápida resposta.
Sem falar que, lá fora, algumas lojas ainda oferecem o serviço de primeiras configurações dos dispositivos, para que os usuários mais leigos possam sair da loja com o produto pronto para uso.
E tal procedimento também não é cobrado de forma adicional em alguns casos. Outras lojas colocam valores adicionais para essa primeira configuração, mas essa não é uma regra.
Em muitos casos, as lojas oferecem essa assistência técnica (que deveria ser fornecida pelos fabricantes dos produtos) como “uma gentileza” ou benefício adicional para quem compra o produto.
Até que uma loja decidiu deixar de ser gentil com os seus clientes.
Não trabalhamos de graça
Uma loja de informática decidiu cobrar por dúvidas e ajuda técnica dos seus clientes, e deixou isso bem claro nas redes sociais.
A loja colocou uma placa na vitrine especificando que haverá um valor mínimo cobrado por dúvidas sobre dispositivos e instalação de aplicativos.
E o argumento que a loja usou é exatamente o mesmo que eu adoto para me recusar a oferecer meus conhecimentos sobre música de forma gratuita para as senhorinhas que cantam comigo nos meus corais.
A placa diz que “o conhecimento é pago” e que o cliente pode pesquisar no Google se não quiser pagar.
Nada mais justo.
O problema é que boa parte das pessoas que tentam tirar as dúvidas com o ser humano que está na loja é tão leiga que não sabe pesquisar no Google.
Aprender sobre como funciona um recurso ou dispositivo com a ajuda do Google requer acessar o buscador, pesquisar de forma correta, encontrar a fonte certa e aplicar a solução.
Veja como são vários os passos para aprender algo. E aprender qualquer coisa por contra própria demanda muito tempo e esforço individual.
E o cérebro humano sempre vai pegar a via mais rápida para resolver problemas. Alguns cientistas apresentam essa explicação como a versão gourmetizada do “tem muita gente preguiçosa no mundo”.
E mandar fake news no grupo do ZapZap não é a mesma coisa que procurar algo no Google. Até porque a Dona Dulce ou as amigas da canastra não sabem resolver um problema no roteador.
Além disso, muitas dessas pessoas sentem medo de aprender por conta própria sobre o funcionamento do seu dispositivo eletrônico e estragar alguma coisa que, de alguma forma, está funcionando.
Por isso, para qualquer pessoa que quer ter a garantia de que vai encontrar uma solução confiável e rápida, recorrer ao especialista em tecnologia ainda é a melhor alternativa.
Aliás, não só em tecnologia, mas para qualquer coisa na vida.
Então, nada mais justo do que pagar pelo conhecimento alheio, tanto nas explicações teóricas quanto nos serviços realizados na prática nos dispositivos.
Afinal de contas, quando você fica doente, você paga (e caro) por consultas e exames do seu médico.
Por que não fazer o mesmo pela saúde do seu caro smartphone ou computador?
Só porque não é a sua vida que está em risco?
Sério… você é bem babaca quando age dessa forma!