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Netflix, a nova CW?

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Pelo visto, sim. A Netflix vem enchendo a sua plataforma de streaming com série para adolescentes que vão além do status quo de ser entretenimento fácil, e está oferecendo televisão para um novo público em um formato muito atraente.

O segmento etário mais abandonado da TV não é o da melhor idade, diferente do que a saudosa Boston Legal poderia sugerir. São os adolescentes, que por anos ficaram no mesmo esquema de séries, com temáticas bobinhas e claramente segmentadas para um especial e repetitivo menosprezo ao público feminino.

Pouca coisa se salvava no mundo do entretenimento como um todo, e o mundo perfeito era ver mais histórias como as do filme Meninas Malvadas rolando na TV. Aliás, qualquer produto minimamente diferenciado para esse segmento se destacava.

Agora, a Netflix tenta não cair no lugar comum, mudando tramas, perfis de atores e proposta conceitual das séries adolescentes. E isso porque, no meio do caminho, estão na plataforma séries adolescentes que nada agregam, como Insatiable.

Uma menina vítima de assédio que promove uma grande mudança física para alcançar os seus objetivos parece ser um passo atrás nos valores que deveriam forjar ao público ao qual a série está destinada. Mesmo com todo o humor negro e sarcasmo, nada justifica a penosa e machista base argumentativa da série.

 

 

Acertos pontuais e bem destacados

O principal exemplo de como a Netflix está formando uma nova geração de espectadores com produtos segmentados para o público adolescente de qualidade é 13 Reasons Why. Apesar de todas as polêmicas com alguns afirmando que a série quer romantizar o suicídio, os temas abordados e as propostas apresentadas são revolucionárias, levantando questões que a grande maioria das séries adolescentes historicamente sequer chegam perto de arranhar.

Outro bom exemplo disso é Elite, que pode até ser chamada de spinoff de La Casa de Papel. É errado julgá-la como “Rebelde encontra La Casa de Papel”, pois a proposta aqui é, de novo, ir além do lugar comum. Assim como Merlí também foi ao apresentar um grupo de estudantes desajustados levantando questões filosóficas de forma instigante e divertida, mas ao mesmo tempo, inteligente. Algo que é fundamental para uma série que conversa com um novo público.

Se a Netflix vai estabelecer as bases para as séries para o público adolescente, não sabemos. Mas que a proposta é claramente segmentada e diferenciada para esse público que tende a ser mais crítico e exigente, isso é algo bem claro.

Talvez a Netflix não queira ser a nova CW. Mas pode acabar se tornando pelas vias tortas, por assim dizer.


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@oEduardoMoreira